Sansão Machava - Mozmassoko
O
futuro de Moçambique continua incerto, isto devido a crise Política e militar
que continua atormentando a nossa pérola do índico.
Nos
últimos dias, tem sido registado frequentemente confrontos entre os homens
armados da Renamo e as forças governamentais, a maioria dos quais terminam com
mortos e feridos graves.
A
crise Política no país já agita a imprensa internacional, a título de exemplo,
a Euronews entrevistou o porta-voz e deputado da Renamo, António Muchanga
para falar sobre a situação que do país.
Confira
abaixo a entrevista completa do Porta-voz da Renamo a Euronews.
Michel
Santos, Euronews: Boa tarde, Dr. António Muchanga. O que está acontecer em
Moçambique? O país não aprendeu com a trágica guerra que fez milhões de mortos
e refugiados?
António
Muchanga, Renamo: O que está acontecer são desentendimentos políticos. A
primeira questão é que o governo tem protelado a integração de elementos da
Renamo nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS). Não está a cumprir
o que está plasmado. Há elementos da Renamo que têm armas e que esperam receber
o estatuto de polícia desde 1992. Até hoje, o governo nunca se mostrou
disponível para integrar estas pessoas. Tivemos problemas em 2013 e 2014,
assinou-se um acordo que preconiza que os elementos da Renamo devem integrar as
FDS, nomeadamente a polícia e o exército, mas o governo quer integrá-los como
quaisquer pessoas. A Renamo, por seu lado, pensa que elementos devem partilhar
a direção, a chefia e o comando das FDS, porque também somos moçambicanos. Este
é o grande desentendimento. E o governo está a atacar os locais de concentração
das pessoas que esperam a sua integração.
Michel
Santos, Euronews: Em relação às eleições, vocês continuam a contestar as
eleições?
António
Muchanga, Renamo: As eleições foram contestadas e nós avançámos com uma
proposta que pensamos que também pode ajudar o país, na descentralização do
poder, alterando a lei e criando condições para que o partido que ganhar
determinados círculos eleitorais governe essa região. Temos esse modelo na
África do Sul. Províncias são governadas pelo ANC e há outras dirigidas pelos
partidos da oposição. Há relutância por parte do governo em aceitar essa
proposta.
Michel
Santos, Euronews: E vocês ganharam as eleições nessas regiões?
António
Muchanga, Renamo: A premissa é essa. Moçambique está dividido em círculos
eleitorais. O nosso partido, o nosso candidato ganhou as eleições em Sofala,
Nampula, Zambézia, Tete, Niassa e Manica.
Michel
Santos, Euronews: Há cerca de um mês o líder da Renamo foi cercado na sua casa
na Beira e mesmo antes terá sido alvo de emboscadas. O que aconteceu de facto?
António
Muchanga, Renamo: O presidente foi alvo de uma emboscada no dia 12 de setembro.
Houve um ataque à sua comitiva. Graças a deus ninguém foi atingido mas houve danos
materiais nas viaturas. No dia 25 de setembro, por volta das onze horas foi
novamente atacado. Houve confrontos com a guarda do presidente e os atacantes
perderam três armas.
Michel
Santos, Euronews: E houve baixas? Mortos ou feridos?
António
Muchanga, Renamo: Houve muitos mortos e feridos.
Michel
Santos, Euronews: Consegue quantificar o número de baixas?
António
Muchanga, Renamo: Não consigo porque não estive no local.
Michel
Santos, Euronews: E depois houve o cerco…
António
Muchanga, Renamo: Fomos buscar o presidente Dhlakama. Chegámos à Beira às 22h.
Por volta das 6h do dia seguinte já estava cercado. Disseram que vinham buscar
as armas que perderam no dia 25. Nomeadamente, uma metralhadora MGG, uma AKM e
uma bazuca. Depois de serem entregues essas armas, disseram que precisavam de
todas as armas, aquelas que os elementos de segurança do presidente estavam a
usar. Achamos que foi uma atitude pouco dignificante e só contribuiu para criar
ruturas. A situação ficou clara, não se pode confiar nessas pessoas, razão pela
qual achamos que para podermos trazer tranquilidade a todos os moçambicanos,
mais do que nunca a comunidade internacional tem que se envolver nas mediações.
A Igreja Católica, sendo uma instituição que demonstrou ter experiência na
ajuda para encontrar a paz em 1992 tem que ser envolvida nas negociações e
partirmos para negociações sérias. O outro lado diz que não é preciso envolver
a estrangeiros, mas nós pensamos que quando as pessoas morrem deixa de ser um
assunto doméstico.
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