Macau,
China, 01 dez (Lusa) - O novo secretário para a Economia e Finanças de Macau
manifestou hoje preocupação com a queda nas receitas dos casinos, durante a
apresentação ao público do novo elenco governativo.
Foi
a primeira vez que Lionel Leong, conhecido empresário de Macau, falou aos
jornalistas como futuro secretário, apontando as quedas nas receitas que os
casinos têm vindo a registar desde junho, na ordem dos 20%.
"Há
um novo desafio à economia de Macau, um pequeno decréscimo nas receitas",
disse. Esta descida pode traduzir-se em "vários problemas" e vai
obrigar a um "ajustamento por um período de tempo".
"[Temos
de prestar] estreita atenção à queda das receitas que pode afetar a estrutura
da economia de Macau. Por exemplo, será que vai afetar as pequenas e médias
empresas e o emprego? Temos de ser prudentes e analisar a queda com
atenção", lançou, mostrando-se otimista devido à folga da reserva
financeira.
Lionel
Leong respondeu também a questões sobre a transferência das ações nas suas
empresas para sociedades offshore - uma notícia avançada pelo diário Ponto
Final na semana passada, que indicava que a transmissão tinha sido feita entre
o final de outubro e início de novembro.
Segundo
o jornal, o empresário fez fortuna através de duas grandes empresas, a Seng San
e a Smartable Holdings, que fundou e a que presidiu, e que foram recentemente
adquiridas, no total, por quatro empresas instaladas no paraíso fiscal das
Ilhas Virgens Britânicas, que garante ainda sigilo financeiro e mantém também
em segredo a identidade dos donos das sociedades.
Lionel
Leong admitiu a transferência das ações e justificou a ação com o regime que
impede titulares de cargos públicos de exercerem atividades privadas quando
assumem funções. "Tenho de respeitar o que está escrito na lei, já não sou
titular dessas ações", respondeu.
Na
apresentação do novo executivo, o atual porta-voz do Governo e novo secretário
para a pasta dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, afirmou que dentro de
cinco anos Macau vai viver a "era mais brilhante" na área da saúde,
uma das mais problemáticas do território.
Alexis
Tam defendeu a contratação de bons especialistas no estrangeiro: "Temos de
proporcionar bons salários e regalias para contratar médicos no
estrangeiro", afirmou, salientando que a formação dos médicos
especialistas de Macau "não é a desejável".
Wong
Sio Cha, agora diretor da Polícia Judiciária e o novo rosto da pasta da
Segurança, não reconheceu particulares dificuldades na obtenção de autorização
de residência para portugueses - um problema com que a maioria dos
recém-chegados se depara - e garantiu que "o Governo tem dado atenção à
comunidade portuguesa e aos seus direitos de residência".
A
nova secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, até aqui
coordenadora do Gabinete de Proteção de Dados Pessoais (GPDP), afastou qualquer
proposta de reforma política vinda do seu gabinete e rejeitou responsabilidades
na repressão do referendo civil organizado em agosto com o objetivo de aferir a
opinião da população sobre o sufrágio universal no território.
Foi
o GPDP que motivou a detenção dos organizadores do referendo - considerado
ilegal pelas autoridades locais e de Pequim - por determinar que os promotores
não podiam recolher os dados pessoais dos votantes.
ISG//
APN
Campanha
anticorrupção na China afetou o jogo em Macau - imprensa chinesa
Pequim,
01 dez (Lusa) - Um jornal oficial chinês associou hoje o declínio das receitas
do jogo em Macau à campanha anticorrupção em curso na China continental desde
que o presidente Xi Jinping assumiu a chefia do Partido Comunista, há dois
anos.
"Campanha
anticorrupção afeta cidade do jogo", afirma o China Daily num artigo sobre
a "contração económica" em Macau, Região Administrativa Especial
chinesa cujo Produto Interno Bruto caiu 2,1% no terceiro trimestre de 2014.
Em
novembro, pelo sexto mês consecutivo, as receitas do jogo, a principal fonte de
receita do Governo local, caíram 19,6% em relação a igual período de 2013, para
24.269 milhões de patacas (2.426 milhões de euros).
Este
ano, o crescimento da "capital mundial do jogo" poderá abrandar para
2% ou 3%, o que será um dos piores desempenhos económicos de Macau desde que o
território passou para a administrativa chinesa, em dezembro de 1999, assinala
o jornal.
O
abrandamento coincide com a persistente campanha anticorrupção na China
continental, de onde é originária a maioria dos clientes dos casinos, que já
atingiu centenas de altos funcionários da administração pública e das empresas
estatais.
"A
campanha do Governo central a favor da frugalidade dissuadiu muitos dos grandes
jogadores ("high rollers")", refere o China Daily, citando um
relatório do Gabinete de Ligação de Pequim em Macau.
Contudo,
analistas e funcionários locais continuam "otimistas acerca do futuro de
Macau", salientando que "além do jogo, há outras industrias a
crescer" e que "o baixo índice de desemprego (1,7%) e as abundantes
reservas do Governo garantem a estabilidade social", afirma o jornal.
"Não
estamos preocupados", disse o porta-voz do Governo, Tam Chon-weng, citado
pelo China Daily.
Macau
foi integrado na República Popular da China em 20 de dezembro de 1999, segundo
a mesma fórmula adotada em
Hong Kong , "um país, dois sistemas", que garante a
continuação do antigo "modo de vida" do território e liberdades de
expressão e associação política impensáveis no resto do país.
Exceto
nas áreas da Defesa e Relações Externas, Macau goza de "um alto grau de
autonomia", o português mantém-se como língua oficial, a par do chinês, e
o Governo local é dirigido por pessoas do território.
AC
(JCS) // VM
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