sexta-feira, 13 de junho de 2014

Moçambique só deve conseguir exportar gás a partir de 2020




O primeiro carregamento de gás natural liquefeito (LNG, na sigla em inglês) em Moçambique só deverá acontecer em 2020, dois anos depois da previsão do Governo, considera o analista Virendra Chauham, da consultora Engery Aspects, em entrevista à Lusa.

"No geral, as infraestruturas são ainda escassas e inadequadas, principalmente no que diz respeito à mão de obra qualificada, por isso é um verdadeiro desafio concretizar a primeira comercialização de gás em 2018", dise à Lusa Virendra Chauham, salientando que esta consultora especializada em assuntos energéticos aposta mais em 2020: "Moçambique é, na verdade, uma história para a próxima década".

Moçambique está bastante mais atrasado no processo energético que Angola ou o Brasil, acrescenta o analista, sublinhando a importância da lei que enquadra a exploração de gás, e que o Governo quer aprovar ainda antes das eleições presidenciais de outubro.

"A lei não deverá introduzir mudanças significativas no quadro fiscal, servindo essencialmente para reconhecer que o gás é o principal recurso de hidrocarbonetos do país, e para apresentar uma moldura mais clara para o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas relacionadas com a exploração e exportação de gás", afirma o analista.

A nova legislação, continua, deverá "aprovar obrigações ambientais mais onerosas, aumentar a obrigatoriedade de utilização de conteúdo local e novas obrigações de transparência financeira".

Entre os principais desafios que as companhias a operar no país, nomeadamente a Anadarko e a ENI, que vão explorar em conjunto as grandes reservas de gás natural recentemente descobertas, vão encontrar, o analista da Energy Aspects salientou os crescentes défices orçamentais, a grande dependência da ajuda externa, a falta de mão de obra qualificada entre os moçambicanos e a possibilidade de a estabilidade política de que o país tem beneficiado poder atenuar-se no seguimento das eleições de outubro.

A produção de gás em Moçambique pode chegar ao equivalente a 630 mil barris de petróleo por dia daqui a dez anos se os constrangimentos a nível de infraestruturas forem resolvidos, afirmou à Lusa em maio um analista da consultora energética Wood Mackenzie.

De acordo com as previsões da consultora de energia Wood Mackenzie, conhecida como 'woodmac', a produção de gás, medido em barris equivalentes de petróleo, deverá andar pelos 80 mil barris por dia nos próximos anos, saltando exponencialmente para mais de 600 mil no final da próxima década, colocando o país mais perto dos líderes africanos na produção de petróleo, com valores diários a rondar os 2 milhões de barris.

De acordo com as informações veiculadas pelos operadores e pelos meios de comunicação social, o desenvolvimento do projeto de LNG pode envolver um investimento inicial de 10 a 15 mil milhões de dólares, com um retorno a uma década.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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