sábado, 14 de novembro de 2015

NOITE DE TERROR EM PARIS. UM PORTUGUÊS ENTRE AS 127 VÍTIMAS MORTAIS




Pelo menos 127 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas na noite desta sexta-feira em vários ataques coordenados em Paris. A Europa já não vivia uma situação tão grave desde 2009.

As primeiras notícias surgiram pelas 22h20 locais (21h20 em Lisboa), dando conta de várias explosões perto do Estádio de França, onde decorria um jogo de futebol entre as seleções francesa e alemã, e de um ataque com arma de fogo num restaurante.

Pela 01h30 de hoje (00h30 em Lisboa), o número de mortos ultrapassava já uma centena, tendo a maioria morrido num ataque à sala de espetáculos Bataclan, onde à hora dos ataques estavam cerca de 1.500 pessoas a assistir a um concerto dos norte-americanos Eagles of Death Metal. Naquela sala viveu-se uma situação de reféns, que terminou com um assalto policial.

Oito terroristas morreram, quatro na sala de espetáculos Bataclan, dos quais três fizeram-se explodir e um foi abatido pela polícia. O ataque foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico.

Os ataques registados em Paris foram conduzidos em sete pontos diferentes da cidade: Estádio de França, na Gare Du Nord, no restaurante Petit Cambodge, no bar Le Carrilon, no Bataclan Concert Hall, no Belle Equipe Bar, em Les Halle.

O presidente francês, que na altura dos primeiros relatos estava no Estádio de França, anunciou pelas 00h00 locais (23h00 em Lisboa) que decretou o estado de emergência no país e o controlo das fronteiras na sequência de "ataques terroristas sem precedentes".

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas diz que, até ao momento, não há emigrantes ou turistas portugueses entre as 127 vítimas mortais confirmadas oficialmente. Algumas fontes citadas pela imprensa francesa estimam que possa haver mais de 150 mortos.

Os parisienses estão a oferecer, através das redes sociais, as suas casas para acolher quem estiver nas zonas dos atentados e o Facebook ativou uma funcionalidade especial, o Centro de Segurança, que permite aos utilizadores dizer a família e amigos que estão bem.

Solidariedade mundial

Os ataques já foram condenados por vários países, entre eles os Estados Unidos da América, Alemanha, Portugal, Canadá, índia, Itália, China Indonésia, Filipinas, Espanha, Reino Unido, Venesuela, Vaticano, Malásia, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Peru, Rússia, Egito, Afeganistão, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Brasil e Israel.

Cavaco Silva, enviou na sexta-feira à noite um telegrama de Estado ao Presidente francês, François Hollande, expressando a sua "grande consternação" face ao que classificou de "hediondos ataques terroristas" em Paris.

Em Portugal, já vários políticos demonstraram consternação com os ataques em Paris, entre estes, os candidato presidenciais Sampaio da Nóvoa e Marcelo Rebelo de Sousa, o secretário-geral do PS, António Costa e os partidos LIVRE e Bloco de Esquerda.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, expressou as condolências e solidariedade ao presidente francês François Hollande e o repúdio de Portugal "de toda a forma de terrorismo" face aos atentados desta noite.

Os presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, e do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmaram estar profundamente horrorizados com os ataques. Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, afirmou estar "profundamente chocado" com os ataques, que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, considerou "desprezíveis".

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou os atentados terroristas em Paris e sublinhou que a Aliança está "fortemente unida na luta contra o terrorismo", o qual, garantiu, "nunca derrotará a democracia".

Notícias ao Minuto com Lusa

Um português entre as vítimas mortais dos atentados em Paris

Um português, que se encontrava perto do Estádio de França, morreu nos atentados terroristas de sexta-feira em Paris, disse hoje fonte oficial do ministério dos Negócios Estrangeiros português.

A mesma fonte acrescentou que, de momento, esta é a única informação disponível e facultada pelas autoridades locais parisienses.

Em entrevista via telefone à TVI, José Cesário, Secretário de Estado das comunidades Portuguesas, confirma a morte do cidadão português, entre as mais de 120 vítimas da noite de ontem.

“Confirmo, infelizmente, o falecimento deste cidadão nacional. Era um cidadão que residia em frança há alguns anos e tinha um trabalho ligado ao transporte de pessoas. Ontem fez um transporte para a zona do Stade de France [um dos locais dos atentados], onde veio a falecer”, explicou.

