sábado, 19 de setembro de 2015

Moçambique. Comandante da polícia escapa a rapto ordenado por líder da Renamo



O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ordenou o rapto do comandante distrital da polícia e do administrador de Tambara, Manica, centro de Moçambique, para os "espancar publicamente", mas estes escaparam, denunciou o administrador Maurício Macharubo.

A tentativa de rapto, ocorrida na quarta-feira, foi hoje divulgada por Maurício Macharubo na Rádio Moçambique e confirmada numa gravação de declarações de Dhlakama num comício, no mesmo dia e também em Tambara, a que a Lusa teve acesso.

"Vão buscar agora o comandante da polícia e o administrador, quero dar 'mbama' [bofetada] publicamente", ordenou Afonso Dhlakama, alegando ter recebido denúncias de maus-tratos a apoiantes do maior partido de oposição naquele distrito.

"Tambara é Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], por isso não podemos admitir brincadeiras", disse Dhlakama, ordenando a cinco comandos da sua guarda para trazer ao comício os visados, mas regressaram com informações de que o administrador e o comandante da Polícia estavam ausentes.

A Lusa tentou hoje em vão ouvir o comandante local da polícia e o administrador de Tambara.

Citado pela estatal Rádio Moçambique, Maurício Macharubo, administrador de Tambara, contou que homens armados da Renamo dirigiram-se ao comando da polícia e à administração distrital para "capturar" o administrador, o chefe das operações da polícia e o primeiro-secretário da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder), em cumprimento das ordens do seu líder.

"O grupo mandatado para capturar o administrador e o chefe de operações [da Polícia] desceu para o comando e um outro grupo dirigiu-se para o gabinete do administrador, encontrou o meu assistente e perguntaram: 'Onde está ao administrador?' O meu colega respondeu que o administrador está no seu programa, fora da vila", descreveu Maurício Macharubo.

O administrador contou que havia instruído os membros do governo distrital para que se retirassem dos gabinetes e deixassem as suas residências, durante o período em que decorria o comício, o que permitiu que não fossem alvos do plano do líder da Renamo.

Este incidente segue-se a um ataque no sábado em Manica contra uma coluna em que seguia Dhlakama, que saiu ileso.

A Renamo imputou o ataque às forças de defesa e segurança de Moçambique, por ordem do chefe de Estado, Filipe Nyusi, e na quinta-feira ameaçou retaliar.

Este posicionamento, enfatizou, em conferência de imprensa, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, "não é uma declaração de guerra, mas que fique claro que a Renamo irá reagir política e sabiamente".

Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Lusa, em Notícias ao Minuto - ontem

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