terça-feira, 6 de outubro de 2015

Angola. FAMILIARES DOS ATIVISTAS DETIDOS REAGEM À ACUSAÇÃO DA JUSTIÇA



Ministério Público acusou 17 pessoas de alegadamente estarem a preparar uma rebelião e um atentado contra o presidente.

Os familiares dos 15 activistas detidos em Luanda desde Junho, por alegadamente estarem a preparar um atentado contra o presidente, reagem hoje, em conferência de imprensa, à formalização da acusação, por parte do Ministério Público.

De acordo com a convocatória, na conferência de imprensa estarão presentes, além dos familiares, os advogados que defendem estes activistas, presos preventivamente há 107 dias, para que “possam esclarecer o estado do processo”.

“Será também esclarecido o estado actual dos detidos que iniciaram uma greve de fome no dia 21 de Setembro”, refere-se ainda.

Ontem, o Rede Angola publicou o conteúdo do despacho de acusação proferido pelo Ministério Público contra os 15 activistas em prisão preventiva e mais duas jovens – que permanecem em liberdade -, alegando a preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que estes aprendiam num curso de formação.

“Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram ‘Governo de Salvação Nacional’ e elaborar uma ‘nova Constituição'”, lê-se na acusação, deduzida três meses depois das detenções.

Em causa está uma operação policial desencadeada a 20 de Junho de 2015, quando 13 jovens activistas foram detidos em Luanda, em flagrante delito, durante a sexta reunião semanal de um curso de formação de activistas, para promover posteriormente a destituição do actual regime, diz a acusação.

Outros dois jovens foram detidos dias depois, permanecendo todos em prisão preventiva desde então, sendo que um deles está em greve de fome há vários dias, considerando-se presos políticos.

Estão acusados da co-autoria material de um crime de actos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o Presidente da República, no âmbito desse curso de formação que decorria desde Maio.

Segundo a acusação, reuniam-se aos sábados para discutir as estratégias e ensinamentos da obra “Ferramentas para destruir o ditador e enviar uma nova ditadura, filosofia da libertação para Angola”, do professor universitário Domingos da Cruz – um dos arguidos detidos -, adaptado do livro “From Dictatorship to Democracy”, do norte-americano Gene Sharp.

“Uma vez cumprido o programa [do curso], que tinha a duração de três meses, partiriam para acção prática e concreta, pondo em execução os ensinamentos para o derrube do ‘regime’ ou do ‘ditador’, começando com greves, manifestações generalizadas, com violência à mistura, com a colocação de barricadas e queimando pneus em toda as artérias da cidade de Luanda”, refere a acusação.

Lusa, em Rede Angola

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