quinta-feira, 28 de maio de 2015

Insegurança nos países africanos só pode ser resolvida com o desenvolvimento - Nyusi



NYUSI

Damião Trape, da AIM, em Abidjan

Abidjan
(Moçambique), 27 Mai (AIM)
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defende que os problemas de insegurança que afectam alguns dos países africanos só podem ser resolvidos com a promoção do desenvolvimento, garantindo aos povos as condições sociais básicas para o seu quotidiano.

Segundo Nyusi, alguns conflitos que ocorrem resultam, grosso modo, do facto de as pessoas não terem os meios que precisam para suprir as suas necessidades básicas ou então se sentem excluídas no processo de desenvolvimento.

O estadista moçambicano falava na noite de terça-feira, na cidade costa-marfinesa de Abidjan, em um painel que contou com participação do ex-presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, e a Presidente da Comissão da União Africana (CUA), Nkosazana Dlamini Zuma, no âmbito da 50/a Assembleia Anual do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e 41/a do Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD).

Subordinado ao tema:
Desenvolvimento e Segurança: Enfrentar as Novas Ameaças, o painel foi transmitido em directo por um canal televisivo francês.

Na ocasião, Nyusi reiterou a interligação entre estes dois fenómenos, sublinhando que
sem segurança não há desenvolvimento, mas também sem desenvolvimento há instabilidade.

O debate foi polarizado por questões relacionadas com o surgimento e actuação do movimento radical
Boko Haram em alguns países africanos como Nigéria, Republica Centro Africana e Camarões, os movimentos rebeldes no Mali, entre outros conflitos, mas também a participação de forcas da União Africana em missões de paz e a capacitação militar dos países africanos.

Segundo Nyusi, muitas das ameaças que surgem em África e no mundo em geral tem como motivações também a exclusão nos processos de governação, a falta de transparência, bem como as questões relacionadas com a procura de poder por causa dos recursos naturais.

O ódio, a falta de transparência no funcionamento das instituições também provocam instabilidade no seio dos países, disse Nyusi, vincando que no caso de Moçambique, o governo tem estado a dar prioridade a produção de comida, expansão da educação e saúde de forma a proporcionar um ambiente de tranquilidade social.

Sobre a transparência, o Presidente da República explicou que o seu governo tem estado a divulgar o seu programa quinquenal, desdobrado por acções anuais, junto das populações para facilitar o seu acompanhamento.

No meu discurso de tomada de posse convidei os moçambicanos para serem fiscais da governação. Por isso, o nosso programa de governação é público para facilitar essa mesma fiscalização, disse.

Tal como Obasanjo e Nkosazana Zuma, Nyusi defendeu uma conjugação de esforços entre os países, mesmo aqueles que não se sentem afectados, para o combate aos grupos terroristas ou todos quantos criam a instabilidade, porque os conflitos actualmente assumem uma dimensão internacional.

Contudo, segundo o estadista moçambicano, nesse combate se torna necessário identificar a origem do fenómeno de forma a ataca-lo a partir da raiz.

No mesmo painel, Obasanjo fez uma radiografia sobre a origem, natureza e actuação do movimento islâmico Boko Haram no seu país, relacionando com o problema da pobreza e falta de emprego para jovens.

Disse que este movimento foi criado por um graduado universitário que de imediato teve seus seguidores, maioritariamente jovens formados em universidades e que não encontravam emprego.

Esta situação, segundo ele, terá apanhado as Forças de Defesa e Segurança desprevenidas, pois não estavam preparadas para enfrentar um fenómeno como aquele, mas sim uma guerra convencional, daí que se tenha alastrado rapidamente pelo país.

Por sua vez, a Presidente da União Africana criticou o facto de as Nações unidas agirem lentamente quando há conflitos em África, não obstante os recursos que possuem.

Neste sentido, lamentou o facto de África não ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, mesmo se sabendo tratar-se de um continente grande, facto que concorre para a sua marginalização, em caso de conflitos.

A Assembleia Anual do BAD, cujos trabalhos terminam na próxima sexta-feira, tem como enfoque a eleição do novo presidente da instituição que vai substituir o ruandês Donald Kaberuka, que termina este ano o seu segundo e último mandato.

Estão na corrida para o cargo oito concorrentes, incluindo o zimbabweano Thomas Sakala, candidato apoiado pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), organização que Moçambique é membro de pleno direito.


(AIM) DT/le

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