O
maior partido da oposição cabo-verdiana faz uma leitura completamente diferente
da do Governo sobre o último relatório da Standard & Poors, que segundo o
Executivo mantém o "rating" do país em B/B, com perspetiva estável.
Terça-feira,
em reação ao relatório, o primeiro-ministro cabo-verdiano disse que a avaliação
mostra a resiliência da economia à crise e que o país está num "bom
caminho", a recuperar "lentamente" da crise e a ter um
crescimento de mais de 2% (2,7% em 2014, segundo estimativas do Instituto
Nacional de Estatísticas (INE)).
José
Maria Neves desvalorizou o facto de a S&P rever de 2% para 1% a estimativa
para 2014 feita na última revisão e de o INE estimar em 2,7% para 2014,
salientando que a S&P antevê um crescimento do PIB real médio de 3,5% entre
2015 e 2018.
Em
reação, o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e
Silva, disse que aquilo que o primeiro-ministro disse está "totalmente ao
contrário" daquilo que é a avaliação da S&P divulgada pelo Governo.
"A
classificação de Cabo Verde está tecnicamente num nível considerado de lixo.
Quer dizer que o risco do país é extremamente elevado, que não convida ao
investimento, nomeadamente na dívida pública cabo-verdiana", considerou
Ulisses Correia e Silva.
"Se
Cabo Verde tivesse que lançar hoje obrigações no mercado de capitais
internacionais, ninguém compraria. Essa é a leitura técnica do resultado da
classificação de Cabo Verde no nível B e BB-", prosseguiu.
Ulisses
Correia e Silva, que é também presidente da Câmara Municipal da Praia, falava à
margem da cerimónia de entrega das Chaves da cidade à delegação da União
Europeia em Cabo Verde.
Segundo
o líder partidário, Cabo Verde está com um "quadro económico extremamente
gravoso", e tem implicações na vida das pessoas, dizendo que é por isso
que há muito desemprego, aumento da pobreza e fenómenos de insegurança nas
cidades.
"O
crescimento de Cabo Verde continua extremamente baixo, os dados reais que nós
temos apontam que o país não cresce mais do que 1% a 2% ao ano, aquilo que é a
projeção para 2015 é muito baixo, o crescimento potencial de Cabo Verde, que em
2008 era de 7%, baixou para 3%", notou Correia e Silva.
O
presidente do MpD disse que o relatório da S&P é o mesmo, mas a questão é a
leitura que cada um faz dele, concluindo que "a realidade é muito concreta
e que só com muita artimanha se pode desvirtuar a alterar".
O
que disse o PM
O
primeiro-ministro cabo-verdiano considerou na terça-feira que a manutenção por
parte da agência Standard & Poors do "rating" de Cabo Verde em
B/B, com uma perspectiva de crescimento do PIB real, mostra a resiliência da
economia do país.
"Eu
acho que este indicador da Standard & Poors mostra claramente a resiliência
da economia cabo-verdiana. Estamos a resistir à crise e estamos a conseguir
ainda assim crescer", comentou José Maria Neves durante a inauguração do
Aterro Sanitário da ilha de Santiago, obra financiada pela União Europeia em
6,5 milhões de euros.
Segunda-feira,
o Ministério das Finanças cabo-verdiano, tutelado por Cristina Duarte, revelou
o mais recente relatório da agência de "rating" Standard & Poors,
que manteve a classificação do país em B/B a longo e curto prazo e com uma
perspectiva de crescimento do PIB real do país.
Em
reacção, o primeiro-ministro salientou que os indicadores são importantes para
mostrar que Cabo Verde está num "bom caminho", está a recuperar
"lentamente" da crise e a ter um crescimento de mais de dois por
cento (2,7% em 2014, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas
(INE)).
A
oposição cabo-verdiana critica, entretanto, a taxa média de 1% nos últimos seis
anos e considera o ritmo de crescimento de Cabo Verde muito inferior ao da
África Subsariana (5%), da CEDEAO (7%) e dos pequenos estados insulares (5%),
mas José Maria Neves pediu a valorização conjunta do crescimento.
José
Maria Neves desvalorizou o facto de a S&P rever de 2% para 1% a estimativa
para 2014 feita na última revisão e de o INE estimar em 2,7% para 2014,
indicando que há muitos organismos que fazem previsões e que o importante é o
país trabalhar para o crescimento.
A
agência, contudo, antevê um crescimento do PIB real médio de 3,5% entre 2015 e
2018.
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