segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Quedas nos casinos de Macau "podem afetar a estrutura da economia" - novo secretário




Macau, China, 01 dez (Lusa) - O novo secretário para a Economia e Finanças de Macau manifestou hoje preocupação com a queda nas receitas dos casinos, durante a apresentação ao público do novo elenco governativo.

Foi a primeira vez que Lionel Leong, conhecido empresário de Macau, falou aos jornalistas como futuro secretário, apontando as quedas nas receitas que os casinos têm vindo a registar desde junho, na ordem dos 20%.

"Há um novo desafio à economia de Macau, um pequeno decréscimo nas receitas", disse. Esta descida pode traduzir-se em "vários problemas" e vai obrigar a um "ajustamento por um período de tempo".

"[Temos de prestar] estreita atenção à queda das receitas que pode afetar a estrutura da economia de Macau. Por exemplo, será que vai afetar as pequenas e médias empresas e o emprego? Temos de ser prudentes e analisar a queda com atenção", lançou, mostrando-se otimista devido à folga da reserva financeira.

Lionel Leong respondeu também a questões sobre a transferência das ações nas suas empresas para sociedades offshore - uma notícia avançada pelo diário Ponto Final na semana passada, que indicava que a transmissão tinha sido feita entre o final de outubro e início de novembro.

Segundo o jornal, o empresário fez fortuna através de duas grandes empresas, a Seng San e a Smartable Holdings, que fundou e a que presidiu, e que foram recentemente adquiridas, no total, por quatro empresas instaladas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, que garante ainda sigilo financeiro e mantém também em segredo a identidade dos donos das sociedades.

Lionel Leong admitiu a transferência das ações e justificou a ação com o regime que impede titulares de cargos públicos de exercerem atividades privadas quando assumem funções. "Tenho de respeitar o que está escrito na lei, já não sou titular dessas ações", respondeu.

Na apresentação do novo executivo, o atual porta-voz do Governo e novo secretário para a pasta dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, afirmou que dentro de cinco anos Macau vai viver a "era mais brilhante" na área da saúde, uma das mais problemáticas do território.

Alexis Tam defendeu a contratação de bons especialistas no estrangeiro: "Temos de proporcionar bons salários e regalias para contratar médicos no estrangeiro", afirmou, salientando que a formação dos médicos especialistas de Macau "não é a desejável".

Wong Sio Cha, agora diretor da Polícia Judiciária e o novo rosto da pasta da Segurança, não reconheceu particulares dificuldades na obtenção de autorização de residência para portugueses - um problema com que a maioria dos recém-chegados se depara - e garantiu que "o Governo tem dado atenção à comunidade portuguesa e aos seus direitos de residência".

A nova secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, até aqui coordenadora do Gabinete de Proteção de Dados Pessoais (GPDP), afastou qualquer proposta de reforma política vinda do seu gabinete e rejeitou responsabilidades na repressão do referendo civil organizado em agosto com o objetivo de aferir a opinião da população sobre o sufrágio universal no território.

Foi o GPDP que motivou a detenção dos organizadores do referendo - considerado ilegal pelas autoridades locais e de Pequim - por determinar que os promotores não podiam recolher os dados pessoais dos votantes.

ISG// APN

Campanha anticorrupção na China afetou o jogo em Macau - imprensa chinesa

Pequim, 01 dez (Lusa) - Um jornal oficial chinês associou hoje o declínio das receitas do jogo em Macau à campanha anticorrupção em curso na China continental desde que o presidente Xi Jinping assumiu a chefia do Partido Comunista, há dois anos.

"Campanha anticorrupção afeta cidade do jogo", afirma o China Daily num artigo sobre a "contração económica" em Macau, Região Administrativa Especial chinesa cujo Produto Interno Bruto caiu 2,1% no terceiro trimestre de 2014.

Em novembro, pelo sexto mês consecutivo, as receitas do jogo, a principal fonte de receita do Governo local, caíram 19,6% em relação a igual período de 2013, para 24.269 milhões de patacas (2.426 milhões de euros).

Este ano, o crescimento da "capital mundial do jogo" poderá abrandar para 2% ou 3%, o que será um dos piores desempenhos económicos de Macau desde que o território passou para a administrativa chinesa, em dezembro de 1999, assinala o jornal.

O abrandamento coincide com a persistente campanha anticorrupção na China continental, de onde é originária a maioria dos clientes dos casinos, que já atingiu centenas de altos funcionários da administração pública e das empresas estatais.

"A campanha do Governo central a favor da frugalidade dissuadiu muitos dos grandes jogadores ("high rollers")", refere o China Daily, citando um relatório do Gabinete de Ligação de Pequim em Macau.

Contudo, analistas e funcionários locais continuam "otimistas acerca do futuro de Macau", salientando que "além do jogo, há outras industrias a crescer" e que "o baixo índice de desemprego (1,7%) e as abundantes reservas do Governo garantem a estabilidade social", afirma o jornal.

"Não estamos preocupados", disse o porta-voz do Governo, Tam Chon-weng, citado pelo China Daily.

Macau foi integrado na República Popular da China em 20 de dezembro de 1999, segundo a mesma fórmula adotada em Hong Kong, "um país, dois sistemas", que garante a continuação do antigo "modo de vida" do território e liberdades de expressão e associação política impensáveis no resto do país.

Exceto nas áreas da Defesa e Relações Externas, Macau goza de "um alto grau de autonomia", o português mantém-se como língua oficial, a par do chinês, e o Governo local é dirigido por pessoas do território.

AC (JCS) // VM

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