Lisboa,
29 set (Lusa) -- As relações entre Indonésia e Portugal têm progredido
"continuamente, mas o espaço para crescer ainda é grande", tanto em
termos económicos, como noutras áreas, considera o embaixador indonésio Mulya
Wirana.
Em
Lisboa desde o início do ano, o diplomata acredita que ambos os países têm a
ganhar com uma maior cooperação.
Para
Portugal, a Indonésia representa "um país com 240 milhões de
habitantes" e a 16.ª economia do mundo, "a crescer cerca de quatro
por cento ao ano". Ou seja, "um grande mercado e uma plataforma de
entrada para outros países da Ásia", refere.
Para
a Indonésia, Portugal tem "potencial" para ser "uma plataforma
nas relações com a Europa, a América Latina e a África", acrescenta.
Isso
explica o interesse da Indonésia pelo estatuto de observador na Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), cujo pedido oficial deverá ser feito
"oportunamente", adiantou o embaixador, admitindo que o ideal seria
obtê-lo durante os dois anos da presidência de Timor-Leste à frente da organização
lusófona, iniciada em julho.
A
Indonésia tenciona também "abrir estudos de português", adianta,
recordando a "herança comum", por exemplo as "centenas" de
palavras originárias do português que são utilizadas no dia a dia pelos
indonésios e a inspiração que a própria música tradicional indonésia vai buscar
ao fado.
Porém,
reconhece o diplomata, o conhecimento mútuo entre os dois países ainda não é o
ideal. "O que sabe o público português sobre a Indonésia? Talvez conheça
Bali, como destino turístico, mas nada mais. E o que sabem os indonésios de
Portugal? Apenas Ronaldo", exemplifica. "Temos de investir em
sabermos mais uns sobre os outros", propõe.
Daí
a importância da recente visita a Lisboa do Presidente indonésio, Susilo
Bambang Yudhoyono, destaca.
Recordando
que, há dois anos, Cavaco Silva foi o primeiro Presidente português a
deslocar-se à Indonésia, o embaixador assinala o "enorme sucesso" da
visita do chefe de Estado indonésio, porque "fechou o capítulo do muito
lamentável passado recente e abriu um novo horizonte para uma cooperação mais
próxima".
As
relações entre Indonésia e Timor-Leste "são o melhor que se podia
esperar", observa Mulya Wirana, destacando que Jacarta é "um forte
apoiante" da entrada de Díli na Associação de Nações do Sudeste Asiático
(ASEAN, na sigla em inglês).
A
Indonésia, diz, "quer muito ajudar Timor-Leste" para que seja
"um país estável, desenvolvido, democrático, com os mesmos padrões dos
outros países da região".
Já
na Indonésia, reflete, "o desafio mais importante é a dimensão
população", a quarta maior do mundo, com 65 por cento dos habitantes em
idade laboral.
Desvalorizando
os protestos políticos, que considera "um sinal de democracia", o
embaixador destaca que um quinto do orçamento nacional tem sido aplicado na
educação, nomeadamente na formação de quadros no estrangeiro. "O sistema
de ensino português tem potencial para os indonésios que queiram tirar mestrado
ou doutoramento, porque sai muito mais barato do que noutros países e tem a
mesma qualidade", compara.
Em
Lisboa desde final de janeiro, o embaixador nunca tinha estado antes em
Portugal, "um país bonito, com pessoas acolhedoras", onde não sentiu
"o mínimo de hostilidade", nem sequer da parte dos muitos timorenses
que aqui vivem.
"Já
ganhei quatro quilos. A comida é deliciosa", brinca, destacando que o arroz,
tal como na Indonésia, está sempre no menu.
SBR
// PJA - Lusa
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