Bom
dia. Este devia ser só o Expresso Curto, do Expresso, mas pela nossa parte vai
ser mais que isso. Puxe a cadeira e sente-se.
A
melhor semana possível é o que se deseja. Em Portugal os dias têm andado
cinzentos, provavelmente foram buscar as cores do nosso hóspede no Palácio de
Belém, aquele que dizem que é presidente da República, Cavaco. Que ele foi
eleito para isso é verdade, mas pelo que tem demonstrado parece mais um rei
mortiço e momo. Vai ser com esse que António Costa hoje se encontrará para
falarem das eleições e de como Portugal vai ter governo. Lá pelas 5 horas da
tarde já saberemos o resultado da conversa. Claro que Cavaco vai insistir em
continuar com o seu governo da desgraça dos portugueses, chefiado pelos tarimbeiros
amestrados Passos e Portas. Costa dirá que anda a conversar com a esquerda –
Bloco, PCP e Verdes (CDU) – e as decisões ficarão para depois. Como o PS vai
referendar se vira à esquerda socialista ou à direita radical e ressabiada, não
teremos decisões nos dias mais próximos. Talvez pelo natal já Portugal tenha
governo, produto destas últimas eleições. Entretanto o governo de
Cavaco-Passos-Portas vai avançando a desbaratar o pouco que resta de Portugal e
dos portugueses, entregando ao grande capital, de mão-beijada e em saldos, o
que de melhor Portugal ainda tiver. Os amigos são para as ocasiões. Um dia se
saberá um pouco sobre que negociatas foram feitas e como uns quantos políticos aumentaram
ainda mais as suas contas bancárias e seu património. O costume, a corrupção
anda por aí e a justiça anda cega para o lado dos grandes ladrões. Disse, com
verdade, o general Ramalho Eanes, que as prisões em Portugal estão a abarrotar,
repletas de pequenos ladrões, enquanto os grandes ladrões se governam e ocupam
os poderes do país. Pois. E disse-o sem papas na língua. O Cavaco e outros
ouviram mas assobiaram para o lado, a justiça - que só vê para o lado dos pé-rapados
– também assobiou em surdina e retirou os pratos da balança para que não percebessemos
os desequilíbrios a que a sujeitam. Claro que já vimos o efeito. Nem precisamos
de olhar para a balança… que representaria uma justiça equilibrada, se fosse.
Alguma
coisa já foi dita. O Expresso Curto está a arrefecer… Já gora refira-se o que
pode encontrar no produto inserido ontem no Página Global e outras que nos
lembremos. Da lusofonia, dos palop, temos a efervescência da Guiné-Bissau, com
um PR que talvez ande com prisão de ventre que lhe afeta o cérebro e implica
com tudo e com todos. Antes com o PM que demitiu, Simões Pereira. Agora com o
PM que não consegue formar governo por o PR Mário Vaz não gostar dos elementos
do governo apresentados pelo novo PM, Carlos Correia. Entretanto anda às
cabeçadas com o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá… Outras marradinhas
vai dando aqui e ali. Quem se está a tramar é o país, são os guineenses. Já
aqui no PG foi posto à letra o que nos referiram em Bissau: “o PR tem de ir
fazer uma avaliação psiquiátrica, ele não está bem de saúde mental”. Que azar têm
os guineenses. Ou é pisoteado por golpistas, assassinos, ou por malucos. Livra!
Angola.
De Angola o melhor é não falar. Já a seguir podem ler muito sobre Angola. A
coisa está preta. As nuvens pairam sobre os angolanos. O regime anda de cabeça
perdida na sua luta de perpetuação e de roubo aos angolanos. Também aqui se
pode dizer: que azar!
Moçambique
tem também a seguir a devida abordagem, em notícias e uma prosa de opinião de
Leandro Vasconcelos, de Maputo. Parece que a presidente da Liga dos Direitos
Humanos moçambicana se perdeu por “amores” à causa de Afonso Dhlakama e
considera que ele não deve ser incomodado por autoridades apesar de ter
arsenais de guerra até em casa, na Beira… Mas o Leandro escreve e diz o que
pensa. Até considera Dhlakama terrorista… Pois.
Atravessando
o Índico vamos desembocar em Macau e a seguir, descendo-o no rumo sudeste,
desembocamos em Timor-Leste. Reina por lá a paz. Reinam também as carências dos
timorenses. Num milhão e tal de habitantes existem cerca de 400 mil que
subsistem não se sabe bem como. Isso não invalida que os deputados tenham
garantida uma pensão vitalícia que é contestada pela população na generalidade.
