Já
aqui foi dito a título de fazer relembrar aqueles que já esqueceram o que é
viver em ditadura ou próximo dela. Os governos não democráticos ou com tendências
para reprimir os direitos de contestação e manifestação recorrem comummente a
polícias à civil e sem escrúpulos ou à criminalidade, de preferência
mascarados, para agredir, agitar e desmotivar manifestantes. Até em Portugal vai acontecendo
infiltração de polícias nas manifestações com o objetivo de causar desacatos e
violência. Existem registos fotográficos disso em manifestações ocorridas junto ao Parlamento na
vigência do atual governo de Cavaco-Passos-Portas. Para esses agentes foi
reservada a impunidade apesar de desempenharem uma ação ilegal.
Nos
protestos de Hong Kong o método é semelhante. Usam os criminosos das tríades,
talvez à mistura com polícias, mascarados. A cara tapada é importante, para que
não existam registos fotográficos identificadores.
Pequim
não abre mão do seu regime de falsa abertura à democracia. Os habitantes
daquele país estão impossibilitados de eleger os que os hão-de governar. Em vez
disso o regime de Pequim faz gincanas entre a ditadura e a pseudo-democracia, sempre
com pendor para a ditadura e antidemocracia. É contra isso que a população de
Hong Kong luta. Manifestando-se democrática e pacificamente. Forma de luta que é
o pavor dos ditadores. Hong Kong tem feito Pequim tremer, para além de ter
feito cair a máscara aos ditadores que constituem os poderes na China.
Talvez
na China não conheçam o adágio que salienta que tão criminosos são os que roubam,
matam ou espancam a mando como aqueles que os contratam. Temos assim em Pequim
e no chefe de governo imposto em Hong
Kong pares dos criminosos mafiosos das tríades mafiosas. Quer parecer
que nem assim os habitantes de Hong Kong vão desarmar de reinvindicar os seus
direitos democráticos: eleger quem os governe. (MM / PG)
Hong
Kong: Confrontos entre manifestantes e homens mascarados
Os
manifestantes pró-democracia de Hong Kong envolveram-se hoje em confrontos com
uma dezena de homens mascarados no principal local dos protestos, no centro da
cidade, com a polícia a tentar conter o caos.
Homens
usando máscaras correram para as barricadas na zona de Admiralty, enquanto os
manifestantes tentavam protegê-las e fazê-los recuar.
Dois
dos homens foram imobilizados no chão pela polícia, que também formou um cordão
em torno do grupo enquanto os manifestantes gritavam: "Armas! Armas!"
e "prendam as tríades".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Académico - Hong
Kong: Maior conquista "foi as pessoas terem feito ouvir a sua voz"
O
professor de Ciência Política Joseph Cheng defende que a maior conquista do
movimento pró-democracia de Hong Kong foi "as pessoas terem percebido que
têm de fazer ouvir a sua voz", o que já "é motivo de orgulho".
"Acreditamos
que a maioria das pessoas de Hong Kong quer a democracia e que recusa,
claramente, a decisão de Pequim. Podemos todos estar muito orgulhosos do que
atingimos até agora, pelo facto de termos saído à rua para pedir a
democracia", disse Joseph Cheng em entrevista à agência Lusa.
Treze
dias após o início dos protestos pela democracia e sufrágio universal de facto
na antiga colónia britânica, o professor catedrático de Ciência Política na
City University de Hong Kong referiu a elevada adesão da população que superou
todas as expectativas, o que "também constitui um motivo de orgulho".
"Envolvemo-nos
nos protestos porque quisemos dizer ao mundo que não desistimos e que vamos
continuar a lutar. E mais do que lutar por um sistema eleitoral democrático,
estamos a lutar pelos nossos valores fundamentais, pelo nosso modo de vida, e
pela nossa dignidade", afirmou.
"Não
queremos que Hong Kong seja reduzida a qualquer outra grande cidade do interior
da China. E fomos bem sucedidos em demonstrar isso", argumentou Joseph
Cheng.
As
conquistas alcançadas não garantem, contudo, a concretização das exigências dos
manifestantes: a demissão do líder do governo de Hong Kong, CY Leung, e o recuo
de Pequim, que no final de agosto decidiu que os cidadãos daquela Região
Administrativa Especial chinesa vão poder eleger por sufrágio universal o chefe
do Executivo em 2017, mas só depois de uma seleção dos candidatos por um comité
eleitoral.
"Obviamente
não estamos nada otimistas quanto à obtenção de concessões concretas por parte
de Pequim, e continuamos a esperar uma longa luta política, através de uma
campanha de desobediência civil pacífica", adiantou.
Algumas
zonas de Hong Kong continuam paralisadas, três semanas depois de um boicote às
aulas pelos estudantes, que a 28 de setembro evoluiu para uma campanha de
desobediência civil. Desde então, em ocasiões distintas, estudantes e governo
romperam o diálogo antes do início das negociações.
A
falta de liderança clara das manifestações iniciadas pelos jovens (Federação de
Estudantes e Scholarism) e entretanto reforçadas com o apoio do movimento
‘Occupy Central’ também aumenta o nível de imprevisibilidade das ações de rua,
considerou.
"Sair
à rua por decisão individual é muito bonito e comovente, mas nesta fase isso
também demonstra limitações em termos de coordenação e de um processo de tomada
de decisão concertada. Quando a questão se coloca em formular uma estratégia de
saída para o impasse e de negociação, sim, temos alguns problemas",
reconheceu.
Cheng
admitiu também que "foram causados alguns inconvenientes às pessoas e que
parte da população não está feliz com esta campanha".
"Temos
de considerar o nível de tolerância às ações. Contudo, os manifestantes são
inteiramente espontâneos e podem não ouvir os apelos de nenhuma organização. E
se 30 ou 40 pessoas insistirem em ocupar ruas podem ser capazes de o fazer
desde que a polícia não use a força", sublinhou.
O
académico defendeu, todavia, que os vários grupos "estão atentos ao
problema e a fazer tentativas para o resolver".
"Penso
que eles estão a tentar, em primeiro lugar, coordenar os vários grupos para que
possam falar a uma só voz e, ao mesmo tempo, estão a tentar estabelecer um tipo
de mecanismo para que possam tomar decisões através do voto entre
manifestantes", acrescentou.
Joseph
Cheng foi um dos cinco pró-democratas, incluindo três deputados, detidos a 28
de setembro no exterior do complexo de Tamar, que concentra a sede do governo,
parlamento e gabinete do chefe do Executivo, em Admiralty, horas antes de a
polícia ter lançado gás lacrimogéneo e gás pimenta sobre os manifestantes.
Os
cinco foram detidos a meio da manhã, sem oferecer resistência, quando estavam a
tentar levar para os protestos equipamento de som que consideravam essencial
para manter a ordem no local.
"Foi
uma situação bastante irrazoável. A polícia parou-nos e disse-nos que não
podíamos trazer esse equipamento para uma reunião ilegal, e nós respondemos que
a reunião não tinha sido declarada ilegal naquela altura", contou.
"Esta
foi a primeira vez que fui detido. Tenho 65 anos e tenho sido um bom cidadão
desde sempre. Mas tal como todos os outros manifestantes apercebi-me que esta é
a altura para demonstrar que estamos dispostos a sacrificar-nos um pouco pela
causa da democracia", justificou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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*Título PG
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