As
autoridades dizem que a situação é crítica na província central moçambicana. 20
mil famílias ficaram desalojadas. Mais de 1500 famílias estão abrigadas em
escolas e armazéns, mas falta comida e água potável.
A
província da Zambézia está em alerta vermelho. Desde segunda-feira (12.01) que
chove torrencialmente em quase toda a região. Dezasseis pessoas morreram
arrastadas pelas águas ou vítimas de desabamentos de casas, segundo o Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
As
enxurradas destruíram total ou parcialmente centenas de edifícios, incluindo
escolas e postos de saúde. Pontes desabaram e as estradas estão inundadas. Os
distritos mais afetados são Mocuba, Namacurra e Nicoadala.
"Dois
copos de arroz, óleo, sal e uma sardinha para cinco pessoas"
De
acordo com o INGC, centenas de pessoas estão isoladas, à espera de ajuda em cima
de telhados ou nas copas de árvores.
Entretanto,
nos últimos dias, cinco mil pessoas chegaram ao posto administrativo de Licuar,
no distrito de Nicoadala. Muitas delas estão abrigadas nas salas de aula da
Escola Primária Josina Machel. Mas as vítimas das inundações afirmam que estão
a passar mal: falta comida e a água que consomem é de má qualidade.
"A
situação está péssima. Uma saquinha de arroz de 25 quilos e um litro de óleo
não chega. Eu tenho cinco crianças. Passo mal mesmo", disse um dos homens
a viver temporariamente na escola.
"Cada
pessoa só tem direito a dois copos de arroz, óleo, um pouco de sal. E uma
sardinha é para cinco pessoas", contou outra refugiada em entrevista à DW
África.
Maria
Madalena Luciano, delegada do INGC na Zambézia, disse que não deve avançar
qualquer informação relacionada com as vítimas das cheias, remetendo
esclarecimentos para a secretária permanente do instituto. À agência de
notícias Lusa, o INGC disse querer evitar "mortes por fome" das
pessoas por resgatar, que ainda estão cercadas pelas águas.
Doenças
são outra preocupação
Na
Escola Primária Josina Machel, a situação de higiene é outra preocupação dos
desalojados. Eles pedem ao Governo moçambicano tendas de abrigo, redes
mosquiteiras e instrumentos de limpeza, porque os que têm à sua disposição não
chegam.
"Os
homens só têm luvas e não têm botas. Mas como é que vão conseguir tirar o lixo?
São precisos mais instrumentos", afirmou um dos deslocados.
Marcelino
Mueia (Zambézia) / Lusa – Deutsche Welle
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