sábado, 18 de outubro de 2014

HONG KONG RESISTE. APESAR DA VIOLÊNCIA POLICIAL PROTESTOS CONTINUAM




Vinte e seis detidos em novos confrontos entre polícia e manifestantes

18 de Outubro de 2014, 12:48

Hong Kong, China, 18 out (Lusa) -- Vinte e seis pessoas foram detidas em Hong Kong na sequência de novos confrontos entre a polícia e os manifestantes que tentavam recuperar um local de protesto desmantelado na véspera pelas autoridades, anunciaram hoje as autoridades.

Os manifestantes, que eram cerca de 9.000 cerca das 03:00 (20:00 de sexta-feira em Lisboa), conseguiram voltar a ocupar uma artéria do densamente povoado bairro de Mongkok, na península de Kowloon.

Quinze polícias ficaram feridos nos confrontos, indicou a polícia em comunicado.

As forças de segurança, que desmantelaram no dia anterior um acampamento no local, tentaram empurrar os manifestantes, munidos de guarda-chuvas para se protegerem do gás pimenta e dos bastões, mas recuaram ao nascer do sol, motivando aplausos da multidão.

Esta nova vaga de confrontos arrisca comprometer ainda mais o diálogo proposto pelo Governo aos estudantes, o qual deverá ser encetado na próxima semana.

Os bloqueios nas estradas da antiga colónia britânica, desde 28 de setembro, têm afetado a atividade e a vida quotidiana dos mais de sete milhões de habitantes de Hong Kong que vive a pior crise política desde a transferência de soberania para a China em 1997.

DM // DM.

Fotojornalista norte-americana detida durante confrontos

18 de Outubro de 2014, 15:46

Hong Kong, China, 18 out (Lusa) -- Uma fotojornalista norte-americana detida em Hong Kong enquanto fazia a cobertura dos confrontos entre a polícia e os manifestantes foi libertada hoje sob caução.

Paula Bronstein, fotógrafa da agência Getty Images, detida na noite de sexta-feira durante os confrontos, foi libertada hoje mediante o pagamento de uma caução de 300 dólares de Hong Kong (30,3 euros) e tem de se apresentar à polícia no final do mês.

Bronstein disse que foi empurrada contra o carro quando violentos confrontos estalavam ao seu redor no distrito de Mongkok, um dos principais locais dos protestos que têm paralisado partes da antiga colónia britânica há três semanas, os quais resultaram, na madrugada de hoje, num total de 26 detidos, incluindo três mulheres, segundo dados revelados pela polícia.

"Eu não sei, de todo, por que aconteceu. Realmente não compreendo. Eu nunca fui detida antes na vida", disse Bronstein à agência AFP.

Imagens televisivas mostram que Bronstein estava em cima de um Mercedes-Benz preto.

Um comunicado da polícia de Hong Kong indica que uma mulher foi detida por "suspeita de danos criminais" e que o condutor do carro apresentou uma queixa.

"O condutor do carro disse que houve danos e pediu à polícia para lidar com o incidente", refere o comunicado sem facultar mais detalhes.

"Estava a usar sapatilhas. Não estava a usar botas do exército. Eu não peso 300 libras (136 quilos), sou uma mulher muito pequena", afirmou Bronstein.

O Clube de Correspondentes Estrangeiros condenou, na noite de sexta-feira, a detenção de Bronstein e disse que outros jornalistas também foram ameaçados enquanto cobriam os protestos no bairro densamente povoado de Mongkok, na península de Kowloon.

DM // SO

Protestos em Hong Kong são "espantosos" e merecem o apoio "total" de Laurie Anderson

18 de Outubro de 2014, 16:54

Macau, China, 18 out (Lusa) - A artista Laurie Anderson, que hoje atua em Macau, garante estar a acompanhar os protestos em Hong Kong e considera o movimento "espantoso".

"Sempre que os estudantes estão a questionar e a exigir liberdade para saber mais é ótimo, é uma situação maravilhosa. Apoio totalmente", disse a artista na véspera do seu concerto em Macau.

Lembrando que ela própria foi, em tempos, uma "estudante radical", Anderson elogiou o "impulso" dos jovens de afirmarem o seu direito de participação na vida política.

"Estão a dizer 'Não podem dizer-nos como vai ser, queremos participar'. É muito importante participar", sublinhou.

Para a artista, que esteve envolvida com o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, o movimento "espalhou-se" para outras partes do mundo, não pelos seus objetivos políticos, mas "pela capacidade de questionar e querer afirmar-se perante o poder".

Anderson, que já trabalhou com o artista e dissidente chinês Ai Weiwei, admite estar hoje mais afastada da política.

"Não estou sempre a seguir as notícias, uma pessoa enlouquece se fizer isso. Se a direita estiver no poder faço trabalho político, se a esquerda estiver no poder faço coisas mais culturais", explicou.

Apesar de um maior distanciamento das questões da actualidade, a artista mostra-se incomodada com o que considera ser uma orientação excessiva das sociedades modernas para o lucro.

"Tudo é motivado por dinheiro, a educação, o Governo, os cuidados de saúde, a música, a arte. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. Nada tem que ver com o que as pessoas precisam, apenas com lucro. É muito extremo", criticou.

Assumindo-se como "uma capitalista" que respeita "a motivação do lucro", a norte-americana sublinhou, no entanto, que "quando tudo se trata de dinheiro, é muito triste".

"O problema é que nos tornamos parte do mercado de arte e não do mundo artístico", lamentou.

Pioneira na música experimental e electrónica, Laurie Anderson promete levar hoje a Macau um espectáculo multidisciplinar, sob o mote "Linguagens do futuro".

"É um título um pouco críptico, eu sei. São histórias sobre tempo, percepção e memória, sobre o futuro da linguagem, sobre as nossas expectativas e arrependimentos", comentou.
O concerto vai decorrer ao ar livre, na Fortaleza do Monte, classificada como património mundial da humanidade pela UNESCO. A artista promete uma experiência "cinemática", onde além da música os espectadores vão interagir também com imagem e palavras.

"[Vou apresentar] um conjunto de histórias, sob a forma de uma colagem, na qual eu sou a DJ. É quase como a banda sonora de um filme. Ocasionalmente saio disso e vou apenas para a música, para o improviso, com violino, teclas e 'loops'. Espero que seja uma experiência muito cinemática, há muita coisa para ler, é muito palavroso", explica.

ISG // SO

Fotos: 1 - Um homem, mais tarde identificado como jornalista do Oriental Daily News, durante os confrontos de sexta-feira, em que a polícia usou cassetetes e spray pimenta / AFP - 2 - Bronstein foi presa por suspeita de danos criminais depois de saltar sobre um carro para tirar fotos / Reuters

*Título PG

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