William
Tonet* – Folha 8 digital
OPOSIÇÃO
PARLAMENTAR UNE-SE CONTRA POLÍTICA DA “PESSOA ÚNICA”
Os
partidos da oposição parlamentar organizaram o que poderá ser um marco
importante para Angola e a maioria dos angolanos, despidos de amarras
ideológicas, se tiverem como objecto principal, uma caminhada em busca da
unidade fundamental, para aquisição do governo e poder, ao invés de uma luta
individual, para consumo dos egos pessoais dos seus líderes.
Para
vencer o refastelado e pernicioso elefante é preciso mais do que simples vontades
discursivas; é preciso mais do que palmadinhas nas costas; é preciso mais do
que simples vaidades de falsos democratas.
É
preciso saber ser pequeno e grande nos propósitos, lendo o sentimento da
maioria popular, que conclama, não paliativos, mas acções constantes,
regulares e colectivas dos “ente opositores” numa mesma plataforma, para
unidos, fazerem da escassez de recursos, um balaio de força, capaz de alavancar
o instituto sagrado e sublime de unidade, único capaz de arrepiar caminho, na
busca de uma nova aurora, difícil de ser alcançada por um só partido e tão carente
na vida da maioria dos povos autóctones discriminados constitucionalmente nas
suas línguas, culturas e tradições Bantu.
Vencer
os complexados que querem institucionalizar a teologia da libertação de Gilberto
Freire, exterminando o que existe de mais sagrado nos povos de Angola, só será
possível com acções concertadas, visando o resgate constitucional, das línguas
dos angolanos, para que não continue, discriminatoriamente, a desfilar
sozinha, no palanque dos complexados do regime (art.º 19.º CRA), uma língua
estrangeira: português, como se fosse a única em Angola, quando é apenas falada
por 25% dos cidadãos.
Esta
primeira jornada parlamentar da oposição, só será recordada, amanhã, se for a
primeira de muitas outras acções conjuntas, que o momento político actual e de
médio prazo carece.
Ninguém,
melhor, muitos poucos acreditam, que a UNITA , a CASA CE, o PRS ou a FNLA,
consigam, individualmente, ser protagonistas de uma viragem de regime,
através da via eleitoral, por muito que os seus líderes palmilhem os carreiros
dos sentires autóctones.
A
grandeza do vício institucional, que corroi o sentido humano é tão grande,
quanto a ligeireza com que o azeite blinda as instituições do Estado, criadas
exclusivamente, para atender a uma visão monárquica de manutenção de poder.
Isaías
Samakuva, Abel Chivukuvuku, principalmente, estes dois, secundados por Eduardo
Kuangana e Lucas Ngonda e outros, só serão recordados, amanhã, se conseguirem
despir-se dos orgulhos individuais e criarem uma verdadeira Plataforma
Eleitoral Para Mudança, com o objectivo principal de derrubar, não já o Partido
Único mas a Pessoa Única que aprisiona Angola e os angolanos e está em vias de
conseguir um feito inédito; exterminar o primeiro povo de Angola, os Khoissan,
constitucionalmente discriminados.
Por
esta razão, estes senhores (Samakuva, Chivukuvuku, Kwangana, Ngonda, entre
outros), líderes da oposição, têm de baixar a guarda, descer as escadarias da
humildade, hasteando a nobreza da política de proximidade, interpretando o clamor
dos sentires e desejos da cidadania excluída.
Têm
de ser capazes de se despojar da tentação, voluntária ou involuntária de,
subversão subreptícia dos instrumentos estatutários e programáticos dos
partidos (enquanto micro-estados), perpetuando-se nos poleiros, para terem
estatuto de inedetismo nas critícas a quem, se transformou em PESSOA ÚNICA
(maior instituição do poder de Estado, com exército privado, colossal
monopólio económico, controlo exclusivo das telecomunicações, da comunicação
social, etc) e a baptizou, através de “engenharias ilícitas de
constitucionalidade” em órgão de soberania (art.º 105.º da Constituição), sem
mandado do povo soberano, como estatui o n.º 3.º da Constituição (“a soberania,
una e indivisivel, pertence ao povo”) e sem ser nominalmente eleito.
