Joana
Amaral Dias* – Correio da Manhã, opinião
Não li – nem vou ler – a
biografia de Passos Coelho, escrita por uma assessora do PSD e editada pelo
grande empresário de sucesso que se dá pelo nome de Dias Loureiro.
Enfim, se o interesse sobre a vidinha do primeiro-ministro já era mínimo,
nestas condições fica abaixo de zero. Até porque a esfera pessoal não é para
aqui chamada e, já se sabia, a sua vida académica e profissional é oca. Ainda
assim, só a capa já é todo um programa – "somos o que escolhemos
ser", titula-se, género seita, enquanto na foto Passos Coelho faz o nó da
gravata. Enfim, é como quem diz – o sucesso só depende de nós, basta querer,
todos podem chegar ao topo com força de vontade e motivação. O título
corresponde à acusação de pieguice, à recusa de uma sociedade mais justa e mais
igual, com uma escola pública de excelência e saúde gratuita porque,
supostamente, somos o que queremos ser e tudo se resume às nossas ganas e nunca
às condições sociais. No fundo, Passos Coelho pensa que todos querem viver e
ser como ele ou Dias Loureiro e subir a qualquer preço, por cima de toda a
folha. Mas sempre de gravata.
*Professora universitária
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