domingo, 31 de agosto de 2014

Detenção de ativistas do referendo civil de Macau era "completamente evitável" -- Neto Valente




Macau, China, 31 ago (Lusa) - O presidente da Associação dos Advogados de Macau, Neto Valente, considerou hoje "completamente evitável" a detenção na última semana de alguns promotores do referendo civil sobre o sufrágio universal e reafirmou não existir ilegalidade na consulta.

"Continuo a pensar que não havia nada de ilegal em fazer sondagens. O governo faz sondagens todos os dias", disse Neto Valente, à margem da eleição do chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On.

Para Jorge Neto Valente a questão do tratamento dos dados do referendo é secundária, criticando também a ausência de qualquer reação das autoridades a uma iniciativa idêntica, mas contra a realização do referendo.

"Quanto a esses ninguém pôs em causa e também é pela internet, também tem recolha de dados, e quanto a isso não se fez nada. Na minha opinião está mal", sublinhou.

Apesar de críticas feitas às autoridades locais, Neto Valente defende que os organizadores do referendo "obtiveram o que queriam", ou seja, "projeção mediática", porque "não são meia dúzia de pessoas que alteram as circunstâncias".

"São sempre as mesmas pessoas que se multiplicam em associações. Acho que isto já cansa. Estou farto de aturar as mesmas pessoas que estão permanentemente a criar entraves ao funcionamento normal da vida. Estou farto de ouvir barulho que não se justifica. Essas pessoas não representam nada", afirmou.

Neto Valente disse também que os membros da Comissão Eleitoral "já provaram alguma coisa na sociedade de Macau" e quem faz "barulho por barulho não representa nada".

"É mais propaganda que outra coisa. Mas é deixá-los ter ideias diferentes, têm todo o direito de as ter", acrescentou.

A propósito da eleição do chefe do Governo, o presidente da Associação dos Advogados de Macau considerou que nada se alterou relativamente às eleições anteriores.

"Com um aumento de 100 membros, não mudou nada na orientação da comissão eleitoral (e) a percentagem (de votos) desta vez até foi superior à da última votação", explicou, ao acrescentar que o processo eleitoral de Macau tem de ser visto "no contexto".

"Isto é uma situação única em processos eleitorais. Macau tem um sistema próprio que é este. Não há nenhuma revolução eleitoral, não pode haver, porque é assim que as coisas são estabelecidas. Não se espera nada de radical com a eleição do chefe do Executivo", concluiu.

JCS/ISG // MAG - Lusa

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