Estampada
em sites e jornais, imagem dá a impressão de que Hollande, Merkel, Cameron e
outros líderes estavam à frente dos protestos. Mas eles estavam isolados e
protegidos por seguranças.
Quem
viu as fotos dos líderes mundiais estampadas nas capas de sites de notícias e
jornais pode ter tido a impressão de que eles estavam à frente da gigantesca
marcha que tomou conta das ruas de Paris neste domingo (11/01). Mas, na
verdade, as fotos foram tiradas numa rua lateral, e os líderes estavam
acompanhados de assessores e protegidos por seguranças. Encerrada a
"sessão", eles se retiraram do local.
Ainda
que, nas redes sociais, muitas pessoas tenham mostrado indignação com
"essa cínica manifestação de oportunismo", como escreveu um usuário,
provavelmente os líderes mundiais não quiseram deliberadamente enganar alguém –
até porque a sessão de fotos foi acompanhada por centenas de pessoas e ocorreu
num espaço público, à vista de todos.
A
situação é fácil de entender: teria sido um pesadelo para os responsáveis
garantir a segurança de líderes como François Hollande, David Cameron, Angela
Merkel, Mahmud Abbas, Benjamin Netanyahu, entre muitos outros, se eles
estivessem misturados a uma multidão de milhões de pessoas. O presidente do
EUA, Barack Obama, justificou sua ausência com o trabalho que a sua
participação daria às equipes de segurança em Paris.
Além
disso, mais importante do que liderar a marcha era enviar um sinal de unidade
entre as nações, de repúdio ao terrorismo e de solidariedade aos franceses.
Mas
como as fotos estamparam matérias sobre a marcha (também na DW),
muitos leitores – e também jornalistas – tiveram a impressão de que os líderes
estavam à frente dos protestos, o que gerou críticas.
"Parece
que os líderes mundiais não estão 'liderando' a marcha pelo Charlie Hebdo em
Paris, mas fazendo uma photo op numa rua vazia e protegida",
escreveu o correspondente do Financial Times no Oriente Médio, Borzou
Daragahi, no Twitter. Photo op é uma situação montada, criada
exclusivamente para render uma boa fotografia a ser divulgada na imprensa.
"Para
mim, isso não é um problema", escreveu outro usuário. "A mensagem é a
mesma, e esses líderes estão sempre sob proteção. E por bons motivos."
Segundo
a imprensa francesa, a foto foi tirada na Place Léon Blum, perto da estação de
metrô Voltaire. O local teria sido escolhido devido à simbologia dos nomes.
Blum foi o primeiro judeu a ocupar o cargo de primeiro-ministro na França,
tendo sido perseguido durante a ocupação nazista e enviado ao campo de
concentração de Buchenwald.
Voltaire
é um dos maiores filósofos da França e um dos grandes nomes do Iluminismo,
tendo influenciado decisivamente os ideais da Revolução Francesa. Ele se opôs
fortemente à intolerância religiosa e foi um ardente defensor da liberdade de
expressão e de opinião.
Alexandre
Schossler – Deutsche Welle
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