quinta-feira, 7 de maio de 2015

MpD DEFENDE QUE CABO VERDE É UM PAÍS ELEVADO




O maior partido da oposição cabo-verdiana faz uma leitura completamente diferente da do Governo sobre o último relatório da Standard & Poors, que segundo o Executivo mantém o "rating" do país em B/B, com perspetiva estável.

Terça-feira, em reação ao relatório, o primeiro-ministro cabo-verdiano disse que a avaliação mostra a resiliência da economia à crise e que o país está num "bom caminho", a recuperar "lentamente" da crise e a ter um crescimento de mais de 2% (2,7% em 2014, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE)).

José Maria Neves desvalorizou o facto de a S&P rever de 2% para 1% a estimativa para 2014 feita na última revisão e de o INE estimar em 2,7% para 2014, salientando que a S&P antevê um crescimento do PIB real médio de 3,5% entre 2015 e 2018.

Em reação, o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, disse que aquilo que o primeiro-ministro disse está "totalmente ao contrário" daquilo que é a avaliação da S&P divulgada pelo Governo.

"A classificação de Cabo Verde está tecnicamente num nível considerado de lixo. Quer dizer que o risco do país é extremamente elevado, que não convida ao investimento, nomeadamente na dívida pública cabo-verdiana", considerou Ulisses Correia e Silva.

"Se Cabo Verde tivesse que lançar hoje obrigações no mercado de capitais internacionais, ninguém compraria. Essa é a leitura técnica do resultado da classificação de Cabo Verde no nível B e BB-", prosseguiu.

Ulisses Correia e Silva, que é também presidente da Câmara Municipal da Praia, falava à margem da cerimónia de entrega das Chaves da cidade à delegação da União Europeia em Cabo Verde.

Segundo o líder partidário, Cabo Verde está com um "quadro económico extremamente gravoso", e tem implicações na vida das pessoas, dizendo que é por isso que há muito desemprego, aumento da pobreza e fenómenos de insegurança nas cidades.

"O crescimento de Cabo Verde continua extremamente baixo, os dados reais que nós temos apontam que o país não cresce mais do que 1% a 2% ao ano, aquilo que é a projeção para 2015 é muito baixo, o crescimento potencial de Cabo Verde, que em 2008 era de 7%, baixou para 3%", notou Correia e Silva.

O presidente do MpD disse que o relatório da S&P é o mesmo, mas a questão é a leitura que cada um faz dele, concluindo que "a realidade é muito concreta e que só com muita artimanha se pode desvirtuar a alterar".

O que disse o PM

O primeiro-ministro cabo-verdiano considerou na terça-feira que a manutenção por parte da agência Standard & Poors do "rating" de Cabo Verde em B/B, com uma perspectiva de crescimento do PIB real, mostra a resiliência da economia do país.

"Eu acho que este indicador da Standard & Poors mostra claramente a resiliência da economia cabo-verdiana. Estamos a resistir à crise e estamos a conseguir ainda assim crescer", comentou José Maria Neves durante a inauguração do Aterro Sanitário da ilha de Santiago, obra financiada pela União Europeia em 6,5 milhões de euros.

Segunda-feira, o Ministério das Finanças cabo-verdiano, tutelado por Cristina Duarte, revelou o mais recente relatório da agência de "rating" Standard & Poors, que manteve a classificação do país em B/B a longo e curto prazo e com uma perspectiva de crescimento do PIB real do país.

Em reacção, o primeiro-ministro salientou que os indicadores são importantes para mostrar que Cabo Verde está num "bom caminho", está a recuperar "lentamente" da crise e a ter um crescimento de mais de dois por cento (2,7% em 2014, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE)).

A oposição cabo-verdiana critica, entretanto, a taxa média de 1% nos últimos seis anos e considera o ritmo de crescimento de Cabo Verde muito inferior ao da África Subsariana (5%), da CEDEAO (7%) e dos pequenos estados insulares (5%), mas José Maria Neves pediu a valorização conjunta do crescimento.

José Maria Neves desvalorizou o facto de a S&P rever de 2% para 1% a estimativa para 2014 feita na última revisão e de o INE estimar em 2,7% para 2014, indicando que há muitos organismos que fazem previsões e que o importante é o país trabalhar para o crescimento.

A agência, contudo, antevê um crescimento do PIB real médio de 3,5% entre 2015 e 2018.


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