quarta-feira, 20 de maio de 2015

A FORÇA DOS GRANDES LAGOS



Jornal de Angola, editorial

A Região dos Grandes Lagos já viveu momentos difíceis no que à preservação da paz e estabilidade dizem respeito, mas nos últimos tempos assiste-se a uma mudança de paradigma.


Se anteriormente escasseavam os mecanismos de gestão e solução para os conflitos políticos, militares, pré e pós-eleitorais, hoje muito mudou e grande parte desses desafios possuem soluções concertadas entre os Estados.
  
A criação da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) por parte de 12 países foi uma forma unânime das lideranças reconhecerem que os problemas de instabilidade política e militar de um Estado são de todos.
                 
Mais de 20 anos depois dos conflitos que marcaram a região, que permitiram encarar a necessidade de concentração de esforços para melhor lidar com tais desafios, continuam a registar focos recorrentes de instabilidade. 

Com a CIRGL, cuja presidência rotativa é detida por Angola, a compreensão e resposta aos problemas de instabilidade na Região dos Grandes Lagos conhecem uma abordagem diferente que em muitos casos contribui para soluções conjuntas e reduzidas probabilidades  de expansão. 

O Chefe de Estado angolano e presidente em exercício da CIRGL, José Eduardo dos Santos, convocou a Cimeira ao mais alto nível de homólogos da Região para, entre outros, debater os últimos desenvolvimentos.

Depois da preparação das equipas ministeriais, que representaram os 12 países membros da CIRGL, a Cimeira de Luanda foi aberta com o discurso do Presidente da República, que manifestou a sua preocupação sobre os últimos desenvolvimentos na região.

Na intervenção do presidente em exercício da CIRL, foram notáveis três eixos fundamentais que devem constituir prioridade na busca de soluções concertadas e sustentáveis para os problemas da região.

As prioridades são o exercício de soluções pacíficas e negociadas para acabar de vez com a pilhagem de recursos naturais e a violência dos grupos rebeldes, a análise com profundidade do fenómeno do terrorismo que assola os países da região, o alargamento e reforço dos mecanismos internacionais na luta contra o terrorismo.
 
Como é sabido, numerosos grupos que combatem Governos democraticamente eleitos formam-se, geralmente, em áreas potencialmente ricas em minerais em nome de interesses contrários aos dos povos. Políticas de inclusão, diálogo abrangente com todas as forças políticas, bem como uma agenda de desenvolvimento virada para erradicar a pobreza extrema e a vulnerabilidade dos membros das comunidades afectadas pela instabilidade política e militar, entre outras medidas, podem constituir solução.

É verdade que a situação na Região dos Grandes Lagos não é totalmente dantesca, na medida em que há progressos nos esforços de fortalecimento das instituições democráticas, na consolidação do processo de transição na República Centro Africana (RCA). 

O fracasso do golpe de Estado no Burundi, em que as forças armadas leais ao Presidente Pierre Nkurunziza demonstraram claramente a natureza apartidária e republicana, constitui um exemplo de que os países da região fortalecem as suas instituições. A rápida condenação por parte dos países membros da CIRGL ajuda também a isolar todos aqueles sectores que insistem em contrariar os compromissos políticos assumidos, a Constituição e o regime democrático. 

O fórum político que teve lugar de 8 a 11 deste mês, em Bangui, capital da RCA, que congregou todas as sensibilidades políticas contribuiu para reforçar a ideia de irreversibilidade e sucesso do processo de transição. Como defende várias vezes o Chefe de Estado angolano, a cultura do diálogo aberto e inclusivo, bem como uma estratégia de progresso anulam os focos de instabilidade política e militar. “Devemos continuar a conjugar os nossos esforços, cumprir asdecisões acordadas com coerência e bom senso e neutralizar as ingerências externas”, disse o Presidente José Eduardo dos Santos, no discurso de abertura.  Para um melhor funcionamento da CIRGL, é vital o cumprimento das obrigações financeiras dos seus membros, nomeadamente a quotização regular.

Acreditamos que as lideranças de Angola, Burundi, República Centro Africana, República do Congo, República Democrática do Congo, Quénia, Uganda, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia vão gizar estratégias de coordenação e soluções para gerir os focos de tensão e resolver os problemas que a Região vive.  É fundamental que as reuniões regulares se efectivem e sirvam como vectores de soluções ajustadas para gerir positivamente as crises de instabilidade política, militar, pré e pós-eleitoral em toda a Região dos Grandes Lagos. 
Que sejam feitos todos os esforços para os Grandes Lagos em de ser uma das das regiões mais instáveis do mundo.Os povos africanos  acreditam que a sabedoria dos  líderes da região vai poder  enco11ntrar  uma solução para os problemas   que têm  adiado o nosso desenvolvimento.  

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