Os
sequestros e assassinatos de albinos registam níveis preocupantes. Só este ano
foram registados pelo menos 15 casos, segundo a associação moçambicana
"Amor à Vida", que lança um apelo para a proteção deste grupo.
O
número de vítimas reportado pela "Amor à Vida" não pára de crescer.
Só na semana passada foram registados mais três casos na província de Nampula,
conta Laurinda Tembe, da associação de defesa dos direitos dos albinos.
"A
casa de uma das nossas delegadas foi invadida. Há outro caso de uma criança de
dois anos de Angoche (cidade na província de Nampula, no norte), que foi
resgatada pela polícia. E um terceiro caso de uma mãe e filha que também
estavam nas mãos de malfeitores. A mãe escapou e a filha apareceu morta",
relata.
Segundo
Laurinda Tembe, neste momento, os albinos não se sentem seguros.
"Ultimamente, quem é albino vive aterrorizado", diz. "Tem havido
vários casos de raptos. Procuram membros superiores e cabelos, porque dizem que
os albinos curam isto e aquilo e são uma fonte de riqueza".
Traficantes
disfarçados de curandeiros
Os
médicos tradicionais têm sido acusados de promover o assassinato de albinos
para fins obscurantistas.
Contudo,
o porta-voz da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO),
Fernando Mathe diz não ter conhecimento do envolvimento dos seus membros em
tais práticas. E atribui responsabilidades a "charlatães e
criminosos".
"Na
medicina tradicional real não se usam partes do corpo humano, porque um albino
não tem nenhuma coisa especial que seja diferente de nós. Existem traficantes
que procuram esconder-se de tudo isto usando o nome de curandeiros",
sublinha em entrevista à DW África.
Maior
incidência em Nampula
A
província de Nampula regista o maior número de sequestros e assassinatos de
albinos em Moçambique. A
região está próxima da Tanzânia, um país onde têm sido frequentemente
reportados casos do género.
Segundo
Pedro Cossa, do Comando Geral da Polícia, terá havido "uma prospecção que
saiu da Tanzânia e começou a penetrar em Moçambique pela via do crime
organizado e quer atingir o país".
Pedro
Cossa defende que os moçambicanos devem olhar para este tipo de crime de forma
hostil. "Não são os estrangeiros que vêm realizar estes crimes",
afirmou, mas estes usam os moçambicanos para "perseguir os irmãos e filhos
albinos".
Laurinda
Tembe, da associação "Amor à Vida", deixa um apelo à sociedade:
"Os albinos têm os mesmos direitos. Estamos aqui todos os dias a gritar
pela igualdade de direitos, mas na verdade nada acontece".
Leonel
Matias (Maputo) – Deutsche Welle
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