O
Conselho de Segurança, onde Angola tem assento, votou ontem a resolução por
unanimidade.
O
Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde Angola tem assento, adoptou ontem
por unanimidade uma resolução condenando todas as violações e abusos cometidos
contra jornalistas em todo o mundo, lamentando profundamente a impunidade para
esses actos, noticia a ONU no seu site.
A
resolução, que a diplomacia angolana votou favoravelmente um dia antes do
jornalista Rafael Marques enfrentar a sua sentença em tribunal por ter escrito
um livro a denunciar a violência na zona de garimpo das Lundas, afirma peremptoriamente
que o trabalho de uma imprensa livre, independente e imparcial constitui uma
das fundações essenciais da democracia. “E, como tal, podem contribuir para a
protecção dos civis”.
O
Conselho de Segurança pede a todos os Estados que adoptem as medidas
necessárias para assegurar que os crimes contra os jornalistas e todos
os profissionais demedia são devidamente punidos quer em situações de
conflito, quer no dia-a-dia. O texto lembra que todas as partes de um conflito
armado devem cumprir as leis internacionais para a protecção de civis,
incluindo jornalistas, e que a independência profissional e os direitos dos
jornalistas devem ser sempre respeitados.
“Os
recentes assassínios de jornalistas chamaram a atenção de todo o mundo,
incluindo a brutal morte de representantes dos media ocidentais na
Síria”, referiu o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson. “Porém, não
devemos esquecer-nos que cerca de 95 por cento das mortes de jornalistas em
conflitos armados são jornalistas locais, que recebem menos cobertura
mediática”, acrescentou.
“Sabemos
que um conflito armado não só põe em perigo a vida e a segurança dos
jornalistas. Também limita o livre fluxo da informação, contribuindo para a
erosão do Estado de direito e a democracia”, acrescentou Eliasson.
Christophe
Deloire, dos Repórteres Sem Fronteiras, pediu a criação de um Representante
Especial do Secretário-Geral para a protecção dos jornalistas para tornar mais
proeminente o assunto dentro do sistema da ONU. Pede-se medidas urgentes,
afirmou Deloire, porque 90 por cento dos crimes contra jornalistas fica impune.
“Esse
alto grau de impunidade encoraja aqueles que querem silenciar os jornalistas a
afogá-los no seu próprio sangue”, sublinhou.
Marianne
Pearl, viúva do jornalista Daniel Pearl, raptado e decapitado em 2002 no
Paquistão, disse no Conselho de Segurança que estes são “tempos conturbados”
para o jornalismo, tendo em conta os 25 que foram mortos no que vai do ano.
“Em
2014, a impunidade no assassínio de jornalistas atingiu uns incríveis 96 por
cento e os restantes quatro por cento obtiveram justiça parcial”, disse
Marianne Pearl. Que se congratulou pelo Plano de Acção da ONU para a Segurança
de Jornalistas e a Questão da Impunidade mas especificou que é preciso mais
esforço no terreno para implementá-lo. O plano está em vigor desde 2012 mas
pouco tem conseguido para proteger os jornalistas.
Rede
Angola
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