António
Veríssimo, Lisboa
O
português em Timor-Leste é tratado como língua de trapos por parte daqueles que
imperam nos destinos da nação. Pontapé daqui, pontapé dali e a língua dos heróis
do mar que chegaram a terras tão longínquas anda de Ponços para Pilatos e
vice-versa. A Constituição da República de Timor-Leste até reconhece que é uma
língua oficial do país a par do tétum mas… Os pontapés não têm paranço. Já
cansa. Por vezes até apetece dizer que fiquem na deles e borrifem-se para o
português. Que se lixe!
Não
vale a pena estarmos com riquiquis nem rococós. A razão dos maus tratos à língua
portuguesa em Timor-Leste tem tudo a ver com as intromissões australianas e
agentes timorenses e australianos que se esforçam na luta para escavacar a
disposição constitucional que parece ser a única que defende a permanência do
português naquele país. Argumentem o que argumentarem sabe-se que esse é o
objetivo. Entretanto vão causando bagunça e empurram a aprendizagem do português
para um lado e para o outro, causando instabilidade. O resultado está à vista.
Os timorenses não vêem um boi de português. O que aprendem neste ou naquele ano
e circunstâncias escolares esquecem logo a seguir. Falar português em
Timor-Leste só com os de mais idade (acima dos 55) ou então… com os portugueses que lá estão. Timor-Leste
já vai com 12 anos de aprendizagem do português – o que significa que jovens de
18 a 20 anos já deviam saber falar e escrever em português na ponta da unha. Mas
não.
A
responsabilidade de assim acontecer não é só dos australianos e timorenses
agentes e defensores do inglês e antagónicos da língua portuguesa como língua
nacional e oficial no país. A responsabilidade cabe principalmente aos governos
que têm permitido este trato de polé à língua de Camões. Caberá agora ao
presidente da República Taur Matan Ruak se aprovar o diploma que pontapeia a língua
portuguesa para aprendizagem no terceiro ciclo escolar. Responsabilidade que
também caberá a este governo - que dizem ser dirigido por um novo primeiro-ministro.
Estamos cá para ver se as políticas seguidas não serão as delineadas pelo
governo de Xanana Gusmão… Até há hoje uma notícia que refere repescagens do
programa do governo anterior e patati-patatá... Adiante, que eles lá sabem as
linhas com que se cosem.
Hoje
há uma verdadeira coletânea de notícias da Agência Lusa que pode ler a seguir. Sobre
a língua portuguesa. Com a facilidade do uso da chicotada psicológica, qual
treinadora de uma equipa de futebol, Kirsty Sword Gusmão vem dizer: “Timor-Leste
deixou de ser colónia da República Portuguesa, e assim o senhor presidente do
Parlamento Nacional tem um dever de servir e promover os interesses da sua
nação, e principalmente de defender o direito das crianças de terem acesso à aprendizagem
nas línguas que conhecem melhor", escreve na sua página no facebook.” Em alguns aspetos daquilo que afirma (têm de ler mais em baixo) até é coerente e pertinente mas... essa do colonialismo já está gasta. Sorrisos.
Lá
vem o papão do colonialismo. A animosidade plantada desde há anos atrás. E que
floresce e tem dado alguns frutos. Veja-se a bagunça e os tratos de polé que em
Timor-Leste dão à língua portuguesa. Agora até vai parar ao terceiro ciclo
escolar… Cansa. E cansa também andar a enviar para Timor-Leste professores portugueses
para quase nada. Quais os custos para o governo timorense e para o governo
português? Que resultados? Quase zero.
Depois
de tanta fantochada ao longo de mais de uma década é tempo de os dirigentes responsáveis decidirem se querem ou não querem usar o português como língua nacional a
par do tétum, como acontece nos outros países que foram ex-colónias
portuguesas, em que falam o português e os seus dialetos ou línguas regionais e
nacionais.
Parece
que a bola está nos pés deste governo e do presidente da República. Depende
deles e da Assembleia Nacional decidirem e cumprirem a Constituição atual
reconhecendo o português como língua da aprendizagem desde o primeiro ano
escolar até ao último, a par do tétum e das línguas regionais. Se não anulem o português da Constituição e partam para outra alternativa. Amanhem-se.
Sejam transparentes e responsáveis. Acabem com a instabilidade também neste aspeto. Comportem-se como gente de elite com os cinco alqueires bem medidos ou então
desistam. Deixem de exibir que se comportam como uma grande e mal
cheirosa nódoa. Tanto neste tema das línguas como noutros. Caramba. Por vezes
até parece que não têm miolos nem tintins!
