Numa
altura em que o exército sírio, preparando-se para os bombardeamentos da
aviação russa sobre grupos terroristas – lançados em 30 de setembro –, persegue
com maior eficiência esses grupos em várias partes do país, e particularmente
onde eles pareciam intocáveis, como na região de Aleppo, por exemplo, o jornal
norte-americano USA Today voltou a abordar o plano de financiamento e de
armamento da oposição dita moderada para lutar contra o Daech implementado pelo
Pentágono. A notícia é do portal Afrique-Asie.
Referindo-se
a dados obtidos junto de funcionários do Pentágono, o jornal diz que os EUA
gastaram 384 milhões de solares neste apoio militar a grupos armados
«moderados» – isto é, segundo o jornal, dois milhões dólares por pessoa. Mas
este dinheiro, em última análise, serviu para o EI. Os EUA tentam encobrir esta
parte, evocando sempre o «Exército Sírio Livre», que existe apenas na
imaginação dos media ocidentais.
Anne
Patterson, secretária de Estado adjunta para o Médio Oriente dos Estados
Unidos, acaba de reconhecer, ela mesma, perante o Congresso, que elementos
desses grupos ditos moderados, treinados e armados pelo seu país, entraram para
a Frente Al-Nosra, filiada na Al Qaeda. Explicou que foram «forçados a aliar-se
com a Al-Nosra, porque não tinham para onde ir». Isto foi, sublinhe-se,
reconhecido por uma dirigente americana que está totalmente ao corrente da
situação no terreno, e que sabe que o Exército Sírio Livre é uma ficção. O
Pentágono gastou cerca de 500 milhões de dólares para treinar e equipar, no
exterior, «combatentes», a fim de os enviar para a Síria, supostamente para
lutar contra o EI – mas estes acabaram por se juntar ao EI. O USA Today lembra
que o Pentágono já concedeu, em 2015, um montante de 501 milhões de dólares
para financiar os seus esforços para treinar e equipar 3 mil homens dos grupos
ditos moderados que estavam a constituir as chamadas «novas forças sírias».
Este
programa deveria ser intensificado para treinar 5 mil combatentes a cada ano,
destinados a lutar contra o EI. O jornal observa que duas em cada quatro bases
de treino estabelecidas pelo Pentágono para este seu programa não receberam um
único elemento sírio. Esta operação só pode ser descrita, posta assim, como um
fiasco, escreve o Afrique-Asie, a menos que se pense que o objetivo do
programa norte-americano era fortalecer o EI.
Seja
como for, este programa foi interrompido. Os EUA mudaram, obviamente, a sua
abordagem, ao abandonar o programa de treino e tomar a decisão de enviar
equipas de resposta rápida para a Síria, para treinar localmente os membros de
grupos armados que se dizem moderados.
Um
opositor sírio do interior, Hassan Abdel Azim, líder do Comité Nacional de
Coordenação, disse à agência russa Sputnik que «alguns grupos armados ditos
moderados estão dispostos a estabelecer e a respeitar um cessar-fogo, se a
decisão for tomada como parte da resolução do conflito». A mesma fonte indica
que «os grupos da oposição estão otimistas quanto às operações aéreas russas na
Síria e adaptam mesmo as suas ações aos avanços da força aérea russa contra o
EI». Estes factos correspondem a alterações significativas no teatro de
operações na Síria, e tornam ainda mais claro o fracasso dos Estados Unidos na
sua manipulação do EI.
Sem comentários:
Enviar um comentário