As
imagens do desfile dos grupos da Classe A do entrudo de Luanda
Alice
da Cruz (texto), Ampe Rogério (fotos)
O Carnaval existe
para que todas se esqueçam por algum momento todas as preocupações do
quotidiano. A maior parte das pessoas quer fazer parte desta festa e
divertir-se. Na Nova Marginal, nesta terça-feira, o cenário estava bastante
motivador. Pessoas enérgicas que dançavam, exibiam as suas máscaras e
fantasias, das mais assustadoras às mais engraçadas, e até indecifráveis. Um
olhar atento revelava pessoas fantasiadas de bessanganas, borboletas,
árabes, homens-aranha, Batman, o incrível homem-lama (viam-se os olhos apenas),
odaliscas, travestis, e muitas outras.
O
momento também serviu para lucrar. Havia de tudo um pouco à venda, peixe
grelhado, pincho, magoga, churrasco, gelados, pipocas e mais fantasias para
quem decidisse na hora aderir a um disfarce. Muita agitação, brincadeira e
alegria para assistir de perto o desfile da classe A (adultos), que contou com
a participação de 14 grupos, concorrentes aos três milhões de
kwanzas. Cores, muitas cores, balões, brilhos fizeram da decoração do
espaço. A animação e música ambiente esteve a cargo do Bloco Sol, que
tradicionalmente abre todos os anos o acto central do Carnaval de Luanda.
O
evento começou pontualmente às 16 horas, como previsto. O Governador
Provincial de Luanda, Graciano Francisco Domingos fez o discurso de abertura e
desejou boas vindas aos presentes. Logo a seguir os homenageados, o grupo União
Tones(s)a & Mamã Santa, a mais velha Comandante do Carnaval de Luanda,
começaram a festa com batuques, reco reco e muito ritmo na ponta do pé. Trajes em
tons de azul, branco, champanhe, amarelo, e os padrões africanos usados,
coloriram muito mais o ambiente na tarde que prometia e inspirava muito mais
emoções. O presidente José Eduardo dos Santos não compareceu.
A
festa continuou animada, as bancadas quase preenchidas, e tudo permanecia
organizado e sob total controlo. A Associação Provincial do Carnaval de Luanda
(APROCAL) contou com a colaboração da Polícia Nacional, da Elisal, dos
voluntários da Cruz Vermelha e do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida, que
aproveitou a oportunidade para interagir com os jovens e sugerir relações
sexuais seguras e com responsabilidade.
Nos
rostos dos presentes a ansiedade para ver desfilar o grupo favorito. Os
membros do júri andavam incansavelmente para frente e para trás a acompanhar
todos os grupos, para avaliar cada gesto, a dança, a canção, o corte da
indumentária, o painel, o desempenho dos comandantes, a alegoria e a falange de
apoio.
Dos
temas apresentados e representados pelos grupos da classe A destacam-se: “A
mulher rural”, “Assembleia Nacional” e “As Pescas”, assuntos coincidentemente
escolhidos, mas expressos de forma diferente. O décimo grupo a desfilar
foi o União Etu Mudy Etu, que na verdade seria o terceiro, de acordo à ordem,
se não fosse o imprevisto relacionado à coordenação, acerto de pequenos
detalhes, aspectos sempre susceptíveis a acontecer.
O
grupo exibiu no seu painel o mapa de Angola e imagens, em forma de homenagem,
de Beto de Almeida, Mamã Kuiba, Lourdes Van-Dúnem, Aníbal Rocha, Rainha Njinga
e Agostinho Neto. No carro alegórico, a representação do Mausoléu (Memorial
António Agostinho Neto), que infelizmente não foi visto pelos integrantes da
bancada central pelos metros de altura superiores à estrutura montada para a
festa, o que pode influenciar na pontuação final, o recuo do grande e
fantasiado carro.
Passadas
seis horas os espectadores permaneciam pacientes e firmes, apesar de cansados.
