Pelo
menos 127 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas na noite desta
sexta-feira em vários ataques coordenados em Paris. A Europa já não vivia uma
situação tão grave desde 2009.
As
primeiras notícias surgiram pelas 22h20 locais (21h20 em Lisboa), dando conta
de várias explosões perto do Estádio de França, onde decorria um jogo de futebol entre
as seleções francesa e alemã, e de um ataque com arma de fogo num restaurante.
Pela
01h30 de hoje (00h30 em Lisboa), o número de mortos ultrapassava já uma
centena, tendo a maioria morrido num ataque à sala de espetáculos Bataclan, onde à hora dos ataques estavam cerca de 1.500
pessoas a assistir a um concerto dos norte-americanos Eagles of Death Metal.
Naquela sala viveu-se uma situação de reféns, que terminou com um assalto
policial.
Oito terroristas morreram, quatro na sala de espetáculos
Bataclan, dos quais três fizeram-se explodir e um foi abatido pela polícia. O
ataque foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico.
Os
ataques registados em Paris foram conduzidos em sete pontos diferentes da
cidade: Estádio de França, na Gare Du Nord, no restaurante Petit Cambodge, no
bar Le Carrilon, no Bataclan Concert Hall, no Belle Equipe Bar, em Les Halle.
O
presidente francês, que na altura dos primeiros relatos estava no Estádio de
França, anunciou pelas 00h00 locais (23h00 em Lisboa) que decretou o estado de emergência no país e o controlo das fronteiras na sequência de "ataques
terroristas sem precedentes".
O
Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas diz que, até ao momento, não
há emigrantes ou turistas portugueses entre as 127 vítimas mortais confirmadas
oficialmente. Algumas fontes citadas pela imprensa francesa estimam que possa
haver mais de 150 mortos.
Os
parisienses estão a oferecer, através das redes sociais, as suas casas para acolher quem estiver nas zonas dos atentados e o
Facebook ativou uma funcionalidade especial, o Centro de Segurança, que
permite aos utilizadores dizer a família e amigos que estão bem.
Solidariedade
mundial
Os
ataques já foram condenados por vários países, entre eles os Estados Unidos da
América, Alemanha, Portugal, Canadá, índia, Itália, China Indonésia,
Filipinas, Espanha, Reino Unido, Venesuela, Vaticano, Malásia, Tailândia,
Japão, Coreia do Sul, Austrália, Peru, Rússia, Egito, Afeganistão, Arábia
Saudita, Coreia do Sul, Brasil e Israel.
Cavaco Silva, enviou na sexta-feira à noite um telegrama de
Estado ao Presidente francês, François Hollande, expressando a sua "grande
consternação" face ao que classificou de "hediondos ataques
terroristas" em Paris.
Em
Portugal, já vários políticos demonstraram consternação com os ataques em
Paris, entre estes, os candidato presidenciais Sampaio da Nóvoa e Marcelo
Rebelo de Sousa, o secretário-geral do PS, António Costa e os partidos LIVRE e
Bloco de Esquerda.
O
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, expressou as condolências e
solidariedade ao presidente francês François Hollande e o repúdio de Portugal
"de toda a forma de terrorismo" face aos atentados desta noite.
Os
presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, da Comissão Europeia, Jean-Claude
Junker, e do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmaram estar profundamente
horrorizados com os ataques. Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude
Junker, afirmou estar "profundamente chocado" com os ataques, que o
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, considerou "desprezíveis".
O
secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou os atentados terroristas
em Paris e sublinhou que a Aliança está "fortemente unida na luta contra o
terrorismo", o qual, garantiu, "nunca derrotará a democracia".
Notícias
ao Minuto com Lusa
Um
português entre as vítimas mortais dos atentados em Paris
Um
português, que se encontrava perto do Estádio de França, morreu nos atentados
terroristas de sexta-feira em Paris, disse hoje fonte oficial do ministério dos
Negócios Estrangeiros português.
A
mesma fonte acrescentou que, de momento, esta é a única informação disponível e
facultada pelas autoridades locais parisienses.
Em
entrevista via telefone à TVI, José Cesário, Secretário de Estado das
comunidades Portuguesas, confirma a morte do cidadão português, entre as mais
de 120 vítimas da noite de ontem.
“Confirmo,
infelizmente, o falecimento deste cidadão nacional. Era um cidadão que residia
em frança há alguns anos e tinha um trabalho ligado ao transporte de pessoas.
Ontem fez um transporte para a zona do Stade de France [um dos locais dos
atentados], onde veio a falecer”, explicou.
