Macau,
China, 07 jul (Lusa) - Um referendo não oficial sobre a eleição do chefe do
Executivo de Macau por sufrágio universal vai ser lançado em agosto,
coincidindo com a escolha, por um colégio eleitoral, do próximo líder do
território, foi hoje anunciado.
O
referendo é lançado por três associações ligadas ao campo pró-democrático -
Consciência de Macau, Juventude Dinâmica de Macau e Sociedade Aberta de Macau
-, e vai realizar-se entre 24 e 30 de agosto, por voto eletrónico (por
computador ou telemóvel), e em dois desses dias em cinco locais de voto a
instalar na região. A contagem é anunciada a 31 de agosto, quando decorre a
eleição do chefe do Executivo.
Duas
questões integram o referendo: a primeira interroga os residentes do território
- permanentes e não permanentes - se concordam que o chefe do Executivo da
Região de Macau deve ser eleito por sufrágio universal em 2019, e a segunda
questiona o nível de confiança da população no candidato ou eventuais
candidatos a chefe do Executivo. Os boletins de voto vão estar disponíveis em
três línguas: português, chinês e inglês.
"Esperamos
ataques informáticos, medos e críticas do campo pró-Pequim, mas o mais
importante é dar aos cidadãos uma oportunidade para exercerem os seus
direitos", disse Jason Chao, líder da Sociedade Aberta de Macau (Open
Macau Society) e Consciência de Macau.
Jason
Chao referiu esperar uma participação superior a 400 pessoas - em alusão ao
número de membros do colégio eleitoral que vai escolher o chefe do Executivo
para os próximos cinco anos -, para uma votação "mais representativa do
que a do órgão oficial".
O
dirigente associativo estimou, não obstante, que o nível de participação no
referendo possa ser mais elevado, atendendo a que outra iniciativa do género
levada a cabo há dois anos com o ativista Scott Chiang, "divulgada durante
um menor período de tempo e objeto de supressão da cobertura noticiosa pela
imprensa chinesa conseguiu reunir cerca de 3.000 votos".
"Estou
bastante otimista em relação à próxima votação, porque desta vez teremos mais
tempo para promover o referendo civil", disse.
O
referendo não oficial em Macau foi anunciado depois de, no final de junho, ter
sido realizada uma iniciativa idêntica em Hong Kong (com cerca de 800 mil participantes),
seguida de uma manifestação contra a publicação do "Livro Branco"
sobre o território, no qual Pequim reafirma a sua soberania sobre a antiga
colónia britânica, e da tradicional marcha de 01 de Julho (data da transição
para a China), que colocou a tónica no sufrágio universal.
"Os
últimos acontecimentos em
Hong Kong convergem e vão ajudar mais cidadãos de Macau a
tomarem conhecimento do nosso evento e a estimular o seu interesse em tomarem
parte nesta iniciativa", acrescentou.
Até
meados de julho, serão ainda submetidas a consulta pública duas propostas sobre
a idade mínima para votar - 16 ou 18 anos -, sendo a ideia de baixar a idade da
elegibilidade dos eleitores inspirada num referendo sobre a independência da
Escócia e justificada com o "encorajamento de uma maior participação dos
jovens", e com o "reconhecimento de que os adolescentes podem ter
conhecimento político suficiente para participarem", segundo a
organização.
O
atual chefe do governo da Região Administrativa Especial, Fernando Chui Sai On,
que já manifestou intenção de cumprir um segundo mandato, foi o único candidato
a apresentar-se ao escrutínio há cinco anos, um cenário que se deverá repetir
este ano.
FV
(DM) // APN - Lusa
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