terça-feira, 12 de agosto de 2014

XANANA CRITICA ESCOLHA DA GUERRA PARA IMPOR DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS




Díli, 11 ago (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, acusou no domingo, na cimeira mundial sobre a "Paz, Segurança e Desenvolvimento Humano", na Coreia do Sul, os decisores mundiais de escolherem a guerra para impor a democracia e ensinar os direitos humanos.

"Em nome dos valores universais e princípios morais, os decisores mundiais escolheram a guerra para impor a democracia, provocando conflitos para ensinar os direitos humanos", afirmou o chefe do Governo de Timor-Leste no discurso enviado hoje à agência Lusa.

Xanana Gusmão qualificou como uma "manobra de diversão da tragédia" os biliões de dólares gastos para sustentar a guerra e os milhões gastos para as necessidades de emergência, para resolver "temporariamente os problemas dos refugiados".

"O mundo evita olhar profundamente para as raízes dos problemas", disse, salientando que a desigualdade, a exclusão, a fome e a pobreza estimulam a raiva e a revolta.

"É triste reconhecer que o homem hoje em dia pode realizar feitos inimagináveis com o avanço do saber e da tecnologia, mas ainda não consegue fazer a simples viagem ao âmago de si mesmo para procurar a paz", afirmou Xanana Gusmão.

Para Xanana Gusmão, a campanha não deve ser "eu sou contra a guerra", mas "eu sou pela paz".

"A paz não significa o fim de uma guerra ou a ausência de guerra. A paz significa paz de espírito, a paz no comportamento social, a paz na solidariedade das comunidades, a paz no ambiente político e a paz nas relações entre as pessoas e entre as nações", salientou o primeiro-ministro timorense.

No discurso, Xanana Gusmão salientou que a "paz, a segurança e o desenvolvimento humanos", neste momento, não constituem mais do que uma miragem para "todos os povos do mundo".

"Se nestes encontros não podemos encontrar soluções para todos os problemas do mundo (?) podemos pelo menos continuar a atentos e tentar agitar a consciência coletiva, trazendo as nossas experiências, as nossas visões e, com ousadia, a nossa manifesta vontade de alterar a ordem mundial, para que o primado da Pessoa Humana esteja no centro da agenda política das decisões da liderança global", sublinhou.

Referindo-se ao conflito entre Israel e a palestina, Xanana Gusmão afirmou que não existe uma única causa no mundo que justifique o massacre de civis inocentes, de mulheres e crianças.

"Nem pode a ameaça das chamadas armas de destruição maciça no Iraque justificar a guerra sem fim que destruiu aquele país e que agora está a dirigir-se para a automutilação fatal", disse.

A cimeira mundial sobre a "Paz, Segurança e Desenvolvimento Humano", a decorrer em Seul, termina quarta-feira, dia em que o primeiro-ministro timorense regressa ao país.

MSE // PJA - Lusa

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