O
primeiro carregamento de gás natural liquefeito (LNG, na sigla em inglês) em
Moçambique só deverá acontecer em 2020, dois anos depois da previsão do Governo,
considera o analista Virendra Chauham, da consultora Engery Aspects, em
entrevista à Lusa.
"No
geral, as infraestruturas são ainda escassas e inadequadas, principalmente no
que diz respeito à mão de obra qualificada, por isso é um verdadeiro desafio
concretizar a primeira comercialização de gás em 2018", dise à Lusa
Virendra Chauham, salientando que esta consultora especializada em assuntos
energéticos aposta mais em 2020: "Moçambique é, na verdade, uma história
para a próxima década".
Moçambique
está bastante mais atrasado no processo energético que Angola ou o Brasil,
acrescenta o analista, sublinhando a importância da lei que enquadra a
exploração de gás, e que o Governo quer aprovar ainda antes das eleições
presidenciais de outubro.
"A
lei não deverá introduzir mudanças significativas no quadro fiscal, servindo
essencialmente para reconhecer que o gás é o principal recurso de
hidrocarbonetos do país, e para apresentar uma moldura mais clara para o
desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas relacionadas com a
exploração e exportação de gás", afirma o analista.
A
nova legislação, continua, deverá "aprovar obrigações ambientais mais
onerosas, aumentar a obrigatoriedade de utilização de conteúdo local e novas
obrigações de transparência financeira".
Entre
os principais desafios que as companhias a operar no país, nomeadamente a
Anadarko e a ENI, que vão explorar em conjunto as grandes reservas de gás
natural recentemente descobertas, vão encontrar, o analista da Energy Aspects
salientou os crescentes défices orçamentais, a grande dependência da ajuda
externa, a falta de mão de obra qualificada entre os moçambicanos e a
possibilidade de a estabilidade política de que o país tem beneficiado poder
atenuar-se no seguimento das eleições de outubro.
A
produção de gás em Moçambique pode chegar ao equivalente a 630 mil barris de
petróleo por dia daqui a dez anos se os constrangimentos a nível de
infraestruturas forem resolvidos, afirmou à Lusa em maio um analista da
consultora energética Wood Mackenzie.
De
acordo com as previsões da consultora de energia Wood Mackenzie, conhecida como
'woodmac', a produção de gás, medido em barris equivalentes de petróleo, deverá
andar pelos 80 mil barris por dia nos próximos anos, saltando exponencialmente
para mais de 600 mil no final da próxima década, colocando o país mais perto
dos líderes africanos na produção de petróleo, com valores diários a rondar os
2 milhões de barris.
De
acordo com as informações veiculadas pelos operadores e pelos meios de
comunicação social, o desenvolvimento do projeto de LNG pode envolver um
investimento inicial de 10 a
15 mil milhões de dólares, com um retorno a uma década.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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