As
autoridades portuguesas vão continuar a acompanhar a situação e em contacto com
os responsáveis franceses, disse.
Notícias
ao Minuto
A
porteira portuguesa que acolheu e socorreu sobreviventes em fuga
Margarida
de Santos Sousa, porteira num prédio mesmo ao lado do Bataclan, a sala de
concertos onde morreram mais de 80 pessoas ontem à noite, recebeu em casa cerca
de 15 sobreviventes e socorreu cinco feridos, um em estado grave.
"Aqui,
nas escadas e num apartamento do quarto andar [acolhemos] à volta de 60
pessoas. Aleijadas e com balas tínhamos cinco pessoas, uma em estado muito
grave, que foi a menina que estava com duas balas aqui", contou a porteira
à agência Lusa.
De
lágrimas nos olhos, Margarida não fala de ato heroico, apesar de talvez ter
salvado a vida da rapariga, que tinha duas balas nas costas, quando pediu a uma
médica do prédio para a vir socorrer.
"Aquilo
que desejo do fundo do coração é que ela consiga sobreviver porque me deixou
muita pena quando ela foi embora, antes dos bombeiros a levarem, ela teve ainda
o dom de me agradecer e pediu-me para eu lhe dar um beijinho. Não estou à
espera de ser considerada heroica, mas estou satisfeita com aquilo que fiz
porque fi-lo de todo o meu coração, e só espero que todos aqueles que estavam
aqui aleijados, com balas, consigam sobreviver", contou.
Há
35 anos a viver em Paris, Margarida já tinha assistido em janeiro a toda a
agitação em torno do ataque à sede do Charlie Hebdo, que se encontra também
muito perto de sua casa e agora teme que se esteja perante o início de uma
guerra.
"Ouvir
e ver certas coisas que se passam lá fora é uma coisa, mas quando a gente as
tem diante dos nossos olhos, a ver tudo o que se está a passar, sangue por
todos os lados, é uma coisa muito, muito desagradável. A questão que a gente se
põe é: 'Será uma guerra que vai vir?' Penso que sim. A polícia ontem deu-me a
entender que podia ser o princípio de uma guerra", continuou.
A
porteira de Ermesinde não hesitou em abrir as portas de casa e do prédio às
pessoas. Uma das questões que se colocou foi se haveria criminosos infiltrados
entre elas, mas "quando se vê as pessoas encharcadas de sangue, não se tem
tempo de saber se há alguém de maldade", disse.
"As
pessoas todas estavam em pânico, pediram para fechar as portas à chave, para
fechar as cortinas, as luzes, para fechar tudo porque eles tinham tanto medo.
Tive uma jovem que se enfiou debaixo da minha mesa para se esconder e que
berrava 'Feche as portas, feche as janelas, feche tudo'. Só temos que reagir
para a frente. Claro, [foi] um pânico total quando vi muito sangue, a menina
deitada aqui no meu sofá, encharcada de sangue, a gente fica um bocado
paralisada sem saber o que fazer e o que dizer", descreveu.
Ao
princípio, quando ouviu tanto barulho no exterior pensou "Mas o que é
isto?", e foi então que as pessoas lhe pediram socorro.
"Foi
quando começou a chegar muita gente, todos com muito sangue por eles abaixo,
uns com balas nos braços, uma senhora com uma bala no peito e outra com duas
balas nas costas que recolhi aqui na minha casa até virem os bombeiros para a
assistir", descreveu.
A
noite de Margarida só terminou por volta das cinco da manhã e esta manhã a
agitação recomeçou com os telefones a tocarem, a família e amigos preocupados,
e alguns jornalistas a baterem à porta para entrevistarem a portuguesa que
esteve "na primeira linha" dos socorros de ontem à noite.
Pelo
menos 127 pessoas morreram e 180 ficaram feridas, 80 dos quais em estado
crítico, em diversos atentados em Paris, na sexta-feira à noite, segundo fontes
policiais francesas.
Oito
terroristas, sete deles suicidas, que usaram cintos com explosivos para levar a
cabo os atentados, morreram, segundo as mesmas fontes.
Os
ataques ocorreram em pelo menos seis locais diferentes da cidade, entre eles
uma sala de espetáculos e o estádio nacional, onde decorria um jogo de futebol
entre as seleções de França e da Alemanha.
A
França decretou o estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras
na sequência daquilo que o Presidente François Hollande classificou como
"ataques terroristas sem precedentes no país".
Lusa
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