Associações
de estudantes universitários moçambicanos manifestaram-se hoje preocupadas com
a tensão política em Moçambique, enaltecendo a importância da paz e da
estabilidade para o desenvolvimento do país.
"Viémos
manifestar a nossa indignação e preocupação, notamos, com alguma tristeza, que
há determinados acontecimentos que ameaçam a paz no país", disse à agência
Lusa Nuno Horácio, presidente da Associação de Estudantes Universitários da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), à margem de uma manifestação de apelo à
paz em Maputo, organizada hoje pela União Nacional de Estudantes de Moçambique.
Numa
altura em que o país atravessa um clima de tensão, com a ameaça de
confrontações militares entre o exército e o maior partido da oposição, a
Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), os estudantes universitários
apelaram às partes envolvidas para optarem por um diálogo sério, franco e
aberto, assinalando que a educação é a base para o desenvolvimento de qualquer
Estado, mas que esta é impossível num clima de guerra.
"A
paz é a condição para o nosso desenvolvimento. Aliás, foi a paz que nos trouxe
espaço para o surgimento das academias", sublinhou Joaquim Cabaca,
vice-presidente da Associação de Estudantes da Universidade Técnica de
Moçambique, convidando os lideres políticos a aconselharem-se junto das
academias para melhor dirigirem os destinos do país.
Trajados
de camisetas brancas, com mensagens de apelo ao diálogo e a imagem de uma
pomba, a aludir à paz, centenas de estudantes de várias instituições de ensino
superior publicas e privadas concentraram-se na praça da paz às 08:30 locais
(09:30 de Lisboa), mesmo sob a ameaça da chuva e da temperatura baixa que se
faz sentir hoje na capital moçambicana.
"Todos
nós, enquanto cidadãos, somos chamados a manifestar-se contra qualquer
possibilidade de guerra em Moçambique", afirmou à Lusa Hermenegildo
Machoi, presidente da Associação de Estudantes da Academia de Ciências
Policiais, salientado que a existência de um "grupo armado não
autorizado" é um perigo para a segurança pública, em alusão ao braço
armado do maior partido da oposição.
A
manifestação, que começou quase com uma hora de atraso, foi acompanhada por um
pequeno contingente policial, contrariamente ao que é hábito em situações
similares.
"Esta
é uma iniciativa louvável e que deve ser levada a sério", declarou à Lusa
Teresa Isabel Adriano, diretora pedagógica do Instituto Superior de Gestão e
Finanças, relembrando que Moçambique já viveu a guerra dos 16 anos, que
terminou em 1992.
"Nós,
como um estrato da sociedade, exigimos apenas a paz e pedimos que as partes
envolvidas dialoguem para resolução definitiva desse problema", reiterou o
presidente da Associação de Estudantes Universitários da UEM.
A
Renamo exige a criação das autarquias províncias em todo país e quer governar
as seis regiões onde reclama vitória eleitoral nas eleições de outubro de 2014 em
Moçambique, sob ameaça de tomar o poder à força.
Na
semana passada, uma comitiva do líder da Renamo foi atacada em Chibata, junto
do rio Boamalanga, quando regressava de um comício em Macossa, a caminho de
Chimoio, capital de Manica, no centro de Moçambique.
Na
quinta-feira, a Renamo ameaçou vingar-se do ataque e acusou diretamente o chefe
de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, de ter dado ordens para assassinar o seu
líder, Afonso Dhlakama, imputando ao ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, e ao
chefe do Estado-Maior General, Graça Chongo, conveniência no alegado plano.
Em
2013, o braço armado do principal partido de oposição bloqueou a única estrada
que liga o sul e o centro ao norte de Moçambique, levando a confrontos entre as
Forças de Defesa e Segurança e a Renamo durante 17 meses, tendo causado um
número desconhecido de mortes.
Os
confrontos pararam formalmente em 05 de setembro do ano passado, com a
assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares entre Afonso
Dhlakama e o então chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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