O
momento é de profunda tristeza e de condenação. Paris foi atacada por
terroristas que de surpresa causam morticínio entre inocentes cidadãos. Indiscriminadamente.
Ontem foi em Paris, uma vez mais. Noutro dia pode acontecer em qualquer outra
cidade, em qualquer outro país. Ninguém está em segurança. É importante que nos
lembremos disso. É importante que os políticos, os gestores, os que detêm os
poderes que dominam as vidas dos cidadãos económica, financeira e politicamente,
saibam que não têm também eles o direito de os aterrorizar, de lhes fazer a
vida numa miséria devido às suas decisões em conluio com os mercados e com a
austeridade que alimenta as suas ganâncias. Ao virar de qualquer esquina o fim
da vida pode acontecer por via de um atentado terrorista – como se já não
bastasse a morte surpreender-nos quando considera que é chegada a hora. Morte
natural, dizem.
À
morte natural e ao manancial de acidentes que nos levam aliaram-se os atentados
terroristas. Ontem foi Paris. Quase 130 mortes, mais de 300 feridos dos quais
cerca de 100 em estado muito grave. Quantos morrerão desse número dos feridos?
Amanhã e dias seguintes talvez o número de mortes aumente. É o mais certo. Os
responsáveis existem, os principais estão na indústria do armamento a viverem
com fausto e repimpadamente, outros estão na política – principalmente das
grandes potências mundiais. Principalmente nos EUA. Mas também na Europa. Um
pouco por todo o mundo. São essas grandes potencias que recrutam lacaios de
pequenos países para cúmplices das suas guerras. Das guerras que lhes alimentam
as ganâncias e o almejado domínio do mundo. Na era de George W. Bush os
criminosos do chamado mundo ocidental partiram para uma guerra no Iraque. Em
Portugal houve e há um cúmplice: Durão Barroso. A recompensa por essa
cumplicidade está hoje bem visível. Barroso vive faustosamente, apesar de ter
as mãos repletas de sangue. Vive impune. Como Bush, como Blair, como Asnar. Como
tantos outros criminosos que não olham a meios para atingirem os seus fins. Nem
que esses meios sejam abrir a Caixa de Pandora e que daí advenha a morte de
milhares, de milhões de seres humanos.
Abriram
a caixa de Pandora no Iraque e no Afeganistão. Eis o resultado. É a guerra do
mundo. Eis como os responsáveis permanecem impunes e cheios de mordomias ao fim
de tantos anos. Tudo se agrava e afunda na miséria moral, económica, financeira e social, exceto a boa-vida que recompensa esses criminosos. Nos tempos que correm Obama já não está impune. Que dirigentes estão?
O
Expresso publicou um Expresso Curto em edição especial. É a guerra do mundo que
aborda. A desgraça, a tristeza, a reprovação cola Paris ao tema. Pedro Santos
Guerreiro deixa o que se sabe e o que poderá vir a saber-se. Tem os links para
se situar, se quiser adquirir mais conhecimento, ficar mais atualizado. Tema
triste. Muito triste. É a guerra do mundo. Paz aos pereceram e/ou que vão perecer.
A guerra do mundo está por aí. Pode “visitar” qualquer país, qualquer cidade. Qualquer
um de nós poderá ser uma futura vítima mas nem por isso os cidadãos do mundo
exigem que os responsáveis sejam presentes à justiça. Mesmo sabendo que há
tantos responsáveis a passividade dos cidadãos é surpreendente. A manipulação e
intoxicação da comunicação social é a grande ajuda para que os impunes
continuem impunes e para que as guerras recrudesçam em conformidade com as
vontades de interesses de criminosos da alta finança e da política, entre mais
uns quantos. Justiça e paz para quando?
Redação
PG / MM
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Pedro
Santos Guerreiro – Expresso
Edição
Especial - Atentados de Paris. 24 horas de morte e horror
Pouco
passava das 21:30, já tínhamos fechado a edição do semanário, a redação
esvaziava-se, era sexta feira 13. “Há tiros em Paris!”. Tiros?... “Um
tiroteio! Mais de 40 mortos! A CNN diz 60, não é certo”. Quarenta? Sessenta?
Olhámos uns para os outros, teremos todos receado o mesmo, outro Charlie Hebdo. Era
pior. Escrevemos a primeira notícia, a contagem dos cadáveres começava. Na última notícia, são já 129 mortos, 352 feridos,
99 deles em estado muito grave. Duas delas são portuguesas. Soubemos ao fim da
manhã de Manuel Dias. Soubemos de Priscila Correia ao princípio da noite.
É a primeira vez que publicamos um Expresso Curto a um sábado à noite. 24 horas depois daquelas malditas 21:30, estamos entre o como aconteceu e o como pode não voltar a acontecer.
