terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Parlamento timorense reconhece necessidade de alterações à proposta de lei de imprensa




Díli, 25 fev (Lusa) - A presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Justiça, Administração Pública, Poder Local e Anticorrupção do parlamento de Timor-Leste, Carmelita Moniz, reconheceu hoje a necessidade de alterações à proposta governamental de lei da imprensa.

"Vamos fazer recomendações. Reconhecemos que temos de fazer pequenas alterações", disse a deputada do Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).

A Comissão A do parlamento timorense terminou na sexta-feira as audiências públicas à proposta de lei da imprensa proposta pelo Governo, tendo ouvido jornalistas, associações de jornalistas, órgãos de comunicação social, organizações não-governamentais, igreja, partidos políticos e outras organizações da sociedade civil.

"Há bastantes preocupações. Entendem que é preciso maior liberdade de imprensa", afirmou Carmelita Moniz, salientando que as ideias transmitidas vão contribuir para uma lei mais abrangente.

A proposta de lei da imprensa levou já a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) a apelar, em comunicado, ao Governo para este ter em conta as preocupações manifestadas pelos órgãos de comunicação social do país.

"Toda a legislação que limite a capacidade dos jornalistas locais e internacionais de informarem sobre Timor-Leste limita igualmente o direito do público de saber e é uma grande preocupação para a FIJ", afirmou Jacqueline Park, diretora para a Ásia e Pacífico da Federação.

O comunicado da FIJ foi emitido na sequência de uma queixa feita pela Associação de Jornalistas de Timor Lorosae (AJTL), que está preocupada com o impacto da proposta de lei na liberdade de imprensa e de expressão."

"Queremos que a lei reflita a realidade dos órgãos de comunicação social modernos e obedeça aos 'standards' internacionais. O que estamos a ver nesta lei dá a impressão de que pretendem regular a imprensa em vez de proteger os direitos dos jornalistas", disse Tito Filipe, presidente AJTL.

Os jornalistas timorenses questionam sobretudo o artigo 6.º da lei, que determina que "podem ser jornalistas os cidadãos timorenses cujas habilitações académicas e profissionais sejam reconhecidas pelo Conselho de Imprensa e que exerçam atividade jornalística num órgão de comunicação social".

Outro aspeto de discórdia é o ponto oito do artigo 13.º que determina que os "órgãos de comunicação social estrangeiros que queiram fazer distribuição ou destacar um correspondente em Timor-Leste têm que solicitar autorização junto do ministério da tutela".

Segundo a deputada Carmelita Moniz, o relatório final da Comissão A sobre a proposta de lei da imprensa deverá ficar pronto ainda esta semana, havendo a possibilidade de descer ao hemiciclo na próxima semana.

MSE // ARA - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana