Carlos Gonçalves
O vice
primeiro-ministro Portas, dito de tutela às questões económicas e à central de
intoxicação do Governo, voltou esta semana ao recorrente foguetório da
propaganda enganosa, com a subida das exportações do país de 1.9% em 2014,
escamoteando que as importações cresceram 3.2% e que o défice da balança de
comércio externo atingiu 10,6 mil milhões de Euros (!).
Se o preocupasse a
economia e a soberania nacional tomaria medidas de apoio à produção e de
substituição de importações, mas o que o faz intervir e viajar é a cotação como
«reserva estratégica» para todo o serviço dos grandes interesses, é a
mediatização da coreografia da sua auto-estima e arrogância pessoal e política
– «espelho meu, espelho meu», haverá ministro mais inteligente e mais belo do
que eu?!
Portas é perito em
politiquices e «banha da cobra», é o «chefe» incontestado e o «alter-ego» do
CDS-PP, feito partido unipessoal, no bolso do colete do líder, instrumento da
sua ambição de «refundar» e comandar a direita.
O CDS-PP, partido
de génese colonial-fascista, a que Abril impôs o «centrismo» e a «democracia
cristã», fez um percurso de enxerto ideológico: ultra-liberal, populista,
securitário, xenófobo, «fashion». A sua base social – os sectores mais
reaccionários da grande burguesia, dos latifúndios e dos grupos financeiros –
acolheu a elite «yupie» do «vale tudo», das «causas» «bem», do domínio dos
privilégios de classe. E os quadros da agremiação são clones e «tropa de
choque» do líder, para quem o próprio partido é descartável, como se viu nos
episódios de demissão.
O capitalismo em
crise está como se vê, Juncker foi transferido dos crimes fiscais do Luxemburgo
para a Comissão Europeia, e a verdade é que Portas tem um apoio colossal do
poder económico-mediático (!) e um nível de falta de vergonha nunca visto. Mas,
mesmo assim, não deixa de ser muito grave que alguém cujo percurso passou pelos
«casos» da Universidade Moderna, da Portucale, dos vistos Gold e dos
submarinos, sem que a Justiça concluísse pela sua inocência, mas tão só pela
insuficiência de provas, continue vice do Governo deste País.
É uma daquelas
coisas a que é imperioso por cobro, e também a este Governo e à política de
direita.
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