Díli,
19 fev (Lusa) - Agentes da unidade de investigação da Polícia Nacional de
Timor-Leste (PNTL) apreenderam hoje o passaporte da ex-ministra das Finanças
Emília Pires, no momento em que esta chegava a Díli, disseram à Lusa fontes
policiais.
"Posso
confirmar que agentes executaram um mandado do Tribunal Distrital de Díli e
apreenderam o passaporte da senhora ex-ministra", disse à Lusa fonte da
PNTL.
"A
apreensão ocorreu no momento em que regressava a Díli, no aeroporto, depois de
uma viagem ao estrangeiro. O caso está a ser investigado pelas autoridades
judiciais", disse a mesma fonte.
Recorde-se
que Emília Pires é arguida, juntamente com a antiga vice-ministra da Saúde
Madalena Hanjam, num processo de alegada corrupção e participação económica em
negócio.
Em
causa está a aprovação de um pagamento para o fornecimento de camas para vários
hospitais de Timor-Leste a uma empresa da qual o marido de Emilia Pires, Warren
McLeod, é o proprietário.
O
seu julgamento foi adiado 'sine die' a 27 de outubro último por não ter sido
levantada a imunidade de que gozava como ministra.
Essa
imunidade deixou de existir no momento em que Emília Pires
terminou o seu mandato, esta semana, com a entrada em funções do VI Governo
Constitucional.
Esse
adiamento ocorreu dias depois de o Governo e o Parlamento Nacional terem
aprovado, a 24 de outubro, duas resoluções em que, alegando "motivos de
força maior e de interesse nacional", suspenderam os contratos com
funcionários judiciais internacionais, a maior parte portugueses, que estava a
trabalhar no país.
Dias
depois, a 31 de outubro, o Governo timorense deu mais um passo, com uma
resolução em que ordenava aos serviços de migração a expulsão dos funcionários
judiciais internacionais, incluindo cinco juízes, um procurador e um oficial da
PSP de nacionalidade portuguesa, num prazo de 48 horas.
Questionada
pela Lusa em janeiro - numa das poucas entrevista que deu nos últimos meses -
sobre como reage a essas acusações, Emília Pires disse que tem a consciência
tranquila, mas lamenta as acusações.
"Claro
que custa. Também sou humana. Mas o que é que eu posso fazer",
interrogou-se.
"Algumas
das lições que eu aprendi foram as da necessidade de um processo de
capacitação, da capacidade de se adaptar. Muita gente não sabe entender as
leis, os processos. É uma fase que temos que aprender", disse.
ASP
// VM
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