Os
grandes homens, não são os que se apegam a longos períodos no poder (do partido
ou do Estado); não são os doentes “chefialoides” (difundem a tese de a manutenção,
além dos prazos estabelecidos, ser motivada pela proximidade das batalhas
políticas), que abominam a mudança interna, com as mais falsas justificativas…
Os
verdadeiros líderes, aqueles que os cidadãos ambicionam, são escravos dos
mandatos estatutários, identificam-se com o jogo da transparência, que impõe
cego respeito e não cega ambição de perpetuidade.
Se
estes líderes da oposição forem capazes de protagonizar algo mais do que uma
feira de vaidades, teremos aqui um verdadeiro embrião de mudança de regime.
Mudar
para conferir angolanidade as línguas, as culturas, as tradições da maioria
dos angolanos, respeitando, a mais nova etnia de Angola: os “angolanistas”,
aqueles que não se reveêm nas culturas, tradições e línguas angolanas, mas
unicamente na língua portuguesa, esta sim merecedora de “promoção e
valorização”, por ser de origem europeia e não como, complexadamente, postula
a al.ª n) do art.º 21.º da CRA, em relação à aquelas.
Se
os orgulhos pessoais forem colocados à margem, os angolanos descrentes poderão
revigorar esperanças na tribo política e blindar o sentimento de democracia
apoiando incondicionalmente a nova visão das lideranças políticas de “só a
unidade é capaz de produzir algo de substantivo. Só a unidade constroi”,
parafraseando Dom Viti, na magistratura da sua fértil e actual clarividência de
homem comprometido com a fé cristã. Sigam-lhe as peúgadas e construam o que
de vós espera a maioria dos angolanos.
“In
fine”: fiquei horrorizado durante as jornadas, ao ver deputados da oposição sem
humildade de fazer diferente dos ligados ao partido no poder, quanto aos
gastos e aos gestos. Em cada paragem dos freios dos jeeps Lexus (dizem-me que
vendidos por uma empresa de um dos filhos do presidente da Assembleia
Nacional) ninguém sai do interior dos mesmos, sem que um guarda ou abridor de
porta as abra…
Terrível,
penso eu, na minha pequenez, quando muitos, se não forem reconduzidos não ter
condição de manter esse efemero “status” bangozo de motorista, guarda-costa,
etc.
Como
entender, que deputados eleitos para fazer diferente, desfilem garbosamente,
hábitos e gestos de cariz, muitas vezes, fascistóides.
Ora,
se na oposição não conseguem, salvo raras excepções, ter noção de redução de
gastos, não terão a nobreza de as fazer se, um dia, forem maioria e poder.
É
pois imperioso mudar este estado de coisas, estas bangas barrocas, que não os
dignifica, principalmente, quando se via no parque de estacionamento, onde
decorreu as jornadas, mais pessoal de apoio, aos deputados que jeeps (tinham
mais quorum se realizassem as I Jornadas Parlamentares do Pessoal de Apoio dos
aos deputados da Oposição). Uma aberração, aliada a falta de rigor das
comissões especializadas de apoio, no apoio devido ao trabalho da imprensa e
participantes, não tendo uma fotocopiadora, para reproduzir e distribuir, por
exemplo, os discursos dos palestrantes…
É
preciso suprir este amadorismo com maior rigor e profissionalismo, logo, um
diploma de participação e uma brochura policopiada das intervenções,
conferiria, outro lustro e visão de preparo para a gestão dos destinos do
Estado…
Finalmente,
a minha critica, no quadro da liberdade de pensamento, aos meus amigos
Samakuva da UNITA e Chivukuvuku da CASA - CE, porque o são verdadeiramente;
amigos, a presunção de a liderança lhes conferir legitimidade de se
distanciarem do calor dos participantes, abandonando a sessão após os discursos
inaugurais (uma replica ao comportamento de Eduardo dos Santos) e, na do encerramento,
não foi avisada, nem justificada a ausência do líder da coligação amarelinha.
No mais os meus parabéns…
*Diretor
do Folha 8
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