Verdade
(mz) - Editorial
Em
quase todo o mundo, as crianças são a esperança do amanhã e o garante de uma
nação. Em Moçambique, parece não haver preocupação em garantir que as gerações
vindouras sejam dotadas de capacidade e habilidade para fazer face aos grandes
desafios que nos são impostos pela dinâmica mundial em diversos ramos.
Estima-se
que, pelo menos, 44 porcento da população infantil moçambicana é desnutrida, apesar
de o país contar com milhões de hectares de terra arável e dispor de um
potencial na produção agrícola. Devido à desnutrição, quase metade das crianças
moçambicanas viverá incapacitada de se desenvolver física e intelectualmente.
A
reabilitação de um indivíduo desnutrido pode durar até cinco anos. Porém,
importa referir que a criança jamais regressará ao seu estado normal. O Governo
considera a agricultura a base de desenvolvimento do país, mas na prática pouco
ou quase nada é feito nesse campo com vista à industrialização agrícola e à
capacitação da população em matéria de gestão alimentar.
Na
verdade, o Executivo moçambicano está apenas preocupado e com os olhos
arregalados na extracção do carvão mineral, gás, e na exportação de camarão,
atum, entre outras riquezas. Quando se olha para a criação do Secretariado
Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), a sensação é de que o
Governo se mostra preocupado com a situação nutricional da população.
Porém,
a realidade tem provado o contrário, uma vez que se está diante de uma daquelas
instituições estatais que trabalham com base nos dados de relatórios, muitos
deles produzidos em salas climatizadas de alguns escritórios espalhados pelas
zonas nobres da capital do país. De acordo com alguns indicadores, a situação
nutricional da população moçambicana é bastante preocupante e urge inverter-se
a situação. Por causa da desnutrição crónica, a maioria dos cidadãos das
próximas gerações não terá capacidade ou habilidades para trabalhar nos
megaprojectos, visto que o problema afecta o desenvolvimento intelectual.
A
desculpa do Governo tem sido sempre a mesma: as comunidades não têm domínio
sobre a essência da nutrição e as formas de como confeccionar os alimentos. Mas
a questão que se coloca é: de quem é a responsabilidade de capacitar essas
comunidades e garantir que elas façam o devido aproveitamento dos produtos que
são cultivados nas suas machambas? Portanto, tudo indica que se está a criar um
país de pessoas desnutridas e as consequências dessa negligência organizada
serão de proporções gigantescas.
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