sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Associação Novo Macau quer habitação nos novos aterros exclusiva para locais




Macau, China, 28 ago (Lusa) -- A Novo Macau, a maior associação pró-democracia do território, quer que o Governo garanta que os 54.000 fogos planeados para os novos aterros sejam reservados exclusivamente para locais, de modo a mitigar os problemas de habitação da cidade.

"Queremos que a habitação nos aterros seja exclusiva para residentes. O problema é que o Governo recusa-se a falar do assunto. Está a tentar fugir ao tema que nós queremos trazer para o centro da discussão", afirmou Scott Chiang, vice-presidente da associação que, na próxima semana, deverá assumir a presidência.

Segundo o Executivo, 28.000 apartamentos, que vão estar localizados no aterro A, vão ser destinados a habitação pública, a que apenas os residentes -- locais ou pessoas que tenham direito a esse estatuto ao fim de sete anos de permanência -- se podem candidatar. Tudo indica que as restantes habitações serão destinadas ao setor privado.

A reserva de terrenos para residentes é uma reivindicação antiga da Novo Macau e de vários outros setores da sociedade, num território onde a especulação imobiliária tem feito subir os preços dos imóveis a um ritmo quase ininterrupto na última década.

No entanto, após cerca de um ano de estudo da chamada política de "Terras de Macau para gentes de Macau", o plano foi afastado, com o Governo a indicar que não havia consenso sobre o tema.

Scott Chiang considera que este projeto foi "mal planeado" e, por isso, rejeitado. "O que receamos é que o Governo não ponha de parte esta ideia mas proponha [novamente] um plano mal delineado de modo a que o público desaprove", conjetura.

A associação defende que a consulta pública, que termina hoje, seja alargada e que seja disponibilizada mais informação ao público para que possa tomar uma posição informada.

"A discussão é inútil sem a informação importante, sem opiniões de profissionais, para que o público em geral possa compreender. Sem isso, independentemente da duração, a consulta é inútil", critica o ativista.

A título de exemplo, a associação recorda que apenas na véspera da data inicial do fim da consulta (que acabou por ser alargada) foi divulgado o estudo sobre o impacto ambiental e no trânsito dos cinco novos aterros, ainda sem data de conclusão.

A associação sugere também que sejam retiradas todas as habitações do aterro E, já que é ali que ficará a central de incineração -- os ativistas receiam que gases tóxicos prejudiquem a saúde dos residentes.

No dia 12 deste mês, o chefe do Executivo prometeu na Assembleia Legislativa que os cinco novos aterros não vão ser usados como contrapartida em casos de permuta de terrenos.

"Prometo aqui que os novos aterros não vão ser usados para pagar dívidas de terrenos", afirmou Chui Sai On, referindo-se a casos de recuperação de terrenos não aproveitados cuja concessão foi revertida para o domínio público.

Ainda assim, a Novo Macau não está convencida: "É possível que o Governo use terrenos dos novos aterros em troca de terrenos recuperados. Isso é uma coisa que nos preocupa. No passado já aconteceu os proprietários receberem terrenos muito melhores em troca de terrenos originalmente pequenos".

Scott Chiang afirma que o processo das permutas "não é transparente" e diz duvidar "do profissionalismo do Governo".

"Estamos particularmente atentos ao que se passa nos novos aterros. Não queremos casos de corrupção e que [aqueles] terrenos sejam prometidos", remata.

ISG//APN

Sem comentários:

Mais lidas da semana