Mário Motta, Lisboa
O
dito popular diz muito, por isso foi emprestado ao título. Significa que por
mais que o candidato professor Marcelo Rebelo de Sousa pretenda esconder as
suas tendências e raízes o certo-certinho é que ele é produto do salazarismo,
tanto ou mais que Cavaco Silva. Daí ser um candidato da direita. Daí as análises
e declarações sobre o figurão e a sua candidatura incidirem como incidem e que
convidamos a lerem.
Marcelo
teve a vantagem de fazer campanha ao longo de anos na televisão e ainda lhe
pagarem a preço elevado. Não esperem que Marcelo seja na Presidência o Marcelo
das televisões. Ali, ele, bom leitor de “O Principezinho” de Antoine
de Saint-Exupéry, apreendeu a técnica imbuída da palavra “cativar”. Foi
assim que Marcelo “cativou” os portugueses. Não todos, mas bastantes. Bastantes
portugueses que, como com Cavaco, vão acabar por mergulhar numa enorme desilusão
quando constatarem quem na realidade é Marcelo Rebelo de Sousa, se eleito PR. Será então que
tardiamente perceberão que só muito raramente ou nunca os saídos das entranhas
do salazarismo abraçam com sinceridade a democracia que permita, no cargo de
PR, ser presidente de todos os portugueses e não de uma seita composta por alguns
portugueses que tramam a vida de milhões. Portugal corre o risco de bisar com Marcelo um Cavaco Silva, versão 2, muito
mais perigoso, por ser muito mais hipócrita e manhoso. Bom comunicador, culto e
inteligente – qualidades muito deficitárias em Cavaco Silva.
Parece
que Marcelo tem diferença de Cavaco no facto de não ter sido colaborador da polícia
salazarista, a PIDE. Mas que foi parido numa família salazarista… Disso não
restam dúvidas. Disso nunca recuperou nem recuperará. Realidade que é sempre de temer.
Recorrendo
ao Notícias ao Minuto, sobre as presidenciais e sobre Marcelo, será novidade o
que ali consta relativamente às habituais primeiras-damas. Eis uma agradável novidade: Mudam-se
os tempos, muda-se a tradição. Não haverá primeira-dama
Alonga-se
a notícia especificando que seja “Marcelo Rebelo de Sousa a vencer o sufrágio
agendado para o próximo dia 24 de janeiro, seja Sampaio da Nóvoa, a verdade é
que não haverá uma primeira-dama em Belém. Deste facto dá-nos conta, esta segunda-feira,
o jornal i que recorda declarações dos dois candidatos.”
Que
bom. Assim, a presidência poderá poupar o correspondente às despesas da dita
primeira-dama. Verdade que já houve primeiras-damas que mereceram as verbas que
lhes foram destinadas para as suas iniciativas naquela qualidade – caso de
Manuela Eanes ou de Maria Barroso, sem dúvida – mas em outros casos mais valia
ter mandado a dita primeira-dama ir para casa cozer meias. Pitoresco foi, por
exemplo, Cavaco ter condecorado neste último 10 de Junho, Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades (não dia da raça como Cavaco considera) o costureiro ou
alfaiate da sua consorte, a dita primeira-dama. E então? Não? Cavaco faz sempre
lembrar José Saramago e aquilo que disse sobre o dito e nefasto político de Poço de Boliqueime: Que é um “génio
da banalidade”. E então? Não?
Sobre
Marcelo, plasmamos a seguir o que alguns da
nossa praça dizem. Que se leia. Depois não digam que não foram avisados. Depois
não se queixem sobre a desilusão, e tal, e coisa… (MM / PG)
"Em
crise, Marcelo, o ilusionista, não será muito diferente de Cavaco"
As
eleições presidenciais e os respetivos candidatos são o tema do artigo de
opinião, desta segunda-feira, de António Correia de Campos.
O
ex-ministro da Saúde do governo de António Guterres traça, num artigo de
opinião publicado hoje no jornal Público, aquele que é e será o caminho dos
candidatos presidenciais.
Assim,
Correia de Campos começa por lançar farpas a Cavaco Silva que, em “mais uma
imprevisão do Presidente”, fez com que as “eleições presidenciais fossem
relegadas para um indevido plano devido à proximidade de calendários”.
Feita
a introdução ao tema, o professor catedrático já reformado debruçou-se sobre a
candidatura de Sampaio da Nóvoa, da qual é apoiante.
“O
PS dividiu-se entre os que vislumbraram em Nóvoa laivos de intervenção
antipartidos e, por isso, sem outro argumento, o rejeitaram; e os que se foram
aproximando, conhecendo o candidato há mais tempo e apreciando a sua vida
cívica e académica”, começou por escrever.
Nesta
senda, Correia de Campos ‘virou-se’ para Maria de Belém que, “com audácia, mas
sem muitos mais atributos”, se lançou na corrida à Presidência, lembrando que o
“modo e o lançamento” da sua candidatura “não caíram bem a muitos, mas atraíram
poucos”.
Quanto
à ‘guerra’ entre os dois candidatos não-oficiais do Partido Socialista, Correia
de Campos diz que “se Nóvoa agregar votos afetos ao PCP e ao Bloco, pode vencer
Belém”.