E há protestos vigorosos. Mas no Parlamento os deputados estão surdos. Para
eles o povo só serve para os eleger. Depois é gastar à tripa-forra. O que faz
lembrar os outros países. O fartar vilanagem chegou a Timor-Leste antes de tudo
que seria correto e democrático. É o costume. Políticos surdos quando não lhes
convém é o que abunda aí pelo globo terrestre. Falando ainda de Timor-Leste… A
corrupção continua na ordem do dia. Xanana continua impune e ministro, a
ex-ministra das Finanças, Emília Pires, está a ser julgada. Mas, o quê? Ela é uma
mulher poderosa, tem por abrigo os amigos americanos e os congéneres
australianos. A batota está montada. Não esperem grande coisa do julgamento e
respetivas consequências para os crimes cometidos. A impunidade vai vencer mais
uma vez. Em Timor-Leste como na restante lusofonia. Existem muitos vigaristas,
muitos ladrões, nos poderes e a falarem português. Karma lusófono e do mundo.
Macau.
Macau recomenda-se. Quando lá vamos até ficamos com os olhos em bico. Em Hong
Kong ainda mais. Muito mais. São regimes democráticos que até arrepia… Mas o
dinheiro corre em rios, para uns quantos.
Brasil.
Andam querendo ressuscitar os coronéis. Está tudo dito.
Siga
para o Expresso desta manhã. Arranque rápido mas sem levantar poeira. Cuide do
ambiente. Lembre-se que respiramos, ou devíamos respirar, oxigénio.
Depois
desta volta pela lusofonia, com dirigentes que são uma nódoa, deixamos, para os
povos, votos de bom dia. Saúde. Sorte. E dinheiro para gastos. Sorria, mesmo
que não tenha casa, nem comida, nem emprego, nem vida. Pragueje contra os que o
roubaram e roubam. Contra si, porque provavelmente foi enganado e votou nos políticos que não devia. Agora aguente-se e recicle-se. A luta continua.
Redação
PG /MM
António
Costa, entre o bluff com o centro e o all in à esquerda
Pedro
Candeias – Expresso Curto
Bom
dia,
Entrámos na fase do jogo político e manda a etiqueta e a norma que puxemos para o tabuleiro os peões, os bispos, os cavalos, o rei e a rainha, as torres e os cavalos; e que falemos de xadrez. É tático e estratégico. É um contra o outro e as regras são iguais para toda a gente, porque o bispo andará sempre na diagonal e o peão mexer-se-á casa a casa. E ambos têm as mesmas hipóteses de ganhar. Obviamente, o xadrez não é política. Mas o póquer, é.Porque depende das cartas que cada um recebe e das que troca, ou da capacidade de fingir que se tem o que não se tem, e de convencer o outro que o que ele tem, não chega.
Esta é a arte do bluff sobre a qual Teresa de Sousa e Manuel Carvalho escreveram no Público sobre António Costa, que se reuniu com o PCP na semana passada e deixou no ar um entendimento inédito entre partidos muito mais distantes entre eles do que a cor de ambos faria supor. Seria o mundo de pernas para o ar e não se vê ninguém a fazer o pino. Mas (há sempre um 'mas') ainda há trunfos a pôr na mesa, para ganhar tempo, pressionar a direita a negociar os termos... noutros termos; ou, então, reescrever a história dos partidos.
Vamos ao dia de hoje, que António Costa está on tour e tem a agenda cheia: encontra-se com o BE no nº 268 da Rua da Palma, às 11h; segue para a sede do PAN, no nº 81 da Av. Almirante Reis, às 14h30; e termina o dia noPalácio de Belém, com Cavaco, às 16h. O Google Maps recomenda este trajeto, a pé ou de carro.
Sobre o encontro entre socialistas e bloquistas:
Entrámos na fase do jogo político e manda a etiqueta e a norma que puxemos para o tabuleiro os peões, os bispos, os cavalos, o rei e a rainha, as torres e os cavalos; e que falemos de xadrez. É tático e estratégico. É um contra o outro e as regras são iguais para toda a gente, porque o bispo andará sempre na diagonal e o peão mexer-se-á casa a casa. E ambos têm as mesmas hipóteses de ganhar. Obviamente, o xadrez não é política. Mas o póquer, é.Porque depende das cartas que cada um recebe e das que troca, ou da capacidade de fingir que se tem o que não se tem, e de convencer o outro que o que ele tem, não chega.
Esta é a arte do bluff sobre a qual Teresa de Sousa e Manuel Carvalho escreveram no Público sobre António Costa, que se reuniu com o PCP na semana passada e deixou no ar um entendimento inédito entre partidos muito mais distantes entre eles do que a cor de ambos faria supor. Seria o mundo de pernas para o ar e não se vê ninguém a fazer o pino. Mas (há sempre um 'mas') ainda há trunfos a pôr na mesa, para ganhar tempo, pressionar a direita a negociar os termos... noutros termos; ou, então, reescrever a história dos partidos.