Preparem-se.
Se estão dispostos vão ler abundantes despachos da Lusa. Façam-se acompanhar de
uma merenda e de um refrigerante amigo da celulite. Já agora uns torresmos e um carrascão tipo Borba para homens e mulheres de barba rija. (AV
/ PG)
Especialistas
timorenses contra diploma que reduz ensino português em Timor-Leste
Díli,
02 mar (Lusa) -- Especialistas timorenses criticaram hoje os diplomas que
retiram o português do início dos currículos escolares, substituindo-o por
línguas maternas, até agora apenas ensinadas em contexto familiar.
Em
causa estão dois diplomas já aprovados que colocam o português apenas no
terceiro ciclo, privilegiando, no início do percurso escolas, as línguas
maternas, transmitidas pela família, diferem de região para região de
Timor-Leste, e não coincidem com as duas línguas nacionais do país: o português
e o tétum.
Os
comentários foram feitos num debate, no parlamento nacional, antes da votação,
terça-feira, de uma Apreciação Parlamentar para cessar a vigência de dois
polémicos diplomas que colocam o português como língua principal apenas no 3.º
ciclo e introduzem o ensino noutras línguas maternas timorenses, não oficiais.
Timor-Leste
tem duas línguas oficiais - português e tétum - e várias línguas maternas,
locais ou regionais, usadas por uma fatia minoritária da população.
Benjamim
de Araújo e Corte-Real, diretor geral do Instituto Nacional de Linguística de
Timor-Leste, que aludiu à capacidade dos cérebros mais jovens, até 12 anos,
para adquirir línguas, referiu ainda as assimetrias que se criariam com o
ensino das línguas maternas.
Segundo
Corte-Real "atrasar sistematicamente" o ensino do português, como
preveem os decretos "coloca em desvantagem quem vive no campo, face a quem
vive na cidade" - é nas zonas rurais que mais se utilizam as línguas
maternas - e "cria uma assimetria que condiciona em vez de promover
igualdade de oportunidade e de acesso".
Para
Corte-Real, o Estado deve procurar a emancipação dos seus cidadãos e não pode
deixar que fatores externos "condicionem diferenças entre cidadãos"
ou "criem situações que constantemente estrangulem as línguas".
Mesmo
que investir nas línguas maternas - "com um gasto gigantesco" - seja
"matematicamente possível" essa decisão, disse, pode "prejudicar
o futuro dos cidadãos" porque com as línguas maternas não é possível
progredir no processo educativo.
"Temos
que promover e proteger a cultura local mas temos que aprender as línguas
oficiais cedo para ajudar todo o processo de aprendizagem. Se não, chegam com
as línguas oficiais fracas à universidade e não conseguem progredir",
afirmou.
Fernanda
Sarmento Ximenes, professora do Departamento de Língua Portuguesa da UNTL
(Universidade Nacional de Timor-Leste) considerou que, mais do que
"política ou teorias de ensino", o mais importante é perceber a
"experiência do ensino em Timor-Leste".
"Os
professores de língua enfrentam muitas dificuldades devido a uma aquisição
tardia da língua portuguesa. E isso cria dificuldades para os estudantes",
afirmou.
"E
depois temos que considerar os recursos materiais e humanos para as línguas
maternas. Há prioridades mais importantes, como o analfabetismo ou a pobreza,
do que as línguas maternas", afirmou.
Para
esta especialista Timor-Leste deve "aproveitar todas as ínfimas
oportunidades para promover a língua portuguesa" já que há estudos que
demonstram que "uma criança que comece a aprendizagem de uma língua
estrangeira mais cedo tem mais facilidades em aprender outras línguas".
"Temos
que aproveitar a idade mais jovem, com a capacidade mais elevada, para aprender
as línguas. Quando não há bases de língua desde muito pequeno é mais
difícil", afirmou.
ASP
// PJA
Kirsty
Gusmão critica comentários do presidente do Parlamento Nacional sobre línguas
Díli,
2 mar (Lusa) - A ex-primeira dama de Timor-Leste, Kirsty Sword Gusmão, criticou
numa nota no facebook comentários do presidente do parlamento sobre o ensino
das línguas oficiais no país, considerando que "Timor-Leste deixou de ser
colónia" portuguesa.
"Timor-Leste
deixou de ser colónia da República Portuguesa, e assim o senhor presidente do
Parlamento Nacional tem um dever de servir e promover os interesses da sua
nação, e principalmente de defender o direito das crianças de terem acesso à aprendizagem
nas línguas que conhecem melhor", escreve na sua página no facebook.