“Já
Belém dificilmente compete na Direita com Marcelo. Mesmo desconfiada de
Marcelo, a Direita é pragmática e segurá-lo-á", sublinhou, acrescentando
que “por saber limitado esse crescimento, não surpreende que Maria de Belém se
proclame de Centro-Esquerda, ataque Marcelo mesmo em termos pessoais, jure
cooperação a Costa e até esquerdize aqui e ali o seu discurso”.
Quanto
ao papel do Partido Socialista em toda esta situação “não será visível qualquer
movimento”.
“Acobertado
pela trincheira do respeito pelos dois candidatos que tão bem quadra aos dois
PS, o da Esquerda e o do Centro, encontrou o álibi perfeito. Até à primeira
volta nem o periscópio levantará”, assegurou.
E
assim, chegado ao candidato Marcelo, Correia de Campos escreve que este “frui a
vinha que semeou desde há mais de vinte anos: notoriedade imensa, simpatia
semanalmente renovada, penetração em todos os meios, sortidas ao PCP e Bloco,
borlas ao PS”.
Ainda
assim, o ex-governante lembra: “Marcelo será sempre o esteio da Direita,
desengane-se a Esquerda”.
Já
quanto ao PSD e CDS “não terão alternativa senão apoiar Marcelo” que, “perante
uma crise não será muito diferente de Cavaco”.
“Apenas
mais habilidoso. Um verdadeiro ilusionista. Pode é deixar-se encadear com as
luzes da pista”, rematou.
Notícias
ao Minuto
"Eu
conheço o Marcelo. Não tenho dúvidas de que não é de confiança"
O
capitão de Abril Vasco Lourenço não poupa críticas a Marcelo Rebelo de Sousa.
A
pouco mais de um mês das eleições presidenciais, as sondagens apontam para uma
vitória de Marcelo Rebelo de Sousa logo na primeira volta do sufrágio.
Com
o candidato da Direita a fazer uma campanha eleitoral muito discreta, os seus
adversários da Esquerda decidiram passar ao ataque e muitas têm sido as
críticas que têm sido dirigidas ao professor.
As
apreciações mais reprovadoras chegaram da parte do capitão de Abril Vasco
Lourenço. Em entrevista ao jornal i, o apoiante de Sampaio da Nóvoa começou por
dizer que a ausência de Marcelo Rebelo de Sousa da campanha eleitoral se deve
ao facto de o professor saber que “é conhecido em todo o país e [por isso] não
precisa de fazer campanha”.
“Apresenta-se
como menina virgem, como se entrasse agora na política”, acusou.
Indo
mais longe nas críticas, o capitão de Abril garantiu que “há muitos episódios
que mostram que Marcelo é um indivíduo em quem não se pode ter o mínimo de
confiança”.
“Eu
conheço o Marcelo há muito tempo e não tenho dúvidas nenhumas de que ele não é
um homem de confiança”, rematou em declarações ao jornal i.
Mas
as críticas não chegam apenas da parte de Vasco Lourenço. Sampaio da Nóvoa, o
seu candidato, já disse que o professor “pode perturbar e muito o ciclo
político que agora se abriu”.
Já
Maria de Belém acusou Marcelo de “gostar muito de criar factos” e de ser
instável. “A função presidencial precisa de uma pessoa com grande
estabilidade”, lembrou em entrevista à SIC.
Para
a candidata do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, o professor da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa está a “tentar fazer das eleições um passeio
ou a tentar evitar todas as questões que são verdadeiramente relevantes”.
Por
fim, Edgar Silva, do PCP, acusou Marcelo Rebelo de Sousa de “andar de braço
dado com os grandes banqueiros, os grandes nomes da finança e a grande
fidalguia deste país”.
Notícias
ao Minuto
"Marcelo
Rebelo de Sousa insere-se nos projetos de PSD e CDS"
O
líder comunista teceu duras críticas sobre a posição de Marcelo enquanto
candidato a Belém.
Ao
comentar o atual quadro político das eleições presidenciais, Jerónimo de Sousa
referiu-se a Marcelo Rebelo de Sousa, apontado pelas sondagens como o provável
sucessor de Cavaco Silva, como não sendo um candidato independente, mas sim
alguém com um “percurso ao serviço do PSD”.
“A
candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa insere-se nos projetos que PSD e CDS têm
para, a partir daquela ordem de soberania, procurar recuperar o que perderam a
4 de outubro [eleições legislativas]. Ao contrário do que se afirma, Marcelo
Rebelo de Sousa não é um candidato independente, mas sim alguém que tem um
continuado percurso ao serviço do PSD”, esclareceu o líder comunista.
Por
outro lado, à saída do Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa relembrou que a
candidatura de Edgar Silva “não só assume como objetivo principal a derrota do
candidato de PSD/CDS, como faz a opção pela valorização do trabalho e
trabalhadores”, explica.
Mais
ainda, o candidato apoiado pelo PCP “adota a necessidade de defesa da soberania
nacional, contra a subordinação ao estrangeiro e de rendição aos mercados
financeiros e ao diretório de potências da União Europeia”, relembra.
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