O presidente da
Federação das Associações de Dadores de Sangue (FAS) denunciou hoje que “há
gente com fome que quer mas não consegue dar sangue, porque tem as hemoglobinas
em baixo, por não comer o que devia”.
O alerta foi dado
por Joaquim Moreira Alves, durante a cerimónia que assinala o Dia Nacional do
Dador de Sangue, que juntou dezenas de dadores no Parque da Saúde, em Lisboa.
Na sua intervenção,
Joaquim Moreira Alves, presidente da FAS, revelou-se preocupado com as
consequências da fome na saúde de alguns dadores que, ao serem confrontados
durante o exame médico com os níveis baixos de hemoglobina, não podem doar
sangue.
“Esta situação está
a fazer baixar o número de dádivas”, disse.
O presidente do
Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Helder Trindade,
disse não ter conhecimento de casos de dadores com fome nas brigadas de recolha
de sangue.
“É natural que a
situação social que se vive, e não estou a falar de fome, faça parte das razões
que levam os dadores a não fazer mais dádivas”, declarou.
Helder Trindade
afirmou que o IPST tem vindo a observar uma hemoglobina baixa em dadores,
sobretudo em mulheres, mas escusou-se a relacioná-la com a fome.
Confrontado com a
denúncia do presidente da FAS, o secretário de Estado e Adjunto da Saúde disse
não ter a certeza de que exista uma perda de dadores assim tão grande, devido a
anemias carenciais.
“O importante é que
as pessoas a quem é identificada esta situação sejam encaminhadas para os
serviços médicos para que se descubram os problemas que causam a baixa
hemoglobina”, disse Fernando Leal da Costa, que também participou na cerimónia
do Dia Nacional do Dador de Sangue.
O presidente da
Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES), Alberto Mota,
ressalvou que, apesar das “grandes dificuldades que muitos dadores atravessam,
estes continuam a fazer as suas dádivas”.
“Os dadores de
sangue deviam ter mais direitos”, afirmou, defendendo medidas para os mais
novos serem atraídos para a dádiva.
Este é, aliás, o
tema da próxima campanha do IPST: “A primeira vez é sempre memorável”.
Trata-se de um
apelo às camadas mais jovens, através de mensagens que visam cativar estas
faixas etárias para o importante que é dar sangue e como é inesquecível a
primeira vez que um dador o faz.
“Impossível não
querer repetir” é outra das mensagens que faz parte da campanha que em breve
estará nas televisões, rádios, internet e imprensa escrita.
De acordo com o
presidente do IPSS, nos primeiros dois meses deste ano registou-se uma descida
de 11 por cento dos dadores, em relação ao período homólogo de 2013, e uma
diminuição de nove por cento nas colheitas.
O secretário de
Estado e Adjunto da Saúde anunciou ainda que, dentro de uma ou duas semanas,
estará pronto o seguro para os dadores de sangue, uma reclamação dos dadores
com mais de vinte anos.
Este seguro
pretende garantir ao dador de sangue, ou candidato a dador, o direito a ser
indemnizado pelos danos resultantes da dádiva de sangue ou de acidentes que
eventualmente sofram no trajeto de ida e regresso para o local de colheita.
SMM // MAG – Lusa –
foto Paulo Novais
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