Sword-Gusmão,
atual embaixadora da boa vontade para os Assuntos da Educação e presidente da
Fundação Alola reagia a uma entrevista à agência Lusa do presidente do
parlamento, Vicente da Silva Guterres.
Nesse
entrevista o presidente pediu a outros países e a instituições estrangeiras que
deixem de "perturbar" e respeitem a decisão "fundamental e
estratégica" de Timor-Leste sobre as suas línguas nacionais, tétum e
português.
"Tenho
visto, desde o início, infelizmente, interesses estranhos a Timor a perturbar
as escolhas fundamentais estratégicas que o país tomou", disse.
"Peço
às pessoas que são estranhas a Timor que nos respeitem. Que respeitem as opções
fundamentais que os timorenses tomam relativamente aos seus interesses
fundamentais. Peço a países estrangeiros ou instituições das Nações Unidas que
respeitem a vontade dos timorenses", afirmou.
Na
nota no facebook, em que publica a notícia com a entrevista à Lusa,
Sword-Gusmão considera que o presidente do parlamento se esqueceu de que
"nas áreas rurais e remotas de Timor-Leste, a maioria das crianças não
falam bem as línguas oficiais do país".
Argumenta
ainda que "todos os anos milhares de alunos abandonam as aulas e/ou
repetem o ano escolar por várias razões, inclusive a da língua de instrução na
sala de aulas não ser uma língua que as crianças compreendem e dominam".
Finalmente
a mulher de Xanana Gusmão considera que "o Estado timorense tem uma
obrigação constitucional de 'valorizar e desenvolver' as línguas nacionais de
Timor-Leste".
Num
comentário separado, nos debates provocados pela sua nota, Kirsty Sword-Gusmão
afirma que "não se trata de substituir o português como língua
oficial".
Trata-se,
escreve, de "ajudar crianças a aprender novos conceitos e a adquirir as
línguas oficiais numa base forte de literacia e aprendizagem precoce na língua
que sabem melhor".
"Não
é ciência nuclear. É sentido comum. E 30 anos de investigação e provas
empíricas demonstram isso", escreve.
A
nota da responsável da Fundação Alola, que suscitou algumas dezenas de
comentários, foi publicada antes de o parlamento timorense debater e votar -
está agendado para terça-feira - uma Apreciação Parlamentar para revogar a
vigência de dois polémicos diplomas que colocam o português como língua
principal apenas no 3.º ciclo.
Os
quase 20 deputados que assinam a Apreciação Parlamentar consideram que os dois
diplomas do Governo - publicados no Jornal da República em janeiro - são
inconstitucionais e "afetam negativamente o ensino da língua portuguesa em
Timor-Leste".
Os
deputados acham "flagrantemente contraditório" que o Governo, no
mesmo diploma, proclame o objetivo de "garantir um sólido conhecimento de
ambas as línguas oficiais", mas acabe por as discriminar, "colocando
em papel de destaque as línguas maternas e o tétum".
Os
parlamentares consideram que o diploma faz "perigar a aprendizagem do
português ao não lhe atribuir a devida importância na fase da vida da criança
em que ela está mais predisposta à assimilação de conhecimentos".
ASP
// JCS
Deputados
timorenses criticam quem relaciona uso do português com colonialismo
Díli,
02 mar (Lusa) - Deputados timorenses criticaram hoje comentários da ex-primeira
dama timorense, Kirsty Sword-Gusmão, que numa nota publicada no Facebook tentou
relacionar a questão do ensino do português em Timor-Leste, onde é língua
oficial, com o colonialismo.
Natalino
dos Santos, chefe da bancada do CNRT, disse que Timor-Leste "é
livre", já não é colónia portuguesa "há muito tempo" e que as
decisões sobre a língua "foram tomadas pelo parlamento livre" de
Timor-Leste.
"O
colonialismo não tem nada a ver com isto. A decisão sobre as línguas cabe aos
timorenses e os deputados têm o poder de decidir o que é melhor para
Timor-Leste", disse à Lusa.
David
Ximenes, deputado da Fretilin, considerou "totalmente errada" a
tentativa de relacionar o uso da língua portuguesa em Timor com a questão do
colonialismo.
"Ninguém
diz aqui que Timor-Leste ainda é colónia portuguesa. Todo aquele que queira
relacionar o uso da língua portuguesa em Timor como sendo colónia portuguesa
está errado. Então a Austrália ainda é uma colónia inglesa. Todos os que falam
uma língua introduzida são colónias", afirmou à Lusa.
