segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Relações entre Indonésia e Portugal têm "espaço para crescer" -- embaixador



Lisboa, 29 set (Lusa) -- As relações entre Indonésia e Portugal têm progredido "continuamente, mas o espaço para crescer ainda é grande", tanto em termos económicos, como noutras áreas, considera o embaixador indonésio Mulya Wirana.

Em Lisboa desde o início do ano, o diplomata acredita que ambos os países têm a ganhar com uma maior cooperação.

Para Portugal, a Indonésia representa "um país com 240 milhões de habitantes" e a 16.ª economia do mundo, "a crescer cerca de quatro por cento ao ano". Ou seja, "um grande mercado e uma plataforma de entrada para outros países da Ásia", refere.

Para a Indonésia, Portugal tem "potencial" para ser "uma plataforma nas relações com a Europa, a América Latina e a África", acrescenta.

Isso explica o interesse da Indonésia pelo estatuto de observador na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cujo pedido oficial deverá ser feito "oportunamente", adiantou o embaixador, admitindo que o ideal seria obtê-lo durante os dois anos da presidência de Timor-Leste à frente da organização lusófona, iniciada em julho.

A Indonésia tenciona também "abrir estudos de português", adianta, recordando a "herança comum", por exemplo as "centenas" de palavras originárias do português que são utilizadas no dia a dia pelos indonésios e a inspiração que a própria música tradicional indonésia vai buscar ao fado.

Porém, reconhece o diplomata, o conhecimento mútuo entre os dois países ainda não é o ideal. "O que sabe o público português sobre a Indonésia? Talvez conheça Bali, como destino turístico, mas nada mais. E o que sabem os indonésios de Portugal? Apenas Ronaldo", exemplifica. "Temos de investir em sabermos mais uns sobre os outros", propõe.
Daí a importância da recente visita a Lisboa do Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, destaca.

Recordando que, há dois anos, Cavaco Silva foi o primeiro Presidente português a deslocar-se à Indonésia, o embaixador assinala o "enorme sucesso" da visita do chefe de Estado indonésio, porque "fechou o capítulo do muito lamentável passado recente e abriu um novo horizonte para uma cooperação mais próxima".

As relações entre Indonésia e Timor-Leste "são o melhor que se podia esperar", observa Mulya Wirana, destacando que Jacarta é "um forte apoiante" da entrada de Díli na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).

A Indonésia, diz, "quer muito ajudar Timor-Leste" para que seja "um país estável, desenvolvido, democrático, com os mesmos padrões dos outros países da região".

Já na Indonésia, reflete, "o desafio mais importante é a dimensão população", a quarta maior do mundo, com 65 por cento dos habitantes em idade laboral.

Desvalorizando os protestos políticos, que considera "um sinal de democracia", o embaixador destaca que um quinto do orçamento nacional tem sido aplicado na educação, nomeadamente na formação de quadros no estrangeiro. "O sistema de ensino português tem potencial para os indonésios que queiram tirar mestrado ou doutoramento, porque sai muito mais barato do que noutros países e tem a mesma qualidade", compara.

Em Lisboa desde final de janeiro, o embaixador nunca tinha estado antes em Portugal, "um país bonito, com pessoas acolhedoras", onde não sentiu "o mínimo de hostilidade", nem sequer da parte dos muitos timorenses que aqui vivem.

"Já ganhei quatro quilos. A comida é deliciosa", brinca, destacando que o arroz, tal como na Indonésia, está sempre no menu.

SBR // PJA - Lusa

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