A noite foi uma loucura, pânico, horror, sangue, choro. Também hátiros no Le Bataclan, parisienses refugiados em bares e cafés, começam a ouvir-se os primeiros relatos, um homem em lágrimas que conta que a sua irmã foi morta, no França-Alemanha julgaram que eram petardos, as ruas estão bloqueadas, as fronteiras são encerradas em França, os parisienses barricam-se em casa, não dormem, criam hashtags para dar abrigo, procuram-se pessoas no Facebook, fica-se ligados às notícias, as redes sociais estão a arder, "começaram a decarregar às cegas sobre as pessoas com armas automáticas",
Paris está em estado de guerra.
há votos de solidariedade e confissões de horror (Obama, Cameron,Steinmeier, Merkel, Juncker, Tusk, Putin). Hollande fala ao país (e à Europa), surgem os primeiros rumores, as primeiras notícias, o sábado está acabado quando noticiamos que o Estado Islâmico quis “vingar a Síria”, é domingo de manhã quando Hollande declara “foi um ato de guerra do Estado Islâmico”, uma hora depois oEstado Islâmico reivindica oficialmente a autoria dos atentados em Paris,
França é o berço do jiadismo.
Os jornais franceses acordam de luto, a Direita francesa endurece o discurso, este é o atentado mais mortífero dos últimos 10 anos na Europa. É domingo, o aeroporto de Gatwick, em Londres, é evacuado, um cidadão francês é identificado como possível terrorista.
É hora de compreender o que isto significou (vale mesmo a pena ouvir o Rui Cardoso explicar que França teve o seu 11 de setembro) e o que isto pode significar (o Ricardo Costa explica aqui as consequências militares, políticas e nas leis de segurança interna).
É hora também de ver e contar. "No 11º, o bairro mártir de Paris" (reportagem do Daniel Ribeiro, em Paris). "Hoje não vou ver os U2 em Paris" (explica o Miguel Cadete, que tinha o bilhete na mão). E de um outro jornalista do Expresso (o Nelson Marques), que estava no coração de Paris e tinha ido jantar ao sítio certo porque não tinha ido jantar ao sítio errado. "Não sabes, mas salvaste-me a vida".
São 21:30, sábado. Já nasceu um símbolo, pela paz e por Paris. Nós continuamos aqui.
É a primeira vez que publicamos um Expresso Curto a um sábado à noite. 24 horas depois daquelas malditas 21:30, estamos entre o como aconteceu e o como pode não voltar a acontecer.
A noite foi uma loucura, pânico, horror, sangue, choro. Também hátiros no Le Bataclan, parisienses refugiados em bares e cafés, começam a ouvir-se os primeiros relatos, um homem em lágrimas que conta que a sua irmã foi morta, no França-Alemanha julgaram que eram petardos, as ruas estão bloqueadas, as fronteiras são encerradas em França, os parisienses barricam-se em casa, não dormem, criam hashtags para dar abrigo, procuram-se pessoas no Facebook, fica-se ligados às notícias, as redes sociais estão a arder, "começaram a decarregar às cegas sobre as pessoas com armas automáticas",
Paris está em estado de guerra.
há votos de solidariedade e confissões de horror (Obama, Cameron,Steinmeier, Merkel, Juncker, Tusk, Putin). Hollande fala ao país (e à Europa), surgem os primeiros rumores, as primeiras notícias, o sábado está acabado quando noticiamos que o Estado Islâmico quis “vingar a Síria”, é domingo de manhã quando Hollande declara “foi um ato de guerra do Estado Islâmico”, uma hora depois oEstado Islâmico reivindica oficialmente a autoria dos atentados em Paris,
França é o berço do jiadismo.
Os jornais franceses acordam de luto, a Direita francesa endurece o discurso, este é o atentado mais mortífero dos últimos 10 anos na Europa. É domingo, o aeroporto de Gatwick, em Londres, é evacuado, um cidadão francês é identificado como possível terrorista.
É hora de compreender o que isto significou (vale mesmo a pena ouvir o Rui Cardoso explicar que França teve o seu 11 de setembro) e o que isto pode significar (o Ricardo Costa explica aqui as consequências militares, políticas e nas leis de segurança interna).
É hora também de ver e contar. "No 11º, o bairro mártir de Paris" (reportagem do Daniel Ribeiro, em Paris). "Hoje não vou ver os U2 em Paris" (explica o Miguel Cadete, que tinha o bilhete na mão). E de um outro jornalista do Expresso (o Nelson Marques), que estava no coração de Paris e tinha ido jantar ao sítio certo porque não tinha ido jantar ao sítio errado. "Não sabes, mas salvaste-me a vida".
São 21:30, sábado. Já nasceu um símbolo, pela paz e por Paris. Nós continuamos aqui.
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