E finalmente chegou a hora de desfile do último grupo do dia, o União
Twafundumuka, fundado a 18 de Novembro de 2011. Posteriormente, para alegria
dos presentes, o Bloco da Juventude com a participação da cantora Ary, garantiu
a animação nos minutos finais da festa, o que foi considerado um encerramento
em grande, sem esquecer os fogos de artifício que serviram como um brinde à
festa do povo.
No
final da festa, as recomendações e sugestões feitas por homens de cultura que
há muito acompanham os esforços e dedicação dos grupos angolanos de carnaval.
Pedro
Vieira Dias, “Petchú”, membro fundador do ballet tradicional Kilandukilo,
decidiu ver de perto toda a magia, cultura e tradição do carnaval em Luanda,
pois o seu acompanhamento tem sido de forma distanciada por viver já 20 anos
fora de Angola. O professor de dança tem feito pesquisas e está neste momento a
produzir um documentário denominado Passo, Ritmo e Dança Angolana.
“Estão
todos de parabéns. Este povo que sofre é o mesmo que dança. Admiro toda esta
garra e energia. Mas algo está a se perder. Podemos trabalhar mais e fazer
melhor”.
Já
o pesquisador de carnaval, Francisco Pedro, sugere mais investimento
principalmente nos grupos mais antigos, pela vontade de fazer acontecer,
história e trajectória. “O carnaval deste ano pouco trouxe de novo.
Precisamos rever os adereços, ter ousadia, atrevimento. Todos têm de ser
chamados para organizar a festa de carnaval, os estilistas, os artistas
plásticos, músicos, coreógrafos, designers, todos. Precisamos ter carnaval de
rua, com certeza seria um bom item de classificação”.
Classe
de Adultos (A) por odem de apresentação
1º
União Kazukuta do Sambizanga – Canção: O maka mabitile nuka dingi mabwile (As
makas passadas nunca mais acabaram)
2º União Domant (Cacuaco) – Canção: A mulher rural
3º União 54 (Maianga) – Canção: Nova Assembleia
4º União Jovens da Cacimba (Maianga) – Canção: Homenagem aos heróis de Angola
5º União Kyela (Sambizanga) – Canção: Homenagem ao Progresso do Sambizanga
6º União Mundo da Ilha (Ingombota) – Canção: Dilumba Dya Mbiji
7º União Kabocomeu (Sambizanga) – Canção: Twa Sanguluka
8º União Dimba Dya Ngola (Sambizanga) – Canção: Assembleia Nacional
9º União Povo da Samba (Samba) – Canção: Mulher angolana
10º União Etu Mudyetu (Sambizanga) – Canção: Jienda jia imbamba yokulu
11º União 10 de Dezembro (Maianga) – Representou o tráfico de escravos (Museu da Escravatura)
12º União Njinga MBandi (Viana) – Canção: O sonho continua
13º União Sagrada Esperança (Rangel) – Canção: Semba dibandela dyetu (Semba nossa bandeira)
14º União Twafundumuka (Rangel) – Canção: Preservar o meio ambiente
2º União Domant (Cacuaco) – Canção: A mulher rural
3º União 54 (Maianga) – Canção: Nova Assembleia
4º União Jovens da Cacimba (Maianga) – Canção: Homenagem aos heróis de Angola
5º União Kyela (Sambizanga) – Canção: Homenagem ao Progresso do Sambizanga
6º União Mundo da Ilha (Ingombota) – Canção: Dilumba Dya Mbiji
7º União Kabocomeu (Sambizanga) – Canção: Twa Sanguluka
8º União Dimba Dya Ngola (Sambizanga) – Canção: Assembleia Nacional
9º União Povo da Samba (Samba) – Canção: Mulher angolana
10º União Etu Mudyetu (Sambizanga) – Canção: Jienda jia imbamba yokulu
11º União 10 de Dezembro (Maianga) – Representou o tráfico de escravos (Museu da Escravatura)
12º União Njinga MBandi (Viana) – Canção: O sonho continua
13º União Sagrada Esperança (Rangel) – Canção: Semba dibandela dyetu (Semba nossa bandeira)
14º União Twafundumuka (Rangel) – Canção: Preservar o meio ambiente
Rede Angola (ao)
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