domingo, 31 de agosto de 2014

Centenas de pessoas nas ruas de Macau contra a escalada dos preços na habitação




Macau, China, 30 ago (Lusa) - Entre 200 a 300 pessoas marcharam hoje nas ruas de Macau contra os preços elevados da habitação, num protesto que acontece na véspera da reeleição do chefe do Executivo.

A adesão - 300 pessoas segundo a organização, 200 de acordo com a polícia - ficou bastante abaixo da esperada pelos promotores da manifestação, que estimavam perto de 2.000 participantes.

Numa altura de elevada contestação política, Cloee Chao, uma das líderes do grupo Proteção dos Residentes de Macau, justificou o número de participantes com o facto de o evento ter sido apenas organizado através de uma rede social, não chegando a tantas pessoas quanto possível, e também com a ausência de muitos trabalhadores do jogo que cancelaram a sua participação à última hora.

Entre os participantes estava Victor Amante, de 36 anos, que se juntou ao protesto por defender que as pessoas devem conseguir ter a sua própria habitação. "O Governo está a dar as terras aos grandes, como os casinos. Para nós, gente comum de Macau, não é possível comprar. Seis milhões, cinco milhões, assim nós não conseguimos", criticou.

Cinco milhões a seis milhões de patacas representam valores que se aproximam dos 500 mil e dos 560 mil euros, respetivamente.

Aos 17 anos, Hera Cheong já está preocupada com a questão da habitação, considerando que "não há sítio para viver". "Acho que, nesta altura, devemos expressar os nossos desejos. Quero que o Governo oiça a minha voz. As casas são muito, muito caras", disse à agência Lusa.

A acompanhar o protesto esteve mais uma vez o deputado Ng Kuok Cheong, que recordou que a população "está a pedir ao Governo que todos os aterros sejam para [construir casas para] os residentes de Macau".

"Isto é muito importante", explicou o deputado, salientando também que os 400 membros do colégio eleitoral que elege o chefe do Executivo, muitos deles empresários, "vão sempre usar os seus interesses no sector imobiliário", o que contribui para os preços elevados da habitação.

"Este protesto é um aviso para Chui Sai On: por favor, deixe as pessoas de Macau partilharem a habitação e os terrenos", apelou.

Ng Kuok Cheong acredita que o tema vai continuar a servir de mote para mais manifestações na cidade. "Os cidadãos estão muito preocupados", sublinhou.

A acompanhar a manifestação desta tarde em Macau - que terminou junto ao palácio do Governo -, estiveram 40 agentes policiais, grande parte à paisana, empunhando câmaras de filmar.

O preço médio por metro quadrado das frações destinadas à habitação em Macau atingiu 96.828 patacas (9.211 euros) em julho, mais 46,1% ou 30.584 patacas (2.909 euros) do que em 2013.

ISG (DM)// MAG - Lusa

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