Hélder Semedo, Coimbra
Foi
a dirigente do Bloco de Esquerda que usou o termo que anunciou que o governo
Passos, da coligação, já não era governo. Também Mariana Mortágua escreveu um
artigo de opinião no Jornal de Notícias intitulado “Adeus, Passos”. O que os do
bloco sabem, para dizerem o que dizem, a maioria dos portugueses não sabem, nem
as bases do Partido Socialista sabem de fonte segura se o PS vai constituir o
governo de uma esquerda unida. A vontade de que assim aconteça, entre a maioria
das bases socialistas, é auscutável e num referendo interno vai vencer – se acaso
António Costa declarar a sua vontade e concordância em ser primeiro-ministro
com o apoio dos partidos à esquerda. Ao fim e ao cabo esta é a vocação do
Partido Socialista e não o que tem acontecido em contra-natura, aliar-se à
direita. O PS já perdeu muitos votos por se virar para a direita e fazer parte de alianças de uma direita que veio ao longo de décadas abusando e operando no regresso ao
passado. Passos e Portas, neste governo que resistiu quatro alucinantes e malfadados
anos, deu a machada final em tal tipo de políticas socialistas aliadas à
direita. É evidente que Cavaco Silva contribuiu bastante para esta viragem
escandalosa à direita, protegendo o governo a que chamou seu. Sendo pela calada
seu mentor em determinados aspetos e políticas executadas. O extremismo desta
direita fez com que a inquietante verdade sobressaísse. Por tal os portugueses deram a
maioria à esquerda, Não há como negá-lo.
Vêm
agora os detratores desenterrar o machado de guerra com o papão do PCP (que
come criancinhas ao pequeno-almoço), perfilando-se nas fileiras reacionárias e
antidemocráticas. Vimos isso em comentadores nas televisões, nas rádios, nos
jornais. Mas também o vimos na elaboração de peças jornalísticas em vária
imprensa escrita. Até parece que está tudo por conta do reacionarismo da direita saudosista. A chantagem psicológica exercida aos espetadores, aos
ouvintes, aos leitores, é selvática e inadmissível. Assim se percebe quanto os meios de
comunicação social estão na posse de uma direita com cores pseudo-democráticas em
que aparece o cinzentão salazarista. Mais de quatro décadas depois do derrube
do fascismo salazar-marcelista bastou elegerem um pseudo democrata como Cavaco
para PR e, para o governo, uns meninos-prodigio parasitas - que quase nunca trabalharam e têm
navegado na vida repimpadamente à custa dos seus partidos e da política - para que o
tempo tivesse voltado para trás. Mais quatro anos e voltávamos a um fascismo moderno a que chamam neoliberal mas que deve ser conotado com a radicalização de políticas de direita perigosa antidemocrática e desumana. Razão mais que suficiente para o PS ter de estar, por vocação e vontade das suas bases
militantes, dos socialistas, em oposição a isto.
Portugal
é uma nação quase milenar que não deve rejeitar o seu europeísmo, mas que tem a
obrigação de saber defender a sua soberania, em vez de bajular escandalosamente
a senhora Merkel, toda poderosa da UE, e os mercados. Muito menos tem de ver as
suas empresas estratégicas vendidas ao desbarato, quase oferecidas. Tudo isso e
a miséria instalada são vergonhosamente gritantes. A favor disso tem sido a política
e a prática do governo ainda instalado e dirigido por Passos e Portas. É contra
tais políticas e práticas que as bases socialistas estão contra e querem uma
mudança, querem que o PS seja governo com o apoio de uma esquerda unida. É
assim a auscultação na zona centro de Portugal, no sul e também no norte. O PS
tem de ser governo por ter legitimidade para tal. Cavaco Silva não tem espaço
para o evitar e se nomeasse Passo e um governo da PaF, logo veria na Assembleia
da República que a sua teimosia saudosista de fazer perdurar a direita nos
destinos de Portugal estava condenada a ser derrubada logo no inicio da
legislatura. Por muito tacanho e absoluto que Cavaco é não se disporá a cair
nesse ridículo.
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