Jornal
de Angola, editorial
Os
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa reuniram-se ontem, em
Luanda, para a constituição de um Fórum que vai traçar novos
rumos para a sua cooperação futura, que pretendem cada vez mais
dinâmica, em face dos novos desafios ao nível de África e do mundo.
Em
virtude da emergência de novos processos no campo das relações
internacionais , os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa entendem ser
necessário assumir posições concertadas que se ajustem à
realidade do mundo actual, marcado por problemas complexos, como os conflitos
armados, o terrorismo internacional e os crimes transfronteiriços ,
como o tráfico de drogas e de seres humanos.
Num mundo em constante mudança e com grandes desafios, faz sentido que o Fórum dos PALOP, pela sua experiência e pelo papel activo que os países que o compõem já têm desempenhado no domínio da diplomacia, queira ser parte activa na busca de soluções para os graves problemas contemporâneos, dando o seu contributo, juntamente com outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais, à paz e à segurança e ao desenvolvimento.
Acredita-se que o Fórum dos PALOP, que estão unidos por laços históricos, vai constituir-se em mais um espaço em África para ajudar o continente a superar os seus problemas políticos, económicos e sociais , definindo estratégias que vão ao encontro da satisfação dos seus interesses.
Como disse o Presidente José Eduardo dos Santos, na abertura da cimeira constitutiva do Fórum dos PALOP, “apesar do longo caminho percorrido, enfrentamos novos desafios que exigem a preservação da nossa unidade de pensamento e de acção, tendo em conta as transformações ocorridas na conjuntura internacional, caracterizada sobremaneira pela globalização, em que se destaca o papel crescente das novas tecnologias de informação e comunicação e dos transportes e a proeminência dos mercados financeiros."
O Fórum ora constituído parte para uma nova era com muita experiência acumulada, e uma redefinição de estratégias de actuação vai certamente traduzir-se em novos modelos de intervenção na vida política internacional, para que seja uma mais valia, não só para os Estados que dele fazem parte, como para todo o continente africano.
A dinamização das relações entre os PALOP, no quadro do Fórum, é justificada pela necessidade de um aumento da sua força e influência no mundo em espaços mais alargados onde se discutam os problemas e se procuram soluções em prol das causas africanas.
Os PALOP têm problemas comuns e desejam revitalizar um espaço em que possam concertar posições para enfrentar, com instrumentos próprios, os desafios que a todos dizem respeito. A unidade e a concertação regular dentro dos PALOP vão permitir que esta organização esteja em condições de igualmente ser uma força capaz de fazer ouvir a sua voz em África e no mundo, sempre em acelerada marcha em vários domínios.
O Chefe de Estado angolano, que vai presidir ao Fórum até 2016, estabeleceu já no acto de constituição desta organização uma grande prioridade para os PALOP, que é a paz e o desenvolvimento sustentado, que , na opinião de José Eduardo dos Santos, "deve merecer toda a nossa atenção e atrair os nossos esforços".
A conquista da paz e a luta contra o subdesenvolvimento são condições para colocar os países membros do Fórum na rota da construção do progresso social, fazendo recurso às suas potencialidades e a acções que estejam voltadas para, segundo palavras do Presidente José Eduardo dos Santos, fazer face à “obstáculos que têm de vencer no domínio da erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da igualdade do género, da redução da mortalidade infantil, do combate ao HIV, à malária e outras doenças e garantir a sustentabilidade ambiental".
Foi acertada a ideia de fazer com que os PALOP estejam próximos dos grandes problemas africanos e mundiais, a fim de, com o seu saber e experiência, poderem reforçar o conjunto de países que luta por um mundo melhor, sem guerras, e em que os povos possam desfrutar de bem-estar e de uma vida digna.
Que os PALOP continuem a ser defensores de valores universais e que o Fórum seja um espaço e um exemplo de defesa dos direitos do homem, da promoção da boa governação e da consolidação do Estado Democrático de Direito.
Os complexos problemas que existem em África e no mundo obrigam a novas dinâmicas, pelo que não admira que os dirigentes dos PALOP queiram empenhar-se em construir um espaço sólido que pode servir os interesses dos povos de África.
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