Sydney,
Austrália, 02 jun (Lusa) -- Um requerente de asilo na Austrália, natural do Sri
Lanka, morreu este domingo depois de se imolar pelo fogo, disse hoje o ministro
da Imigração australiano, Scott Morrison.
O
jovem, da etnia tâmil, sofreu queimaduras graves em 90% do corpo após se ter imolado
pelo fogo na manhã de sábado, tendo sucumbido aos ferimentos no dia seguinte no
hospital.
Residente
em Geelong, a cerca de 75
quilómetros a sudoeste da cidade de Melbourne, a vítima
tinha um visto temporário, que o permitia trabalhar, desde que chegou de bote à
Austrália em janeiro do ano passado.
Enquanto
o seu pedido de asilo era processado, Leorsin Seemanpillai estava a receber
apoio psicológico, explicou o ministro australiano em conferência de imprensa.
O
porta-voz dos refugiados tamiles, Aran Mylvaganam, disse que o homem, de 29
anos, sofria de depressão e tinha medo porque temia que o obrigassem a
regressar ao Sri Lanka, onde poderia "ser perseguido pelos
militares", segundo declarações citadas pela cadeia local SBS.
"O
receio de ser repatriado e perseguido no Sri Lanka levou-o a cometer este ato
de suicídio. Ele não será o último", advertiu o mesmo responsável que, em
declarações à AFP, sustentou que os seus receios foram alimentados pelo facto
de ter visto amigos seus serem levados para centros de detenção para serem
deportados.
"Os
funcionários da Imigração foram perturbá-lo por diversas ocasiões pretendendo
que ele saísse voluntariamente", apontou, sublinhando que "não há
dúvida de que a política cruel e desumana do governo australiano o conduziu a
isto".
O
ministro australiano disse ainda que as autoridades têm estado em contacto com
o pai da vítima, na Índia, que pediu um funeral para o seu filho em Geelong.
A
Austrália deportou dezenas de cidadãos do Sri Lanka que tentaram entrar no país
ilegalmente.
O
Sri Lanka tem sido acusado de não respeitar os direitos humanos da minoria
tâmil, à qual pertencia a guerrilha dos Tigres que durante décadas lutou para
criar um Estado próprio até ser esmagada, em 2009, numa ofensiva militar em que
morreram dezenas de milhares de civis.
As
Nações Unidas calculam que nos 37 anos de guerra entre os Tigres Tamil e as
Forças Armadas do Sri Lanka tenham causado entre 80 mil e 100 mil mortos, dos
quais 40 mil civis que morreram em 2009.
A
morte de Seemanpillai surge numa altura em que sete requerentes de asilo
iranianos coseram os seus lábios no domingo numa greve de fome massiva num
centro de detenção na Ilha de Natal.
Segundo
ativistas, cerca de 400 requerentes de asilo têm estado a recusar comida como
parte de uma protesto contra a morte do iraniano Reza Barati, que foi morto num
motim este ano num outro centro de detenção australiano. Em causa, o da Ilha de
Manus, na Papua Nova Guiné.
De
acordo com o departamento de imigração, mais de 24 mil requerentes de asilo vivem
na Austrália com vistos do mesmo tipo que Seemanpillai possuía.
Outros
2.450 requerentes encontram-se nos centros de detenção de Nauru e na Ilha de
Manus e outros 823 na Ilha de Natal.
DM
// PJA - Lusa
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