quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

China: LÍDER ESTUDANTIL DE HONG KONG CRITICA AUTORIDADES EM TRIBUNAL




Hong Kong, China, 08 jan (Lusa) - Joshua Wong, o jovem rosto dos protestos pró-democracia de Hong Kong, criticou hoje as autoridades durante uma sessão em tribunal relacionada com a sua participação na campanha de desobediência civil que ocupou as ruas da cidade por 79 dias.

Wong foi um dos 29 ativistas que compareceu numa audiência preliminar no Tribunal de Última Instância sobre possíveis acusações do crime de desobediência por tentar impedir os trabalhos de remoção das barricadas nos locais de protesto, em novembro.

Na origem da contestação está o descontentamento com a proposta de reforma política apresentada por Pequim. Há muito que tinha sido prometido que Hong Kong poderia eleger o líder do Governo em 2017 por sufrágio universal, mas o Governo Central anunciou em 2014 que tal só vai acontecer se os candidatos forem selecionados por um comité de número reduzido e que é visto como próximo do poder.

A decisão gerou uma onda de protestos que durou mais de dois meses e que foi considerada ilegal, com a polícia a prometer acusar "os principais instigadores".

Os ativistas tiveram a oportunidade de falar ao tribunal e alguns gritaram "Quero democracia verdadeira", um pedido que teve eco entre apoiantes sentados na galeria aberta ao público.

"O Governo está a usar os procedimentos legais para reprimir o Movimento dos Guarda-Chuvas", disse Wong, referindo-se ao nome pelo qual ficou conhecida a campanha pró-democracia de Hong Kong por usarem guarda-chuvas amarelos nos protestos.

"É gastar dinheiro dos contribuintes para impedir as pessoas de tomar ações no futuro", criticou.

Wong, de 18 anos, é o fundador do grupo Scholarism e tornou-se uma das vozes mais proeminentes do movimento pró-democracia.

Outro líder estudantil, Lester Shum, de 21 anos, acusou as autoridades de "abusar dos procedimentos legais".

"O tribunal está a ser usado como instrumento político para a repressão", acusou.

O departamento de justiça disse hoje que vai avançar com casos de desobediência criminal contra 22 ativistas, incluindo Wong e Shum, mas não apresentou ainda uma acusação oficial, pedindo mais tempo para recolher documentação.

ISG // VM

Sem comentários:

Mais lidas da semana