Aplausos,
poesia e emoção marcaram hoje o funeral de Maria de Jesus Barroso, falecida na
terça-feira, e cujas cerimónias fúnebre foram acompanhadas por muitos políticos
e cidadãos anónimos.
Após
ter estado em câmara ardente no Colégio Moderno, onde a antiga primeira-dama
deu aulas, a urna com os restos mortais de Maria Barroso foi aplaudida à
chegada e à saída da Igreja do Campo Grande, e também no cemitério dos
Prazeres, por cidadãos que se quiseram despedir da fundadora do Partido
Socialista (PS).
Apesar
do calor que se fazia sentir hoje de manhã, e de não poderem entrar na igreja,
que estava cheia, os populares mantiveram-se no adro, onde esperaram pela saída
dos familiares e da urna.
A
missa na Igreja do Campo Grande, em Lisboa, teve início às 11:00, durou cerca
de uma hora e meia, e contou com testemunhos da família. Na cerimónia
participaram ainda os alunos do Coro da Escola de Música do Colégio Moderno.
À
saída da missa, foi também aplaudido o antigo Presidente da República Mário
Soares, marido de Maria Barroso, que acenou e sorriu aos presentes em
agradecimento.
O
cortejo fúnebre fez uma passagem pela sede nacional do PS, no Largo do Rato,
tendo seguido depois para o cemitério dos prazeres, onde foi lido um poema de
Camilo Pessanha e onde o secretário-geral do PS António Costa fez um discurso
no qual considerou que Maria Barroso foi "a mãe fundadora" do
partido.
"A
Maria de Jesus é por direito próprio a mãe fundadora do Partido Socialista, não
só por ser e ter sido a companheira, a mulher do pai fundador do Partido
Socialista, mas por ela própria, por aquilo que ela sempre deu ao partido como
militante base, como dirigente, como deputada e sobretudo pelo carinho e pela
afetividade com que sempre nos uniu a todos", afirmou António Costa.
O
líder do PS acrescentou ainda que "em todos os socialistas fica hoje um
vazio".
"Em
nome do PS, em nome de todos os socialistas, e estou certo que em nome de
muitas mulheres e homens de Portugal, aquilo que quero dizer à cidadã e à
camarada Maria de Jesus, muito obrigado por tudo. Viva sempre Maria de
Jesus!", concluiu António Costa.
No
final da sua intervenção, o secretário-geral do PS abraçou Mário Soares, que
estava acompanhado pela família, e que tinha na mão rosas amarelas.
Na
missa de corpo presente, esteve o Presidente da República, Cavaco Silva, a
presidente da Assembleia da República Assunção Esteves, o primeiro-ministro
Pedro Passos Coelho, vários ministros e vários membros dos diferentes
quadrantes políticos.
Marcaram
ainda presença no último adeus a Maria de Jesus Barroso, o governador do Banco
de Portugal Carlos Costa, o candidato presidencial Cândido Ferreira, o antigo
autarca Valentim Loureiro, o presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina, o
líder da bancada parlamentar do PS Ferro Rodrigues, o deputado do Partido
Ecologista "Os Verdes" José Luís Ferreira e a antiga presidente do
PSD Manuela Ferreira Leite.
Duarte
Pio de Bragança, a atriz Celeste Rodrigues e a antiga atleta Rosa Mota também
participaram nas cerimónias fúnebres da antiga primeira-dama.
Maria
de Jesus Barroso, mulher do antigo Presidente da República Mário Soares, era
presidente da Fundação Pro Dignitate, foi fundadora do PS, partido pelo qual
foi deputada, e dirigiu a Cruz Vermelha Portuguesa.
Foi
também atriz, tendo trabalhado nos teatros Nacional D. Maria II, Villaret e São
Luiz, e dirigiu o Colégio Moderno, fundado pelo sogro, João Soares.
Morreu
na terça-feira pelas 05:20, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em
Lisboa, onde se encontrava internada, na sequência de uma queda, que lhe
provocou um traumatismo intracraniano.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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