Eugénio
Rosa criticou a atual gestão da administração do Montepio, liderada por Tomás
Correia. O economista, que também é membro do conselho geral do Montepio, da
Assembleia Geral e do Conselho Geral e de Supervisão da Caixa Económica eleito
na Lista C pelos associados, escreveu uma nota onde procura esclarecer os
associados que o têm contactado, na sequência da notícia de que o Montepio está
a ser alvo de uma auditoria forense, por parte do Banco de Portugal.
Bárbara
Barroso – Dinheiro Vivo
Eugénio
Rosa publicou, no seu site pessoal, um documento onde
demonstra a evolução dos principais indicadores do Montepio e não só a gestão
como a compra do Finibanco, que afirma ter sido um negócio que contribuiu para
a destruição de valor da instituição financeira.
"É
importante ter presente isso porque essa aquisição teve um impacto negativo
grande no Montepio, ainda maior porque o país estava, e está, mergulhado numa
grave crise económica e social com consequências muitas grandes em todos os
bancos", adianta.
O
economista revela, numa tabela, que em 2011 (ano da OPA e de incorporação do
Finibanco), o crédito concedido sem garantias disparou (entre 2010 e 2011,
passou de 976 milhões de euros para 1.625 milhões de euros, ou seja, mais
66,5%), e as provisões/imparidades para fazer face a perdas no crédito
concedido e em operações financeiras aumentaram de 603 milhões de euros para
878 milhões de euros (+45,6%).
Eugénio
Rosa demonstra também o impacto que esta aquisição teve na margem financeira e
no produto bancário e conclui:"É visível o impacto negativo da aquisição
do Finibanco nas contas da Caixa Económica, até porque o Finibanco era um banco
com um perfil risco muito mais elevado do que o da Caixa Económica e seria
previsível que, com a persistência da atual crise, o incumprimento disparasse
com consequências negativas para o Montepio, como se está a verificar".
Segundo
o economista, que encabeçou a Lista C contra Tomás Correia, atual presidente
(que liderava a lista A), a aquisição do Finibanco constituiu "um erro
grave de gestão, não criando valor para o Montepio, mas sim destruindo valor.
Foi por estas razões, que a realidade veio depois confirmar, que votamos contra
a sua aquisição".
No
entanto, Eugénio Rosa afirma que os atuais problemas da Caixa Económica não
resultam apenas da compra do Finibanco. "A crise atual está a ter também
um impacto grande na Caixa Económica, como sucede com todas as instituições
financeiras, o que agrava os problemas resultantes de uma gestão pouco
adequada, e mesmo, a nosso ver, com erros graves", acrescentou.
Segundo
o economista para "disfarçar graves erros de gestão e para criar a ilusão
de que a sua gestão está a enfrentar com êxito a grave crise económica, financeira
e social que fez disparar o incumprimentos e baixar drasticamente o crédito,
com consequências muito negativas na estabilidade do sistema financeiro, os
banqueiros afirmam, perante um caso de falência de um grande cliente, ou do
provável não reembolso de crédito concedido como é o caso do grupo Espirito
Santo, que tal não acarretará consequências para o seu banco, porque esse
crédito já estava provisionado".
E
acrescenta: "Num entanto, "esquecem-se" de informar os
acionistas, os associados ou clientes, o que significa criar uma provisão ou
que é uma imparidade. Uma provisão ou uma imparidade é um custo que reduz os
lucros (se o banco os tiver) ou aumenta os prejuízos (no caso de não ter
lucros)".
Na
nota adianta ainda que "afirmar que isso não determina problemas para o
banco porque esse crédito já está provisionado é ou tentar enganar a opinião
pública ou então dão uma ideia de ignorância do que falam".
Sobreo
facto de muitos associados o terem questionado sobre se as suas poupanças estão
seguras na associação mutualista, Eugénio Rosa responde: "A
Caixa Económica está umbilicalmente ligada à Associação Mutualista (quase 2/3
das poupanças dos associados colocadas na Associação Mutualista estão aplicadas
na Caixa Económica), e a Caixa Económica conseguiu até a este momento, e espero
que aconteça no futuro (e eu estou empenhado nisso), resistir aos efeitos
negativos que esta grave crise económica, financeira e social está a ter em
todas na instituições financeiras".
Na
foto: Eugénio Rosa, membro do conselho geral do Montepio
Sem comentários:
Enviar um comentário