O
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ordenou o rapto do comandante distrital da
polícia e do administrador de Tambara, Manica, centro de Moçambique, para os
"espancar publicamente", mas estes escaparam, denunciou o
administrador Maurício Macharubo.
A
tentativa de rapto, ocorrida na quarta-feira, foi hoje divulgada por Maurício
Macharubo na Rádio Moçambique e confirmada numa gravação de declarações de
Dhlakama num comício, no mesmo dia e também em Tambara, a que a Lusa teve
acesso.
"Vão
buscar agora o comandante da polícia e o administrador, quero dar 'mbama'
[bofetada] publicamente", ordenou Afonso Dhlakama, alegando ter recebido
denúncias de maus-tratos a apoiantes do maior partido de oposição naquele
distrito.
"Tambara
é Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], por isso não podemos admitir
brincadeiras", disse Dhlakama, ordenando a cinco comandos da sua guarda
para trazer ao comício os visados, mas regressaram com informações de que o
administrador e o comandante da Polícia estavam ausentes.
A
Lusa tentou hoje em vão ouvir o comandante local da polícia e o administrador
de Tambara.
Citado
pela estatal Rádio Moçambique, Maurício Macharubo, administrador de Tambara,
contou que homens armados da Renamo dirigiram-se ao comando da polícia e à
administração distrital para "capturar" o administrador, o chefe das
operações da polícia e o primeiro-secretário da Frelimo (Frente de Libertação
de Moçambique, no poder), em cumprimento das ordens do seu líder.
"O
grupo mandatado para capturar o administrador e o chefe de operações [da
Polícia] desceu para o comando e um outro grupo dirigiu-se para o gabinete do
administrador, encontrou o meu assistente e perguntaram: 'Onde está ao
administrador?' O meu colega respondeu que o administrador está no seu
programa, fora da vila", descreveu Maurício Macharubo.
O
administrador contou que havia instruído os membros do governo distrital para
que se retirassem dos gabinetes e deixassem as suas residências, durante o
período em que decorria o comício, o que permitiu que não fossem alvos do plano
do líder da Renamo.
Este
incidente segue-se a um ataque no sábado em Manica contra uma coluna em que
seguia Dhlakama, que saiu ileso.
A
Renamo imputou o ataque às forças de defesa e segurança de Moçambique, por
ordem do chefe de Estado, Filipe Nyusi, e na quinta-feira ameaçou retaliar.
Este
posicionamento, enfatizou, em conferência de imprensa, o secretário-geral da
Renamo, Manuel Bissopo, "não é uma declaração de guerra, mas que fique
claro que a Renamo irá reagir política e sabiamente".
Moçambique
vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os
resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias
onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
Lusa,
em Notícias ao Minuto - ontem
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