quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Banhadas à portuguesa, dívida pública, impostos, favores e banhos gelados


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Dívida amarinha

Em Portugal a dívida pública continua a subir. As parangonas dizem: Dívida pública sobe para os 134 por cento do PIB até junho. Não parece que alguém do governo se preocupe com este facto. Nem mesmo o primeiro-ministro, a banhos nas praias do Algarve com base em Manta Rota. Muito menos o presidente da República, igualmente de férias na sua casa da Aldeia da Coelha. Aníbal Cavaco Silva que ao assinar o passaporte de saída do governo de José Sócrates afirmou que era excessivo e preocupante aquele governo ter chegado a valores da dívida pública de pouco mais de 90 por cento. E agora já não é excessivo, pela sua conduta, pelo seu apego ao seu governo PSD-CDS. Eles, impávidos e serenos continuam a banhos, ausentes de Lisboa, mas nem por isso deixam de planear e perpetuar as banhadas aos portugueses. Com um presidente e um governo assim Portugal nem sequer precisa de mais inimigos, porque já os tem, alapados nos principais órgãos de soberania. A dívida sobe sincopadamente. Portugal está nas lonas e eles a banhos planeando efetivar mais banhadas aos portugueses. Grandes saques. Grandes vidas à custa da miserabilização do país. Os tentáculos do Polvo veraneiam-se repimpadamente. Quem não sabe, quem não vê. Quem optou e opta pelo “deixa andar”? Eles, sádicos, num lado. Os portugueses, masoquistas, no outro. Brandos costumes, novela e comportamento eterno semeado pelo salazarismo e cimentado pelo cavaquismo. A dívida vai continuar a amarinhar pela árvore da desgraça de Portugal.

Mais impostos

Quem não sabe que vêm por aí mais impostos? Só trouxas o ignoravam. E mais virão. Também é de hojeo título sobre o orçamento: Novo retificativo pode trazer (mais um) aumento de impostos. Não há que admirar mas sim reprovar que não nos disseram “alto, isto é um assalto!” É mesmo. Mais sofisticados que ladrões de estrada de antigamente. Prometeram mundos e fundos, fazem o contrário, governam-se, aos familiares e amigos, usam sem pudor milhares de milhões para acudir aos banqueiros vigaristas e o povinho, carneirinho, paga e não bufa. Ou bufa. Mas a eles isso entra a 100 e sai a 200.

Favores com favores se pagam

Volta à baila Cavaco Silva. Desta feita por centenas de milhares de euros de financiamento da sua campanha. Título: Família BES grande financiadora de campanha de Cavaco em 2006. Se fosse só de 2006. Muito bem. É o preço da "democracia". Favores, com favores se pagam. Está tudo previsto nas leis que eles fizeram à medida e com alguns “alçapões” que sempre dão para umas quantas escapatórias rumo à impunidade. Não por acaso diziam de Ricardo Salgado ser o DDT, Dono Disto Tudo. Se comprou, qual a admiração de ser dono? A fidelidade, para alguns, não tem preço. Para outros tem. Quando chega a hora urge provar isso mesmo. Cavaco em Seul declarou confiar nas “papeladas” do BES quando já se sabia que a “bomba das irregularidades” – como chamam, em vez de vigarices – estava para rebentar de um minuto para o outro. Favores com favores se pagam. E aqui o preço da fidelidade tramou alguns investidores. Dizem que dos pequenos porque os grandes já sabiam de tudo. Mas Cavaco não foi o único.

Banhos gelados

Nem de propósito a elite política portuguesa está a banhos. Vide Cavaco nos algarves de molho, como mostra a foto. Enquanto isso uns quantos “famosos” andam a procurar angariar uma pipa de massa para a campanha em curso de apoio aos doentes com Esclerose Lateral Amiotrófica. O “famoso” apresentador da TVI, Manuel Luís Goucha, recusou o banho gelado mas não a solidariedade. Doou mil euros. Outros “famosos” também doaram e levaram com o “banho gelado”. Ronaldo não contribuiu com pouco. Pode e gosta de ser solidário. E desafiou Jennifer Lopez a fazer o mesmo, ela respondeu. José Mourinho também se solidarizou e largou um “porra” no banho. Onde a porca torce o rabo, podemos futurar, é com Cavaco, Passos e Albuquerque. Por isto: Jogador do Rio Ave desafia Cavaco, Passos Coelho e Albuquerque. Não há como imaginar Cavaco a levar com um banho gelado pela cabeça. Muito menos largar o pilim. E isso de solidariedade, significa, certamente, naquela cabeça deformada, “coisa dos de esquerda”. Ele conhece e identifica-se é com a “caridade(zinha)”. Mas, o pior é que o jogador do Rio Ave pôs o dedo na ferida ao declarar “Os portugueses desafiaram-me, e eu vou desafiar estas pessoas, porque os portugueses querem que elas refresquem as suas ideias: Cavaco Silva, Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque”. Os “pobres” desafiados de Belém, São Bento e Terreiro do Paço não disseram truz, nem mus. Preferindo as águas cálidas dos algarves, olhando as areias e os espaços, magicando o melhor modo de fazer pagar aos veraneantes o usufruto daquelas praias e restantes do país. A dez euros cada banhista, por todas as praias do país… É uma pipa de massa, diriam eles, em coro, com Durão Barroso, o “cherne” que passou a “pipas”. E não é que já há praias onde se paga por um pedaço de areia privatizada? Nos arredores de Lisboa já há. Agora é só fazer crescer o “negócio”. Falta definir se as “cabecinhas” assim tão aptas para o “negócio” pertencem a chulos, ladrões ou empreendedores. Escolhamos. Eu cá não tenho dúvidas.

*Banhada: Desilusão ou engano (ex.: tinha altas expectativas e levei uma banhada) - "banhada", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/banhada [consultado em 21-08-2014]. Na gíria pode significar que foi enganado, roubado, iludido (ex: tinha 100 euros na carteira e levei uma banhada)

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