terça-feira, 19 de agosto de 2014

Portugal: Eugénio Rosa acusa administração do Montepio de erros de gestão




Eugénio Rosa criticou a atual gestão da administração do Montepio, liderada por Tomás Correia. O economista, que também é membro do conselho geral do Montepio, da Assembleia Geral e do Conselho Geral e de Supervisão da Caixa Económica eleito na Lista C pelos associados, escreveu uma nota onde procura esclarecer os associados que o têm contactado, na sequência da notícia de que o Montepio está a ser alvo de uma auditoria forense, por parte do Banco de Portugal.

Bárbara Barroso – Dinheiro Vivo

Eugénio Rosa publicou, no seu site pessoal, um documento onde demonstra a evolução dos principais indicadores do Montepio e não só a gestão como a compra do Finibanco, que afirma ter sido um negócio que contribuiu para a destruição de valor da instituição financeira.

"É importante ter presente isso porque essa aquisição teve um impacto negativo grande no Montepio, ainda maior porque o país estava, e está, mergulhado numa grave crise económica e social com consequências muitas grandes em todos os bancos", adianta.

O economista revela, numa tabela, que em 2011 (ano da OPA e de incorporação do Finibanco), o crédito concedido sem garantias disparou (entre 2010 e 2011, passou de 976 milhões de euros para 1.625 milhões de euros, ou seja, mais 66,5%), e as provisões/imparidades para fazer face a perdas no crédito concedido e em operações financeiras aumentaram de 603 milhões de euros para 878 milhões de euros (+45,6%).

Eugénio Rosa demonstra também o impacto que esta aquisição teve na margem financeira e no produto bancário e conclui:"É visível o impacto negativo da aquisição do Finibanco nas contas da Caixa Económica, até porque o Finibanco era um banco com um perfil risco muito mais elevado do que o da Caixa Económica e seria previsível que, com a persistência da atual crise, o incumprimento disparasse com consequências negativas para o Montepio, como se está a verificar".

Segundo o economista, que encabeçou a Lista C contra Tomás Correia, atual presidente (que liderava a lista A), a aquisição do Finibanco constituiu "um erro grave de gestão, não criando valor para o Montepio, mas sim destruindo valor. Foi por estas razões, que a realidade veio depois confirmar, que votamos contra a sua aquisição".

No entanto, Eugénio Rosa afirma que os atuais problemas da Caixa Económica não resultam apenas da compra do Finibanco. "A crise atual está a ter também um impacto grande na Caixa Económica, como sucede com todas as instituições financeiras, o que agrava os problemas resultantes de uma gestão pouco adequada, e mesmo, a nosso ver, com erros graves", acrescentou.

Segundo o economista para "disfarçar graves erros de gestão e para criar a ilusão de que a sua gestão está a enfrentar com êxito a grave crise económica, financeira e social que fez disparar o incumprimentos e baixar drasticamente o crédito, com consequências muito negativas na estabilidade do sistema financeiro, os banqueiros afirmam, perante um caso de falência de um grande cliente, ou do provável não reembolso de crédito concedido como é o caso do grupo Espirito Santo, que tal não acarretará consequências para o seu banco, porque esse crédito já estava provisionado".

E acrescenta: "Num entanto, "esquecem-se" de informar os acionistas, os associados ou clientes, o que significa criar uma provisão ou que é uma imparidade. Uma provisão ou uma imparidade é um custo que reduz os lucros (se o banco os tiver) ou aumenta os prejuízos (no caso de não ter lucros)".

Na nota adianta ainda que "afirmar que isso não determina problemas para o banco porque esse crédito já está provisionado é ou tentar enganar a opinião pública ou então dão uma ideia de ignorância do que falam".

Sobreo facto de muitos associados o terem questionado sobre se as suas poupanças estão seguras na associação mutualista, Eugénio Rosa responde: "A Caixa Económica está umbilicalmente ligada à Associação Mutualista (quase 2/3 das poupanças dos associados colocadas na Associação Mutualista estão aplicadas na Caixa Económica), e a Caixa Económica conseguiu até a este momento, e espero que aconteça no futuro (e eu estou empenhado nisso), resistir aos efeitos negativos que esta grave crise económica, financeira e social está a ter em todas na instituições financeiras".

Na foto: Eugénio Rosa, membro do conselho geral do Montepio

Sem comentários:

Mais lidas da semana