O
deputado recordou que depois de tanto tempo "o português passou a fazer
parte da cultura e da identidade" do povo timorense e que os que fazem
comentários desse tipo "são ignorantes ao sentimento do povo".
Para
Lurdes Bessa do Partido Democrático (PD), os comentários "não fazem
qualquer sentido" já que "é evidente que Timor-Leste não é colónia
portuguesa há muito tempo" nem pretende ser "protetorado da Austrália
ou qualquer coisa que o valha".
"Este
é um assunto que cabe a nós timorenses decidir. A escolha foi feita por nós sem
saudosismos, sem interferências por questões políticas, sociológicas e
culturais, numa tentativa de sobrevivermos como Estado nesta região.
"Apelo
para que nos deixem anos decidir o que achamos que é melhor para o nosso país e
criança. Esta decisão já foi tomada pelo parlamento e a nossa constituição diz
que legislação sobre esta matéria cabe ao parlamento e não ao Governo",
afirmou.
Os
deputados reagiam a uma nota publicada no Facebook pela ex-primeira dama de
Timor-Leste Kirsty Sword Gusmão que, no debate sobre o ensino do português como
língua oficial no país, considera que "Timor-Leste deixou de ser
colónia" portuguesa.
"Timor-Leste
deixou de ser colónia da República Portuguesa, e assim o senhor presidente do
Parlamento Nacional tem um dever de servir e promover os interesses da sua
nação, e principalmente de defender o direito das crianças de terem acesso à
aprendizagem nas línguas que conhecem melhor", escreveu na sua página no
Facebook.
Sword-Gusmão,
atual embaixadora da boa vontade para os Assuntos da Educação e presidente da
Fundação Alola reagia a uma entrevista à Lusa do presidente do parlamento,
Vicente da Silva Guterres.
Nesse
entrevista o presidente pediu a outros países e a instituições estrangeiras que
deixem de "perturbar" e respeitem a decisão "fundamental e
estratégica" de Timor-Leste sobre as suas línguas nacionais, tétum e
português.
"Tenho
visto, desde o início, infelizmente, interesses estranhos a Timor a perturbar
as escolhas fundamentais estratégicas que o país tomou", disse.
Questionado
hoje sobre os comentários de Kirsty Sword Gusmão, Vicente da Silva Guterres
reiterou o que disse à Lusa.
"Já
não somos colónia de ninguém. Somos um país independente. Nacionalizámos a
língua portuguesa. Deve-se entrar imediatamente no ensino do português, com
ajuda do tétum e das outras línguas para ajudar a dominar o português",
afirmou.
"Ninguém
pode dizer que ama mais as nossas línguas maternas que nós próprios e não aceito
que alguém diga que defende mais as línguas maternas do que nós próprios",
disse.
"Não
faz sentido falar em
colonialismo. A não ser quer tenham em mente novos
colonialistas", considerou.
ASP
// DM
Portugal
entrega bolsas a 40 estudantes na Universidade Nacional timorense
Díli,
2 mar (Lusa) - O embaixador de Portugal em Díli, Manuel de Jesus, entregou hoje
bolsas de estudo da cooperação portuguesa a 40 estudantes de licenciaturas da
Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL).
As
bolsas foram entregues numa cerimónia no Auditório da Faculdade de Educação da
UNTL onde participaram, entre outros, o reitor da UNTL, Aurélio Guterres, e a
pró-reitora para os Assuntos da Cooperação da universidade, Lígia Tomás
Correia.
Trata-se
de bolsas atribuídas no âmbito do regulamento assinado pelo Camões - Instituto
da Cooperação e da Língua e pela UNTL em março de 2014.
Prevê
a entrega de bolsas de mérito, no valor de 550 euros a alunos matriculados no
2.º ano de licenciatura ou bacharelato.
Os
bolseiros são estudantes de áreas consideradas prioritárias ao desenvolvimento
do país como língua portuguesa, ensino, medicina, comércio e turismo, economia
e gestão e agricultura.
A
cooperação portuguesa atribui, além destas bolsas para o estudo em Timor-Leste,
outras para estudantes de mestrado e doutoramento em Portugal.
ASP
// VM
Na foto: Homem
enrolado em bandeira portuguesa, enterrada no dia da chegada das tropas
invasoras indonésias ao suco de Liquiçá e lá escondida até à libertação de
Timor. Fotografia de Eduardo Gageiro
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