Ex-militar
de Abril diz que se está "a assistir a uma reação desesperada de quem vê
fugir o poder"
O
presidente da Associação 25 de Abril sugeriu hoje a consagração constitucional
do referendo para destituir o Presidente da República, depois de acusar Cavaco
Silva de colaborar para assustar os portugueses com "papão do caos".
Numa
declaração enviada à agência Lusa sobre o momento político, Vasco Lourenço
considerou que se está "a assistir a uma reação desesperada de quem vê
fugir o poder", e que nesta ação "participa ativamente" o
Presidente da República.
Cavaco
Silva é acusado por Vasco Lourenço de "se contradiz[er] permanentemente e
(de), ao protelar decisões fundamentais para a normalização do Pais,
contribui[r] para a enorme instabilidade que estão a tentar agudizar,
procurando aterrorizar os portugueses com o papão do caos".
No
texto, o presidente da associação, naquilo que afirmou ser "uma tentativa
de levantamento popular da chamada 'maioria silenciosa'", classificou como
"oportunista e casuística" a proposta de Passos Coelho de revisão da
Constituição da República para abrir a hipótese de dissolução da Assembleia da
República e de convocação de novas eleições.
"Como
qualquer constitucionalista honesto explica liminarmente, tal hipótese é
totalmente impossível e impraticável", acrescentou, salientando que esta
explicação "torna o simples levantamento dessa hipótese numa provocação
desesperada e sem sentido".
Porém,
se tal hipótese se materializasse, o que, no seu entender, seria "um
golpe", Vasco Lourenço fez a sugestão e o desafio de "incluir na
Constituição uma norma que permita a destituição do PR", em referendo,
convocado por um mínimo de 15 mil eleitores, "para imitar o máximo
admitido para uma candidatura a PR".
No
texto, o ex-militar de Abril fez ainda outra sugestão, a de que esta eventual
revisão constitucional seja aproveitada "para recriar a existência da
Câmara Corporativa". Desta forma, argumentou, estar-se-ia "a
legalizar a ação que o atual PR está a praticar, de forma enviesada e não
assumida".
Por
fim, Vasco Lourenço confessou que "como militar de Abril não esperava
assistir a uma tão despudorada atuação como os ainda detentores do poder estão
a ter", considerando que "ainda que seja um autêntico estertor, não
deixa de ser altamente condenável".
Diário
de Notícias
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