Vamos ao dia de hoje, que António Costa está on tour e tem a agenda cheia: encontra-se com o BE no nº 268 da Rua da Palma, às 11h; segue para a sede do PAN, no nº 81 da Av. Almirante Reis, às 14h30; e termina o dia noPalácio de Belém, com Cavaco, às 16h. O Google Maps recomenda este trajeto, a pé ou de carro.
Sobre o encontro entre socialistas e bloquistas:
o Público escreve que "os socialistas querem
um acordo escrito que viabilize a governação e não apenas o programa" e
que "o BE vai levar dezenas de iniciativas legislativas
calendarizadas";
o Diário de Notícias garante
que o "PS está dividido" e que irá referendar os
militantes sobre a aliança à esquerda, e que o BE de Marisa, Mariana
e Catarina não cede na sua posição;
o Jornal i titula
que o Bloco está "fora do governo do PS mas quer viabilizar o
orçamento socialista". À hora de almoço, mais coisa, menos coisa,
mais para a esquerda, mais para o meio, logo veremos.
Mas
isto não acaba aqui, porque amanhã há novo rendezvousmarcado: António
Costa, Passos Coelho e Paulo Portas voltam a falar, e o líder do PSD já
prometeu que ia ser um bocadinho mais atrevido*, seja lá o que isso for. E, só depois
dessa reunião PSD/CDS e PS, podemos começar a perceber se isto é taticismo ou
se há a tal mudança de paradigma é real. Se há bluff com o centro, ou all
in à esquerda. Ou então recolhe-se o baralho e volta-se a dar cartas.
Outra vez.
Do jogo de póquer de António Costa, vamos para a partidinha de King de Marcelo Rebelo de Sousa. O rei-do-comentário-político-que-é-candidato-a-presidente despediu-se da TVI (o contrato fica suspenso) numa emissão em que a Jornal das Oito se transformou no chá das cinco fora de horas. Marcelo recordou histórias e historietas com José Alberto Carvalho, Judite Sousa, José Carlos Castro, Ana Sofia Vinhas, Júlio Magalhães, Sérgio Figueiredo e João Maia Abreu (veja as fotos da festarola, aqui] para Portugal ver.
Esta é a pré-pré-campanha de Marcelo, que disse ter-se decidido avançar a Belém "há pouco tempo" e que iria ter saudades daquela estação. Perde a TVI, claro, mas perde também o Expresso Curto, que tinha um lugarzinho reservado, por defeito, para uma citação do Professor na rubrica das Frases de segunda-feira. Como hoje.
*Nota mental: insolente e arrogante são as primeiras palavras que o Priberam nos dá quando buscamos o significado de atrevido
Do jogo de póquer de António Costa, vamos para a partidinha de King de Marcelo Rebelo de Sousa. O rei-do-comentário-político-que-é-candidato-a-presidente despediu-se da TVI (o contrato fica suspenso) numa emissão em que a Jornal das Oito se transformou no chá das cinco fora de horas. Marcelo recordou histórias e historietas com José Alberto Carvalho, Judite Sousa, José Carlos Castro, Ana Sofia Vinhas, Júlio Magalhães, Sérgio Figueiredo e João Maia Abreu (veja as fotos da festarola, aqui] para Portugal ver.
Esta é a pré-pré-campanha de Marcelo, que disse ter-se decidido avançar a Belém "há pouco tempo" e que iria ter saudades daquela estação. Perde a TVI, claro, mas perde também o Expresso Curto, que tinha um lugarzinho reservado, por defeito, para uma citação do Professor na rubrica das Frases de segunda-feira. Como hoje.
*Nota mental: insolente e arrogante são as primeiras palavras que o Priberam nos dá quando buscamos o significado de atrevido
OUTRAS
NOTÍCIAS
Na Turquia, ainda se fazem as piores das contas: as dos mortos (128) e dos feridos (250), vítimas do ataque terrorista de sábado durante uma manifestação pacífica pró-curda. O José Pedro Tavares, correspondente do Expresso, conta-nos que lá se fala num 11 de setembro turco, que o presidente Erdogan está mudo e calado enquanto se pede a sua demissão em Ancara e em Istambul; eque as suspeitas recaem no suspeito do costume: o auto-denominado Estado Islâmico. A Internet explica: vários sites jiadistas festejaram o suicídio dos dois bombistas, porque com eles morreram "ateus." O Guardian noticia que, apesar do atentando e da ameaça à segurança, as eleições vão mesmo para a frente.
