O
representante da ONU na Guiné-Bissau está confiante na reforma das Forças
Armadas em curso. Só
quando estiver garantida a sua segurança é que o ex-primeiro-ministro Carlos
Gomes Júnior pensa regressar ao país.
A
Guiné-Bissau tem de dar provas da sua maturidade depois do sucesso da mesa
redonda dos doadores e parceiros de desenvolvimento, que teve lugar em
Bruxelas a 25 de março. Para o representante especial do secretário-geral das
Nações Unidas em Bissau, Miguel Trovoada, o país da África Ocidental ainda
enfrenta vários desafios, depois do longo ciclo de instabilidade política e
militar encerrado com o restabelecimento da normalidade constitucional.
"A
reforma das Forças Armadas era um imperativo absolutamente prioritário",
diz.
O
antigo Presidente são-tomense ao serviço de Ban Ki-moon está confiante em
relação à nova postura das Forças Armadas, que, numa democracia, devem estar
submetidas ao poder político. "Já há projetos que estão em curso. Há várias
questões que se prendem com esta reforma: o fundo especial de pensões, a
reabilitação das instalações, a formação dos militares e a reconversão daqueles
que vão deixar as fileiras das Forças Armadas. Há toda uma série de problemas
que estão a ser contemplados no quadro da reforma que está em marcha."
A
reforma impõe-se ao nível de todo o aparelho do Estado, incluindo o setor da
Justiça, cabendo à Assembleia Nacional um papel determinante, por ser o órgão
que detém o poder legislativo, adianta Miguel Trovoada em entrevista à DW
África em Lisboa.
Regresso
de "Cadogo" só em segurança
Também
de passagem pela capital portuguesa, o ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau,
Carlos Gomes Júnior, considera imperiosa a reforma das estruturas de defesa e
segurança para o seu desejado regresso ao país, ainda sem data definida.
"Em
nome da paz e estabilidade, estou a aguardar melhores dias e melhores
oportunidades", afirma.
"Cadogo"
pede um maior empenho da comunidade internacional, depois de ter sido afastado
do poder com o golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
"A
responsabilidade da comunidade internacional não passa somente pelas eleições.
As Nações Unidas têm de assumir a sua responsabilidade. Uma delas é a segurança
e a estabilidade dentro do país", diz Carlos Gomes Júnior. "Enquanto
não se completar a reforma no setor da defesa e segurança para que tenhamos
umas Forças Armadas republicanas, que devam obediência ao poder político, nada
está feito."
O
representante da ONU na Guiné-Bissau sublinha, porém, que essa responsabilidade
é fundamentalmente dos dirigentes do país. Trovoada diz que são eles que
"têm a legitimidade de velar pela estabilidade e segurança de todos aqueles
que lá habitam".
"As
Nações Unidas estão lá e têm um mandato muito específico. Elas devem alinhar a
sua ação em função das prioridades do país. Obviamente, se houver situações
conturbadas, as Nações Unidas procurarão, no plano da comunidade internacional,
também com os parceiros bilaterais, encontrar a melhor forma de apoiar para que
a calma e a estabilidade se possam manter."
A
missão política das Nações Unidas em Bissau, com mandato até finais de
fevereiro de 2016, espera deixar o país num perfeito clima de estabilidade,
reservando depois às respetivas agências o papel de impulsionar o
desenvolvimento social e económico para o regular funcionamento das
instituições.
João
Carlos (Lisboa) – Deutsche Welle
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