Nova
Iorque, 16 fev (Lusa) - O ativista dos direitos humanos Tutu Alicante considera
que a situação política na Guiné Equatorial não está melhor do que quando o
país entrou para a CPLP, alertando que o Governo "esbanja os recursos a um
ritmo alarmante".
Em
entrevista à Lusa a partir de Nova Iorque, onde está radicado, este opositor do
regime de Teodoro Obiang considera que a situação no país não está melhor,
dando o exemplo de três ativistas detidos e presos por protestarem contra a
realização da Taça das Nações Africanas no país, e acusa os dirigentes da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) de terem aceitado a entrada da
Guiné Equatorial no grupo apenas por razões económicas.
"É
difícil imaginar outra razão para a CPLP ter deixado entrar um governo corrupto
com uma história tão fraca em termos de direitos humanos e democracia",
diz Tutu Alicante, salientando, em tom irónico, que "a CPLP sabe, e muitas
nações europeias também, que a Guiné Equatorial é hoje uma potência econóomica
na região, sendo o motor de muitas coisas que acontecem, como por exemplo ser o
anfitrião da Taça das Nações Africanas".
Questionado
sobre a situação económica do país, que enfrenta uma recessão prevista a rondar
os 8% este ano por causa da forte descida dos preços do petróleo, o ativista
radicado em Nova Iorque
explica que apesar do mau momento, "a Guiné Equatorial e outras nações
produtoras vão recuperar a boa forma", por isso, "mesmo com poder
económico diminuído momentaneamento, as reservas de gás e petróleo ainda representam
um grande potencial na região".
Mais
difícil de fazer acontecer é a generalização da língua portuguesa, que Tutu
Alicante considera ser uma impossibilidade prática: "Para as pessoas na
Guiné Equatorial falarem português, era preciso que o Governo encorajasse e
apoiasse a aprendizagem dessa língua; atualmente está a fazer um péssimo
trabalho a fomentar a educação em espanhol ou francês, as duas anteriores
línguas nacionais, por isso vejo com muita dificuldade que o governo mobilize
os recursos necessários para que o português seja falado de forma geral".
Para
além da língua portuguesa, o acordo com a CPLP previa também o fim da pena de
morte, mas "mesmo que o Governo consiga fazer passar uma lei a bani-la,
vai continuar a torturar até à morte e a encontrar formas 'extra-judiciais' de
matar os oponentes", diz o opositor do regime, lembrando que já em janeiro
"foram detidas três pessoas que protestavam contra a realização da Taça
das Nações Africanas no país".
A
Lusa contactou o Governo da Guiné Equatorial para comentar estas críticas, mas
não teve resposta.
MBA
// PJA
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