Nesta lógica estúpida da guerra de matar ou ser morto, o Iraque anunciou que alguns dos cabecilhas do Daesh perderam a vida num ataque junto à fronteira daquele país com a Síria. A força aérea iraquiana bombardeou o comboio onde viajava o líder Abu Bakr al-Baghdadi, que seguia a caminho de um encontro com elementos terroristas em Karabla. Al-Baghdadi terá escapado, disseram os hospitais locais à Reuters.
Ainda no lugar que já foi de Saddam Hussein, os iraquianos estão a descobrir um herói em Putin. Escreve o NYT que os xiitas aplaudem o dedo de ferro (veja o vídeo, que entenderá melhor) do presidente russo, que ataca os radicais islâmicos pelo ar, cruzando o espaço aéreo iraquiano com os seus aviões. Chamam-lhe Sheique Putin.
Curtas de desporto:
Portugal
ganhou à Sérvia (2-1), a sétima vitória consecutiva da seleção no apuramento
para o Euro-2016. A Mariana Cabral viu o jogo e escreve
sobre o mais do mesmo com Fernando Santos. Nota artística? Zero. Eficácia?
10. Veja aqui quem já está qualificado para o campeonato
da Europa, e finja não estar surpreendido de lá encontrar a Islândia, o País de
Gales, a Irlanda do Norte, a Áustria ou a Albânia.
Da
redondinha para as quatro rodas. Lewis Hamiltonvenceu o Grande Prémio da Rússia, teve direito a um abraço de Putin
e pôs uma mãozinha no título de campeão do Mundo de Fórmula 1.
Das
quatro para as duas rodas. Miguel Oliveira foi segundo classificado no Japão na categoria Moto 3 do
Mundial de Motociclismo. O português está em terceiro lugar do campeonato e
para o ano subirá à Moto 2.
FRASES
"Na TVI, Marcelo apresenta a sua comissão de apoio. Não me lembro de, na vida política portuguesa e no jornalismo, ter visto uma coisa assim. O estado da comunicação social portuguesa começa a merecer um debate sério" Daniel Oliveira, sobre a emissão "pouco ortodoxa" (palavras de José Alberto Carvalho) da TVI, na sua página no Facebook.
"Era a prenda que eu queria para os meus anos. Foi bem conseguida. No outro dia partilhei-a com as mulheres e hoje gostava de a partilhar com o meu pai e com o meu filho. O meu pai está muito feliz hoje, seguramente". Fernando Santos, o engenheiro do hepta (sete vitórias consecutivas), após a vitória contra a Sérvia
"Disse a Costa: na política 30% são derrotas, 30% são vitórias e o resto são traições. Aguenta-te e vai em frente!"Helena 'cuidado-o-que-os-40%-andam aí' Roseta, em entrevista ao i
"Costa Pinheiro não tem apenas a memória de uma antiga cultura mediterrânica, atlântica e pacífica, com a revelação das suas cruzadas, mas tem, também, a consciência de que tudo o que, fora do seu universo poético, de opressivo se passa no presente: a exploração, a conquista, a repressão." O artista plástico alemão Jürgen Claus sobre Costa Pinheiro, ontemfalecido, no ensaio "António Costa Pinheiro: o Eu poético no espaço das imagens"
O QUE ANDO A LER
Porque estou com o Purity de Jonathan Franzen nos braços, e porque não quero repetir o que o Ricardo Costa e o Martim Silva já escreveram sobre este livro aqui (e, muito menos, arvorar-me no José Mário Silva, que lhe fez a crítica na Revista E), convido-vos a entrar num trabalho do NY Times. Dou-vos quatro palavras-chave: dinheiro, republicanos, democratas, campanha.
Este artigo especifica, tintim por tintim, quem financia os partidos. E, hélas!, são milionários. Há famílias inteiras que vivem no mesmo quarteirão (os Hildebrand, os Nau, os Sarofim, os Flores, os McNair, etc) e doam aos quartos de milhão, ao milhão e aos dois milhões de dólares. São 152 apelidos que, juntos, juntaram 176 milhões de dólares apenas na fase inicial das campanhas - uma espécie de empurrãozinho milionário. [O NYT também descobriu que os realizadores de Hollywood como Spielberg ou J.J. Abrams também dão o seu quinhão]. E há um padrão: o mecenas é branco, homem, já não é novo e é obviamente rico.
Por hoje é tudo. Não se esqueça de ir passando os olhos peloexpresso.pt, às 18h faça uma leitura ao Expresso Diário - a secção de política será a mosca nas salas de reuniões do PS. E amanhã acorde pela fresca com um café servido pela Cristina Peres.
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