O
Governo Provincial do Huambo, liderado por Kundy Paihama, o influente político
do regime que sempre disse que no país existiam dois tipos de pessoas – os
angolanos e os kwachas, acusou a UNITA de ter orquestrado um plano
político para ser executado pela seita “Sétimo Dia a Luz do Mundo”.
Orlando Castro
Nem
nisto o MPLA conseguiu ir além do que se previa e que aqui foi denunciado. É,
aliás, uma estratégia que faz parte do ADN do regime. O plano consistia em
levar as populações a abandonarem as suas residências, para se fixarem nas
matas, sobretudo nas ex-bases militares da UNITA.
Estaria
a UNITA, presume a brilhante (de)mente de Kundy Paihama e seus sipaios, a
preparar um exército de cerca de quatro mil pessoas (incluindo mulheres e
crianças), tantos são os simpatizantes da seita, também conhecida por
“Kalupeteca”.
Num
comunicado enviado à Angop, o governo provincial explica que a referida seita,
aproveitando-se da fé dos seus seguidores, meteu em marcha um plano político
bem orquestrado e orientado, com muitos traços que identificam a actuação
política da UNITA.
Kundy
Paihama, embora continue a honrar a boçalidade que sempre o caracterizou, já
não é o que era. Nos seus bons tempos teria com certeza dito que os seguidores
da “Kalupeteca” acreditam que Jonas Savimbi está vivo.
Lembra
o regime que no âmbito da execução do mandato de captura, emitido pela
Procuradoria-Geral da República, as autoridades policiais encontraram no morro
do Sumé muito material de propaganda da UNITA, incluindo cartões de membros
dessa organização, recentemente emitidos e assinados pelo seu secretário
provincial, Liberty Chiayaka.
Convenhamos
que, como é regra de ouro da democracia norte-coreana que vigora no nosso país,
ter cartão de membro da UNITA é só por si um crime contra a segurança do Estado
e, é claro, um inequívoco indício de terrorismo.
“Paradoxalmente,
a UNITA leva a cabo uma propaganda hipócrita, enganosa e mentirosa de que foi o
Governo quem deixou e plantou o material de propaganda, através de um
helicóptero, quando, de facto, este aparelho só se deslocou ao Sumé dois dias
depois do sucedido”, lê-se no documento.
E,
convenhamos também, alguma vez o regime era capaz de uma coisa dessas? Claro
que não. Citando de novo Kundy Paihama, todos sabemos que, por exemplo, as
armas em posse dos militantes do MPLA “são para caçar”, “o mesmo não se podendo
dizer das que estão nas mãos dos adeptos da UNITA”.
A
UNITA, prossegue o comunicado do regime, é que protagoniza, de facto, acções de
intolerância política, muitas delas de carácter subversivo, acusando o Governo
das responsabilidades dos seus próprios actos.
O
Governo da Província do Huambo afirma que, no âmbito das suas responsabilidades
e diante dos acontecimentos, priorizou as exéquias dos agentes da autoridade,
devidamente identificados, deixando para posterior a identificação e o enterro
dos elementos que se envolveram nas acções contra a polícia, de que resultou na
morte de treze deles.
Assim,
comunica a todas as pessoas que eventualmente tenham algum membro da sua
família envolvido na troca de tiros, que vitimou mortalmente efectivos da
polícia, no sentido de dirigirem-se à casa mortuária do Hospital Geral do
Huambo, para possível identificação dos cadáveres recolhidos no local até as 12
horas do dia 23 deste mês, para a realização dos funerais.
Conclui
alertando, mais uma vez, a população e os religiosos, em particular, para a
vigilância e obediência aos órgãos de Defesa e Segurança, devendo denunciar
oportunamente quaisquer intentos contra a ordem pública, a paz e unidade
nacional.
Entretanto,
o líder da bancada parlamentar da UNITA revelou que mais de 700 pessoas terão
morrido em conflitos na passada quinta-feira, dia 16, entre a polícia e
seguidos da “Kalupeteca”.
Mas
como é que isso é possível, se a Polícia Nacional (do MPLA) fala em apenas 13 civis
mortos? Provavelmente o método de contagem é o mesmo que o MPLA adoptou no 27
de Maio de 1977. Enquanto uns falam em cerca de 80 mil, a versão oficial aponta
para poucos milhares, havendo mesmo quem diga que esse massacre nunca existiu.
Folha
8 (ao)
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