Verdade
(mz), editorial
A
preocupação em garantir a segurança de cidadãos, e não só, no território
nacional devia ser o modus operandi de todos os organismos que têm a obrigação
de velar pelo bem-estar dos moçambicanos. Infelizmente, pelas piores razões, a
Polícia da República de Moçambique tem-se mostrado fragilizada, sobretudo para
combater o crime organizado que tende a ganhar proporções gigantescas e a
assumir o rosto da normalidade a cada dia que passa.
Como
sempre, a Polícia continua inerte, revelando, por um lado, a sua cumplicidade
com esses actos que estão a deixar milhares de moçambicanos à beira do
desespero. Porém, não é somente essa situação que causa uma indignação
colectiva, mas também o silêncio do Estado moçambicano diante do
recrudescimento da criminalidade um pouco por todo o país. Na verdade, o
Estado, que deveria garantir a segurança da população, continua indiferente e
as vítimas desesperam sem saber quando o terror terá fim, pois todos os dias
são reportados inúmeros crimes contra os cidadãos indefesos.
Particularmente,
a situação de raptos protagonizada contra os cidadãos, na sua maioria,
empresários e os seus parentes, dava a entender que era um assunto do passado e
que as autoridades já haviam tomado o controlo da questão. Infelizmente,
engana-se quem assim pensou. Esta semana, os sequestradores voltaram na máxima
potência e continuam a fazer vítimas.
A
título de exemplo, na noite da passada segunda-feira (06), em Maputo, o filho
do proprietário do Grupo Mica e do Centro Comercial Premier foi raptado por quatro
indivíduos desconhecidos munidos de armas de fogo. Esse acontecimento é mais
uma prova de que o problema é mais sério do que se possa imaginar e medidas
urgentes precisam de ser tomadas para se devolver a tranquilidade às famílias
moçambicanas.
A
onda de sequestros começou em 2011 nas cidades de Maputo, Matola e Beira e, à
velocidade da luz, transformou-se numa situação incontrolável. Diga-se de
passagem que, até há pouco tempo, tudo indicava que os malfeitores tinham dado
tréguas, mas os novos acontecimentos provam que estávamos equivocados e casos
semelhantes poderão vir a acontecer.
As
vítimas não são somente moçambicanos de origem asiática, nem os da classe alta
ou média. A Polícia limita-se ao discurso vazio e tranquilizador para si mesma,
segundo o qual está a trabalhar no sentido de desmantelar as quadrilhas. Não
obstante os casos reportados nos últimos tempos, já lá vão vários meses e ainda
não foram apresentados os rostos dos indivíduos que estão por detrás desses
actos macabros, o que abre espaço para algumas questões.
Qual
tem sido o papel da nossa Polícia de Investigação Criminal? Até quando
continuaremos a assistir a esse fenómeno? Portanto, a verdade é que é um mau
serviço que se está a prestar à população moçambicana que, todos os dias, com o
suor do seu trabalho, luta para construir uma verdadeira nação, apesar das
dificuldades que enfrenta.
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