As autoridades portuguesas vão continuar a acompanhar a situação e em contacto com os responsáveis franceses, disse.

Notícias ao Minuto

A porteira portuguesa que acolheu e socorreu sobreviventes em fuga

Margarida de Santos Sousa, porteira num prédio mesmo ao lado do Bataclan, a sala de concertos onde morreram mais de 80 pessoas ontem à noite, recebeu em casa cerca de 15 sobreviventes e socorreu cinco feridos, um em estado grave.

"Aqui, nas escadas e num apartamento do quarto andar [acolhemos] à volta de 60 pessoas. Aleijadas e com balas tínhamos cinco pessoas, uma em estado muito grave, que foi a menina que estava com duas balas aqui", contou a porteira à agência Lusa.

De lágrimas nos olhos, Margarida não fala de ato heroico, apesar de talvez ter salvado a vida da rapariga, que tinha duas balas nas costas, quando pediu a uma médica do prédio para a vir socorrer.

"Aquilo que desejo do fundo do coração é que ela consiga sobreviver porque me deixou muita pena quando ela foi embora, antes dos bombeiros a levarem, ela teve ainda o dom de me agradecer e pediu-me para eu lhe dar um beijinho. Não estou à espera de ser considerada heroica, mas estou satisfeita com aquilo que fiz porque fi-lo de todo o meu coração, e só espero que todos aqueles que estavam aqui aleijados, com balas, consigam sobreviver", contou.

Há 35 anos a viver em Paris, Margarida já tinha assistido em janeiro a toda a agitação em torno do ataque à sede do Charlie Hebdo, que se encontra também muito perto de sua casa e agora teme que se esteja perante o início de uma guerra.

"Ouvir e ver certas coisas que se passam lá fora é uma coisa, mas quando a gente as tem diante dos nossos olhos, a ver tudo o que se está a passar, sangue por todos os lados, é uma coisa muito, muito desagradável. A questão que a gente se põe é: 'Será uma guerra que vai vir?' Penso que sim. A polícia ontem deu-me a entender que podia ser o princípio de uma guerra", continuou.

A porteira de Ermesinde não hesitou em abrir as portas de casa e do prédio às pessoas. Uma das questões que se colocou foi se haveria criminosos infiltrados entre elas, mas "quando se vê as pessoas encharcadas de sangue, não se tem tempo de saber se há alguém de maldade", disse.

"As pessoas todas estavam em pânico, pediram para fechar as portas à chave, para fechar as cortinas, as luzes, para fechar tudo porque eles tinham tanto medo. Tive uma jovem que se enfiou debaixo da minha mesa para se esconder e que berrava 'Feche as portas, feche as janelas, feche tudo'. Só temos que reagir para a frente. Claro, [foi] um pânico total quando vi muito sangue, a menina deitada aqui no meu sofá, encharcada de sangue, a gente fica um bocado paralisada sem saber o que fazer e o que dizer", descreveu.

Ao princípio, quando ouviu tanto barulho no exterior pensou "Mas o que é isto?", e foi então que as pessoas lhe pediram socorro.

"Foi quando começou a chegar muita gente, todos com muito sangue por eles abaixo, uns com balas nos braços, uma senhora com uma bala no peito e outra com duas balas nas costas que recolhi aqui na minha casa até virem os bombeiros para a assistir", descreveu.

A noite de Margarida só terminou por volta das cinco da manhã e esta manhã a agitação recomeçou com os telefones a tocarem, a família e amigos preocupados, e alguns jornalistas a baterem à porta para entrevistarem a portuguesa que esteve "na primeira linha" dos socorros de ontem à noite.

Pelo menos 127 pessoas morreram e 180 ficaram feridas, 80 dos quais em estado crítico, em diversos atentados em Paris, na sexta-feira à noite, segundo fontes policiais francesas.
Oito terroristas, sete deles suicidas, que usaram cintos com explosivos para levar a cabo os atentados, morreram, segundo as mesmas fontes.

Os ataques ocorreram em pelo menos seis locais diferentes da cidade, entre eles uma sala de espetáculos e o estádio nacional, onde decorria um jogo de futebol entre as seleções de França e da Alemanha.

A França decretou o estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras na sequência daquilo que o Presidente François Hollande classificou como "ataques terroristas sem precedentes no país".

Lusa em Notícias ao Minuto

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