Díli,
11 ago (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, acusou no
domingo, na cimeira mundial sobre a "Paz, Segurança e Desenvolvimento
Humano", na Coreia do Sul, os decisores mundiais de escolherem a guerra
para impor a democracia e ensinar os direitos humanos.
"Em
nome dos valores universais e princípios morais, os decisores mundiais
escolheram a guerra para impor a democracia, provocando conflitos para ensinar
os direitos humanos", afirmou o chefe do Governo de Timor-Leste no
discurso enviado hoje à agência Lusa.
Xanana
Gusmão qualificou como uma "manobra de diversão da tragédia" os
biliões de dólares gastos para sustentar a guerra e os milhões gastos para as
necessidades de emergência, para resolver "temporariamente os problemas
dos refugiados".
"O
mundo evita olhar profundamente para as raízes dos problemas", disse,
salientando que a desigualdade, a exclusão, a fome e a pobreza estimulam a
raiva e a revolta.
"É
triste reconhecer que o homem hoje em dia pode realizar feitos inimagináveis
com o avanço do saber e da tecnologia, mas ainda não consegue fazer a simples
viagem ao âmago de si mesmo para procurar a paz", afirmou Xanana Gusmão.
Para
Xanana Gusmão, a campanha não deve ser "eu sou contra a guerra", mas
"eu sou pela paz".
"A
paz não significa o fim de uma guerra ou a ausência de guerra. A paz significa
paz de espírito, a paz no comportamento social, a paz na solidariedade das
comunidades, a paz no ambiente político e a paz nas relações entre as pessoas e
entre as nações", salientou o primeiro-ministro timorense.
No
discurso, Xanana Gusmão salientou que a "paz, a segurança e o
desenvolvimento humanos", neste momento, não constituem mais do que uma
miragem para "todos os povos do mundo".
"Se
nestes encontros não podemos encontrar soluções para todos os problemas do
mundo (?) podemos pelo menos continuar a atentos e tentar agitar a consciência
coletiva, trazendo as nossas experiências, as nossas visões e, com ousadia, a
nossa manifesta vontade de alterar a ordem mundial, para que o primado da Pessoa
Humana esteja no centro da agenda política das decisões da liderança
global", sublinhou.
Referindo-se
ao conflito entre Israel e a palestina, Xanana Gusmão afirmou que não existe
uma única causa no mundo que justifique o massacre de civis inocentes, de
mulheres e crianças.
"Nem
pode a ameaça das chamadas armas de destruição maciça no Iraque justificar a
guerra sem fim que destruiu aquele país e que agora está a dirigir-se para a
automutilação fatal", disse.
A
cimeira mundial sobre a "Paz, Segurança e Desenvolvimento Humano", a
decorrer em Seul, termina quarta-feira, dia em que o primeiro-ministro
timorense regressa ao país.
MSE
// PJA - Lusa
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