sexta-feira, 12 de junho de 2015

Angola. ECONOMIST PREVÊ RECOMEÇO DE ATRASO NOS PAGAMENTOS




Falta de reservas estrangeiras está a manietar os esforços para desenvolver outras partes da economia, diz revista britânica.

Os analistas da Economist Intelligence Unit consideraram ontem que é provável que Angola recomece a somar atrasos nos pagamentos do Estado e das empresas públicas ao sector privado por causa da desvalorização do kwanza.

Num relatório ontem divulgado aos investidores, a unidade de análise da revista britânica The Economist afirma que “há uma forte probabilidade de o Estado novamente começar a atrasar-se nos pagamentos aos fornecedores”.

No documento, lê-se que “o governo está a tentar minorar o problema causado pela descida do preço do petróleo e consequente escassez de divisas, promovendo as iniciativas não relacionadas com o petróleo, mas a falta de reservas estrangeiras está a manietar os esforços para desenvolver outras partes da economia”.

A moeda nacional desvalorizou-se em mais de 6,6 por cento na última semana, segundo a taxa de câmbio oficial do Banco Nacional de Angola (BNA), insuficiente para travar a subida do dólar no mercado informal.

Para comprar um dólar norte-americano – moeda utilizada nas importações, mas também informalmente no mercado interno -, e apenas tendo em conta a taxa de referência, eram ontem necessários Kz 118,2, quando a 03 de Junho eram necessários pouco menos de Kz 111.

Nos bancos comerciais, de acordo com consultas ‘online’ realizadas ontem pela Lusa, a compra de cada dólar já estava praticamente nos Kz 122.

Esta desvalorização aconteceu sobretudo em três sessões diárias da última semana, essencialmente em resultado das condições de funcionamento do mercado cambial, mas permanece muito abaixo dos preços praticados no mercado informal, a única solução face às dificuldades dos clientes em acederem a divisas junto dos bancos comerciais.

O resultado, diz a EIU, “levou o Banco Nacional de Angola a impor restrições aos levantamentos e às transacções internacionais”, originando dificuldades para algumas empresas.

“Há várias empresas que estão a reportar dificuldades em pagar aos fornecedores estrangeiros e em processar salários, e isto criou gargalos em vários sectores económicos, incluindo a construção e a indústria”, dizem os analistas.

A combinação da desvalorização da moeda com a forte redução nos subsídios aos combustíveis, anunciada em Abril, está a fazer subir lentamente a taxa de inflação, que entre Abril e Maio subiu 0,71 por cento, segundo os dados oficiais, conclui a nota de análise.

Lusa, em Rede Angola

Sem comentários:

Mais lidas da semana