Gripe
e frio causaram número recorde de mortos em Portugal
A
subdiretora-geral da Saúde justificou, esta sexta-feira, a elevada mortalidade
por gripe e doenças relacionadas com o frio este ano, o valor mais alto nos
últimos 15 anos, com o crescimento da população idosa e das próprias patologias.
De
acordo com o último boletim de Vigilância Epidemiológico do Instituto Ricardo
Jorge (INSA), entre dezembro de 2014 e 22 de fevereiro deste ano, registaram-se
mais 4625 mortes do que era esperado, o maior registo dos últimos 17 anos,
superado apenas na época gripal 1998/1999, na qual se verificaram 8514 óbitos
acima do previsto.
Em
declarações à agência Lusa, a subdiretora-geral da Saúde, Graça Freitas,
admitiu que os problemas que se têm registado nos hospitais, nomeadamente de
falta de pessoal, têm influência na oferta e na procura, mas realçou que a
realidade de há 20 anos era bem diferente da que existe hoje.
"Obviamente
que quando há problemas nos serviços, há sempre duas vertentes: uma que é a procura
e outra que é a oferta. Mas, o que é preciso realçar é que em 1998, já lá vão
quase 20 anos, a realidade era outra. Hoje temos uma população muitíssimo mais
idosa, a viver isolada, com múltiplas patologias e múltipla medicação",
salientou.
De
acordo com Graça Freitas, atualmente verifica-se que muitas das patologias
destes idosos estão descompensadas e o seu sistema fisiológico já não funciona
como quando eram mais novas.
"Ou
seja, há aqui fatores, nas pessoas que vão às urgências, que fazem com que elas
tenham situações mais graves do que acontecia anteriormente", sublinhou.
Por
isso, disse Graça Freitas, "mesmo que os números de afluência às urgências
e centros de saúde não sejam extraordinariamente grandes, o tipo de patologias
e de cuidados que estas pessoas precisam é muito mais intenso".
A
atividade gripal em Portugal manteve-se moderada durante a semana passada,
refere o Boletim de Vigilância Epidemiológica, apontando que desde o início do
ano houve 848 casos e que a mortalidade continua acima do esperado.
Os
dados constam do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, referente à
semana entre 16 a 22 de fevereiro, que mostra que nesse período a taxa de
incidência foi de 44 casos por cada 100 mil habitantes, "encontrando-se
acima da zona de atividade basal, com tendência decrescente".
Segundo
o relatório, publicado à quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor
Ricardo Jorge, desde o dia 01 de janeiro houve registo de 848 casos de síndroma
gripal, 16 dos quais na semana entre 16 e 22 de fevereiro. Dentro destes 16,
dois deram positivo para o vírus da gripe.
Em
declarações à Lusa, a subdiretora-geral da Saúde disse que o pico da gripe já
terá passado, adiantando que vão ser mantidos os horários alargados nos centros
de saúde.
"Neste
momento, todas as indicações que temos é que o pico terá ocorrido na semana
cinco, e agora estamos na semana oito. Tudo indica que dentro de duas a três
semanas deve baixar. Vamos acompanhar o evoluir da situação", disse.
O
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge sublinha, no entanto, que este
aumento no número de óbitos "não pode ser atribuído a nenhuma causa
específica, podendo estar associado ao frio extremo, ao aumento da incidência
das infeções respiratórias agudas e à atividade gripal".
Segundo
os dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), disponível
no "site" da Direção-geral da Saúde, no decorrer da semana entre 16 e
22 de fevereiro, houve 2741 óbitos, menos 265 do que na semana anterior.
Na
foto: Ministro da Saúde, Paulo Macedo, entre o diretor-geral da Saúde,
Francisco George, e a subdiretora Maria da Graça Freitas – Natacha Cardoso /
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