A economia
sul-africana ainda faz parte do grupo dos ‘BRICS’, mas é o país que cresce mais
devagar, tem uma taxa de desemprego que ronda os 25%, padece de profundas
desigualdades de rendimento, e enfrenta eleições no próximo ano.
O termo BRIC foi originalmente apresentado num estudo de 2001 pelo chefe de pesquisa da Goldman Sachs, Jim O’Neill, para descrever os países em desenvolvimento económico - Brasil, Rússia, Índia e China, sendo acrescentado, quatro anos depois, o S de África do Sul.
De acordo com a análise anual, que o Fundo Monetário Internacional fez há menos de dois meses, a economia sul-africana não vai crescer mais que 2% neste ano e 3% ou pouco mais nos anos seguintes, o que é insuficiente para fazer descer o desemprego e, assim, consequentemente, abrandar a contestação social, alicerçada em estatísticas como a que mostra que as famílias negras ganham, em média, menos seis vezes que as famílias brancas.
A mesma opinião geral tem a agência de notação Fitch, que esta semana emitiu um relatório onde refere que a economia vai crescer só 1,8% este ano e 2,8% no próximo e considera que "as greves nos setores mineiro e da produção continua a afetar negativamente as perspetivas de investimento externo não só para estes setores, mas também para a economia, em geral".
Já este ano a Fitch desceu o 'rating' da África do Sul para BBB lembrando a "deterioração nas perspetivas de crescimento, o avolumar do défice e o adiamento da consolidação orçamental, bem como as incertezas políticas associadas ao desemprego, as desigualdades sociais" e a incapacidade de implementar o Plano Nacional de Desenvolvimento, que "mesmo com apoio político, ainda não começou a árdua tarefa da sua implementação".
Junte-se a isto a possível desagregação do ANC, agora que perdeu a 'cola Mandela', e percebe-se que a maior economia africana pode caminhar muito rapidamente para uma situação muito pouco desejável para os quase 500 mil portugueses que vivem no país.
No ano passado, o ex-Presidente sul-africano Frederik de Klerk disse que o seu país permanece em transição e considerou que uma “cisão no ANC” poderá originar um grande “centro moderado” que não se baseie em critérios raciais.
“Acredito que o grande centro moderado, que atravesse todas as linhas raciais, negros, brancos, indianos, forme em conjunto uma grande maioria, dê as mãos e marginalize os radicais de esquerda e de direita, para que exista a certeza que o nosso país seguirá em frente”, afirmou em entrevista à Lusa aquele que foi o último Presidente branco sul-africano.
Jornal da Madeira -
Lusa
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